MPCE denuncia sete por morte de radialista; críticas à administração de Martinópole teriam motivado crime
A principal suspeita é que o radialista teria sido morto por fazer denúncias e críticas em seu programa à gestão de municípios da região, em especial à Martinópole. Conforme o Ministério, "as evidências de pistolagem são veementes"
Atualizada às 21h10min
Sete pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), por envolvimento no planejamento e morte do radialista Gleydson Carvalho, assassinado no último dia 6 de agosto, em Camocim, a 379,3 km de Fortaleza.
A principal suspeita é que o radialista teria sido morto por fazer denúncias e críticas em seu programa à gestão de municípios da região, na Rádio Liberdade FM. Conforme o Ministério, “as evidências de pistolagem são veementes”. Três pessoas já haviam sido presas por suspeita de envolvimento no crime.
O MPCE acredita que há outras pessoas envolvidas no crime e espera que uma quebra de sigilo bancário revele quem financiou a constratação dos pistoleiros.
Nesta terça-feira, 25, O POVO Online teve acesso ao documento da Comarca de Camocim, que traz os nomes denunciados. Entre eles está o de João Batista Pereira da Silva, 43, agricultor e tio do prefeito de Martinópole (CE), município vizinho à região onde ocorreu o assassinato, e do tesoureiro da cidade, Daniel Lennon Almada Silva, 31, sobrinho de João Batista. Conforme o documento, João é apontado como contratante da dupla responsável pelo crime, enquanto Daniel é o dono da motocicleta utilizada na fuga pelos pistoleiros e, posteriormente, abandonada.
Além deles, Israel Marques Carneiro, 31, Thiago Lemos da Silva, 22, apontados como autores dos disparos, Gisele de Souza Nascimento, 23, Regina Rocha Lopes, 19, e Francisco Antônio Carneiro Portela, 18, envolvidos no planejamento da ação, também foram denunciados. O MPCE pediu ainda a manutenção das prisões preventivas de Gisele e Francisco Antônio, que já estavam detidos, e as conversões das temporárias em preventivas para todos os outros envolvidos na organização criminosa.
%2b Confira documento do MPCE na íntegra
O documento diz que no dia do crime João Batista teria “ido buscar a dupla de pistoleiros no imóvel na localidade de Serrota, zona rural, que fora alugado por intermédio dele para que os envolvidos se abrigassem após a fuga”.
O MPCE destaca ainda que “há fortes indícios de envolvimento de outras pessoas ainda não cabalmente identificadas, sobretudo no financiamento e formatação do elaborado plano de execução do radialista”, já que uma das suspeitas, Gisele, contou à Polícia que o valor acertado para a execução seria R$ 9 mil, sem detalhar, no entanto, se a quantia seria dividida entre os envolvidos.
Após o crime, os pistoleiros abandonaram, durante a fuga, arma, documentos, uma quantia de R$ 1.800 e também um comprovante de abertura de conta bancária, da Caixa Econômica Federal (CEF). Com isso, será requerido quebra de sigilo bancária, na tentativa de esclarecer o financiamento da organização criminosa.
Sobre a motivação do crime, o documento explica que “ela se comunicaria tão somente entre os réus João Batista e Daniel Lennon, pois ambos até agora identificados como envolvidos (...) seriam os que teriam interesse na execução da vítima por desprezível sentimento de intolerância às concepções divergentes e críticas que fossem feitas à gestão de Martinópole”.
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Por fim, o processo aponta “a presença de todos os requisitos necessários para a caracterização de uma organização criminosa na execução da vítima”. E destaca inclusive que outros dois assassinatos estavam planejados.
Redação O POVO Online