Terrenos desejo e as casas alvos
A casa da dona Regina é um oásis verde em plena avenida Santos Dumont. A construção de 1935 é cenário de toda a história da família da dona de casa. Ela nasceu ali mesmo, em 1936, dividindo os dois andares com os pais e os irmãos. Quando casou continuou morando na casa e criou os quatro filhos entre as plantas, até hoje, bem cuidadas. “Não fiz reformas para reestruturar a casa, só temos um banheiro, mas nunca tivemos problema porque só tive filho homem”, conta a simpática dona Regina. A casa foi construída pelo pai dela com os rendimentos de uma Livraria e Papelaria.
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O terreno é enorme, ela não sabe metrificar, e fica entre dois prédios. Ela conta que uma das construtoras de um dos edifícios chegou a perguntar se ela queria vender. “Disse que não tinha interesse em vender e nem perguntei quanto me pagariam. Há uns 20 anos já chegaram a me oferecer R$ 2 milhões, mas não tem dinheiro que pague”, revela. Andando entre as plantas ao redor ela diz que é ali onde a família se reúne aos domingos. Só sai dali para o cemitério e nem assim, acredita, a casa deve ser vendida para dar lugar a um edifício. “Minha neta de 17 anos diz que o sonho dela é ter dinheiro para comprar essa casa só pra ela”, se diverte.
A construção não deve valer o que hoje em dia as incorporadoras pagariam pelo terreno. Mas o terreno é cobiçado. “O que ocorre é que nessa zona da cidade o objeto se valoriza pelo terreno. O espaço se pressupõe ao valor normal da casa enquanto construção”, explica Sérgio Porto, presidente do Sindicato da Habitação do Ceará (Secovi-CE).
Em busca de terrenos que atendam aos critérios de recuo definidos pela legislação municipal, algumas construtoras passam anos em negociação com os donos de casas da Aldeota e Meireles. “Geralmente juntamos três ou quatro casas para ter um bom terreno para construção. Vamos fechando a compra por etapas com os vizinhos através do Termo de Opção”, explica Otacílio Valente, presidente da construtora Colmeia. Neste termo o proprietário da construtora dá um prazo de em média 90 dias para finalizar a compra da casa e vai negociar com outros proprietários vizinhos. Caso não haja acordo com todas as casas envolvidas para a construção do empreendimento, dentro desse prazo, a construtora cancela a negociação sem ser penalizada.
SAIBA MAIS
AS CASAS ASSEDIADAS PELAS CONSTRUTORAS
NA ESQUINA das avenidas Santos Dumont com Senador Virgílio Távora tem a casa da Dona Lourdes Moreira. É um terreno grande, mas que ainda não há confirmação sobre negociação finalizada.
DUAS CASAS acima do Jardim Japonês na Beira Mar certamente têm o valor de terreno que supera o valor da construção. Duas pessoas da mesma família moram ali.
NA AVENIDA DOM LUÍS com rua Vicente Leite tem um ótimo terreno. No local funciona um colégio. Mas certamente a casa não será demolida porque, apesar de não ser tombada, é arquitetonicamente muito bonita, um dos símbolos da Aldeota.