Na crise, agências de viagens apostam em minicruzeiros e resorts
Ao ver a demanda esfriar, as agências correram para renegociar preços com fornecedores e tentar oferecer opções mais atraentes para os clientes. Empresas como CVC, TAM Viagens e Hotel Urbano disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que conseguiram bons descontos com as companhias aéreas, hotéis e navios de cruzeiro, aproveitando um interesse das empresas em aumentar suas taxas de ocupação em meio ao cenário de crise.
"Mas mesmo com os descontos, o cliente tem receio do que vai gastar durante a viagem, especialmente em dólar. Isso tornou os pacotes 'all inclusive' mais atrativos", disse o gerente de produtos internacionais da TAM Viagens, Arthur Sorelli.
Hoje os pacotes com refeição e lazer incluídos, como cruzeiros e resorts, representam 25% das vendas da agência, número que a empresa estima que será maior em 2015. A TAM Viagens disse que as vendas de opções "all inclusive" para destinos internacionais aumentaram 45% no primeiro semestre, mais do que a expansão de 8% nas vendas da empresa "Os cruzeiros no exterior são até 20% mais baratos que uma opção similar com hospedagem terrestre e não têm risco cambial", disse.
A CVC também sentiu um interesse maior do cliente pelos pacotes "all inclusive". "Uma cerveja no exterior que custa US$ 10, já virou mais de R$ 40. Ninguém quer se estressar com isso nas férias. O cliente quer deixar tudo pago e curtir a viagem", disse o vice-presidente de vendas, produtos e marketing, Valter Patriani.
Para ajustar sua oferta ao novo padrão de consumo, a CVC criou opções com viagens mais curtas e mais baratas. "O brasileiro pegou gosto pelas férias e não vai abrir mão de viajar. O que temos que fazer é colocar as férias no bolso dele", disse o vice-presidente de vendas, produtos e marketing, Valter Patriani. No primeiro semestre, a CVC reduziu em 7% o valor do seu ticket médio, mas o volume de reservas aumentou 14%.
Cruzeiros
Uma novidade dessa temporada são os mini cruzeiros, viagens de navio com duração de três ou quatro dias, menos do que o período usual - de sete a dez dias. A CVC estima que metade das vendas de cruzeiros será nessa modalidade.
Só a MSC Cruzeiros, líder no mercado brasileiro, terá quatro navios no Brasil durante a temporada de verão, que começa em novembro, um a mais do que em 2014. Mesmo nos passeios pela costa brasileira, o produto tradicionalmente é cotado em dólar, algo que assusta o consumidor neste momento.
Para conseguir fechar as vendas, a MSC está oferecendo preço com dólar fixo, a R$ 2,99. "Funciona como um desconto usual que concedemos quando lançamos uma promoção, mas o dólar fixo é hoje uma grande atrativo comercial", disse o diretor de vendas e marketing da MSC Cruzeiros, Adrian Ursille.
Por trás das promoções, está o desejo da empresa de cruzeiros de fazer o cliente fechar o negócio e garantir uma ocupação mínima para seus navios. A tendência é que as promoções se concentrem até meados de outubro, segundo as agências de viagem. Depois disso, os preços devem começar a se ajusta. "A preocupação agora é garantir a ocupação dos navios. Mas, no futuro, os preços devem absorver o novo patamar de custos (em dólar)", disse Ursille.
Férias nacionais
Em meio a alta do dólar, a agência de viagens virtual Hotel Urbano quadruplicou sua oferta de pacotes nacionais neste ano. "Tivemos de ser criativos e buscar destinos nacionais que não eram bem trabalhados", disse o CEO do Hotel Urbano, José Eduardo Mendes. A empresa sentiu alta de 45% nas vendas de pacotes nacionais e queda de 18% nos internacionais no primeiro semestre.
Em média, as vendas de pacotes internacionais caíram 10% em relação ao mesmo período do ano passado, e as de opções nacionais ficaram estáveis, afirmou o vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Leonel Rossi Junior. A projeção da associação para o segundo semestre de 2015 é de queda da mesma ordem no segmento internacional e alta de 5% no nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.