Aaah, o amor está no ar, liberando a ocitocina (ou oxitocina, com X), o tal hormônio do amor.
Promove a relação paterna, melhora as habilidades sociais… Mas nada é tão simples quanto parece.
Com experimentos em camundongos, pesquisadores notaram que a ocitocina é menos sobre a relação…
… pró-social e mais sobre aguçamento das "percepções de pistas sociais". Eu sei o que você tá pensando: Quê?
Vamos lá: imagine uma mamãe rato. Ela ouve o filhote dela chorando e logo o reconhece e o socorre.
A ocitocina está envolvida aí, mas não pela "mera" relação mãe-filhote, e sim porque está direcionando a reação.
O que a ocitocina faz é "diminuir" todo o ruído do cérebro e focar mais no barulho do filhote (essa é a pista).
O mesmo ocorre com cheiros. Assim, se a ocitocina não agir direito, a mamãe rato pode nem reconhecer o filho.
Ou seja, talvez ela não promova a sociabilidade, mas esclareça as percepções sensoriais ao social.
Na prática, a ocitocina pode, sim, melhorar o cuidado materno. Mas também pode aumentar…
... a agressão materna em relação a indivíduos desconhecidos. Isso foi indicado em estudos com camundongos.
Outra função da ocitocina é aumentar a resposta do sistema de recompensa do cérebro.
É o que faz pessoas em relacionamentos sérios não se envolverem tanto com outras possibilidades amorosas.
Formar casais é como se viciar em um parceiro.
As pesquisas têm indicado que o caminho que a ocitocina percorre e a forma que age é bem mais complexo.
Entender isso implica diretamente no uso do hormônio em tratamentos para estimular o convívio social.
Se a ocitocina aumenta pistas sociais, esses tratamentos em contextos desfavoráveis podem piorar a reação.
Ainda bem que existe a ciência para estudar esses processos em detalhe, né?
Catalina Leite / Fátima Sudário
Oxytocin’s effects aren’t just about love - Knowable Magazine Pesquisa: Oxytocin, Neural Plasticity, and Social Behavior
Tenor