Criativa, generosa e otimista, apesar das dificuldades. É assim que o arquiteto Hashim Sarkis descreve Lina Bo Bardi.
Hashim é curador da Bienal de Veneza 2021, que homenageia a arquiteta ítalo-brasileira com o Leão de Ouro Especial.
Lina foi a arquiteta responsável pelo projeto do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e pelo Sesc Pompéia (SP).
Mas antes de criar essas duas obras - mais famosas -, Lina viveu a arquitetura como um movimento social e político.
Nascida em Roma em 1914, Lina fez seu nome como arquiteta modernista na Itália.
Mas a 2ª Guerra Mundial diminuiu os pedidos por projetos. Em 1943, o escritório dela é bombardeado.
No mesmo ano, Lina ingressa no Partido Comunista Italiano e integra a resistência à invasão alemã.
Depois de conhecer o marido brasileiro Pietro Bardi, mudam-se para o Brasil em 1946. Estava traumatizada pela guerra.
Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. O Brasil é meu país duas vezes.
A primeira obra construída de Lina foi a Casa de Vidro, em SP, onde ela e o marido viveram por 40 anos.
Lina entendia a arquitetura como mediadora de encontros sociais, valorizando a cultura e versatilidade.
A arquitetura é 'inventada de novo' por cada homem que anda nela.
"Em suas mãos, a arquitetura se torna uma arte social que convoca à vida em comum", afirma Hashim Sarkis.
Lina é a primeira mulher brasileira e a primeira com obra construída a receber o Leão de Ouro Especial.
Lina faleceu aos 77 anos (1992), em São Paulo, do jeito que desejava: ativa no trabalho.
Catalina Leite / Regina Ribeiro
Instituto Bardi e Bienal de Veneza
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