Ex-secretário da Casa Civil do MA diz que corretor deixou mala em seu gabinete
A prisão do doleiro em um hotel de luxo da capital maranhense é o ponto de partida da Operação Lava Jato. Em um de seus depoimentos, Youssef disse ter pago R$ 3 milhões de propina ao então chefe da Casa Civil do governo Roseana Sarney (PMDB) momentos antes de ser preso pela Polícia Federal. Em troca, o governo se comprometeria em pagar um precatório de R$ 134 milhões à empreiteira.
O elo entre as partes seria Ziegert, o Marcão, que acompanhou Youssef na viagem ao Maranhão. Em seu depoimento o ex-secretário disse que estava com Marcão em seu gabinete para tratar de "investimentos" da Constran no Estado. Ambos aguardavam a chegada de Youssef, que não atendia os telefonemas.
Marcão chegou a desconfiar que o doleiro tivera "problemas de saúde" e continuou tentando os telefonemas até que ambos viram em um portal da internet a notícia sobre a prisão de Youssef. Segundo o depoimento, Marcão, que também teve a prisão decretada, carregava "uma pequena mochila com rodas" onde "havia vários documentos fornecidos por Youssef".
Quando soube da prisão do doleiro, o corretor "deixa a mala na Casa Civil e diz que vai procurar Alberto e retornará, mas não voltou". Antes de sair, Marcão ainda disse ao secretário que havia deixado uma caixa de vinhos de presente na recepção do hotel onde Youssef foi preso.
João Abreu diz que tentou recusar, mas o corretor insistiu, dizendo que não levaria as garrafas de volta para São Paulo. Abreu então deu o nome do motorista que recolheria o presente no hotel. Quanto à mochila com rodinhas, o ex-secretário disse que "não sabe qual o destino da mala, tendo em vista que após cerca de dez dias se afastou do cargo, por razões eleitorais". João Abreu foi candidato a primeiro suplente de senador nas eleições de 2014.