Egito enforca seis condenados após controverso julgamento militar
Militantes são condenados e executados por planejar operações terroristas e por ligações com grupo jihadista. No entanto, três deles foram presos antes que os crimes, pelos quais foram acusados, fossem cometidos.
O Egito enforcou seis homens por supostas ligações com o grupo militante baseado na Península do Sinai, anteriormente conhecido como Ansar Beit al-Maqdis e que jurou lealdade ao "Estado Islâmico" (EI) em 2014, informou neste domingo (17/05) a agência estatal de notícias Al-Ahram.
Os homens foram considerados culpados por planejar operações terroristas, que tinham como alvo as forças de segurança, e por serem membros de uma organização classificada como terrorista no Egito. O tribunal militar disse que eles estiveram envolvidos num ataque contra um posto militar de controle que matou seis soldados egípcios e em outro que atingiu o Departamento de Segurança do Cairo, em 2014.
A polícia egípcia prendeu os homens durante uma operação contra uma suposta célula terrorista, em março de 2014. Dois policiais e seis extremistas morreram no tiroteio, enquanto oito militantes foram detidos na operação.
No entanto, a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou ter obtido cópias de telegramas enviados ao Ministério Público em dezembro de 2013 por familiares de dois dos homens condenados, exigindo saber sobre os seus paradeiros.
"Três dos homens que agora enfrentam a execução não poderiam ter participado de nenhum ataque pelos quais foram condenados à morte, porque haviam sido presos meses antes e seguiam detidos na época, garantiram os parentes e o advogado Ahmed Helmy", disse o HRW em comunicado divulgado em abril. Helmy afirmou que três dos homens haviam sido presos em novembro de 2013.
"As cortes do Egito têm rotineiramente renunciado a processos dentro dos parâmetros legais, mas se estas execuções seguirem em frente representará um notório e novo baixo patamar no sistema judicial. Civis nunca devem enfrentar julgamento em tribunais militares ou execuções", disse em comunicado a diretora do HRW para assuntos na África Central e do Norte, Sarah Leah Whitson.
A corte militar também proferiu uma sentença de morte in absentia (em ausência), enquanto outros dois homens foram condenados à prisão perpétua.
O enforcamento ocorreu no dia seguinte ao veredicto que condenou à morte o ex-presidente do Egito Mohamed Morsi. A maior repressão do Egito contra islamistas ocorreu em consequência à queda de Morsi, em junho de 2013, após um golpe militar liderado pelo ex-chefe da Defesa e atual presidente do país, Abdel Fattah al-Sisi.
O grupo militante anteriormente conhecido por Ansar Beit al-Maqdis tem supostamente realizado numerosos ataques terroristas contra forças de seguranças no Sinai, localizado no nordeste do Egito. No entanto, pouco se sabe sobre o conflito na Península do Sinai exceção feita a declarações não corroboradas por autoridades egípcias de defesa, devido ao acesso limitado à área.
PV/afp/dpa/ap/rtr