De Fortaleza para Fernando de Noronha: um guia para chegar à ilha
A dica é o turista levar dinheiro em espécie. Nem sempre a internet conecta bem. No socorro, vale entrar em uma pousada e pedir a senha do Wi-Fi para fazer um Pix
Agora que os fortalezenses têm, após 21 anos do fim desta operação, a opção de chegar direto a Fernando de Noronha, O POVO conta como foram as experiências de chegar à ilha pernambucana em um voo direto da Voepass em parceria com a Latam, de cerca de 2 horas. E o melhor: a rota é feita todos os dias.
Com custo de R$ 399 no trecho promocional, mas acima de R$ 700 após julho, o voo parte às 9h20min de um ATR72 com capacidade para 70 pessoas. Devido ao tamanho menor, sente-se mais as mudanças de direção da aeronave. Mas, no mercado, o equipamento é conhecido por ser mais seguro que os maiores.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
À bordo, o serviço oferece as opções de água, refrigerante da it do Grupo Petrópolis, energético TNT, além de um snack de chocolate.
E quase duas horas depois, chegando, às 12h15min de lá, mas 11h15min de Brasília, sob o céu de Fernando de Noronha o que se vê é uma ilha que vive do turismo. Receptividade a quem chega é o ato de maior destaque. Do pequeno aeroporto até a chegada à pousada teve muita gentileza pelo caminho.
Mas assim que se aterrissa à ilha, o som instrumental de um saxofone espera os turistas com músicas populares no terminal. Nesta rota, foram 30 convidados e o restante de pagantes, em um voo inaugural realizado na quarta-feira, 5 de julho, que está com vendas realizadas até outubro e com média de mais de 60% de ocupação dos assentos.

E antes de sair do aeroporto, para entrar de fato no distrito, tem uma fila para pagar a taxa de preservação ambiental da ilha. Ela varia, mas inicialmente custa R$ 92,80 para um dia e vai até R$ 6.548,98 para 30 dias. A nota fiscal referente a este pagamento deve ser bem guardada para apresentar no fim da viagem, na hora de embarcar novamente. Vale lembrar que há mais R$ 179 para visitar o Parque Nacional Marinho.
A TPA é cobrada a todas as pessoas, não residentes ou domiciliadas no arquipélago, e que estejam em visita, de caráter turístico, e será calculada em razão dos dias de permanência.
O recolhimento dela pode ser presencialmente, ou pela internet (noronha.pe.gov.br), por meio cartão de crédito e/ou boleto bancário gerado. O voucher terá validade de 30 dias a partir da data programada para entrar no distrito.
Passado este processo, bem-vindo a Fernando de Noronha e seus 26 km² e 16 praias. Tem opção para quem quiser andar, pegar um táxi com preço tabelado, pois não tem Uber e 99, ou até mesmo pedalar. Ainda tem a alternativa dos carros elétricos que algumas pousadas chegam a oferecer.
A dica é o turista levar dinheiro em espécie. Nem sempre a internet conecta bem. No socorro, vale entrar em uma pousada e pedir a senha do Wi-Fi para fazer um Pix.
Mas foi depois de uns bons cinco minutos que a transferência para o taxista do arquipélago deu certo. Apresentando-se como Hércules, o motorista disse, inclusive, que estava ansioso pela chegada dos voos de Fortaleza e de Natal, ambos inaugurados pela Voepass, para Fernando de Noronha.
Isso deve aumentar o número de turistas e o impacto financeiro no distrito, que, em 2022, bateu recorde de 149,8 mil pessoas, mas é um crescimento revisto por meio do acordo de gestão compartilhada entre Governo Federal e Pernambuco, limitando esta quantidade a 11 mil turistas por mês e 132 mil por ano. E para se ter ideia, somente de taxas, o distrito arrecada mais de R$ 40 milhões por ano.
Veja tabela de preços da taxa de preservação ambiental por dia
O arquipélago é mais do que se imagina
Apesar de a experiência do O POVO ter sido um bate-volta, pois o retorno de Fernando de Noronha foi no mesmo dia da chegada, na quarta-feira, 5 de julho, às 16h20min, o arquipélago é, sim, mais do que se imagina. Em termos de paisagem, clima, sustentabilidade, estrutura e preço.
A política do plástico zero, por exemplo, é levada à risca. Afinal, o local foi considerado Patrimônio Natural Mundial da Humanidade pela Unesco.
Por isso, é proibida a entrada, comercialização e uso no distrito de garrafas plásticas de bebidas com capacidade inferior a 500 ml; canudos; copos; pratos; talheres; sacolas; embalagens e recipientes descartáveis de poliestireno expandido (EPS) e poliestireno extrudado (XPS), popularmente conhecidos como isopor; e demais produtos descartáveis compostos por polietilenos, polipropilenos e/ou similares.
No lado sustentável, há ainda o foco em ser a primeira localidade com carbono neutro do País.
É aí que a Lei Nº 16.810, de 7 de janeiro de 2020, proíbe, a partir do dia 12 de agosto de 2023, a entrada de veículos que emitem dióxido de carbono, e incentiva a entrada de carros elétricos visando a substituição total da frota de veículos poluentes a partir de 2030.
Hoje, conforme o Governo de Pernambuco, aproximadamente 55% das emissões de gases de estufa da ilha são de aeronaves que fazem o transporte de ida e volta para o continente. A usina termelétrica a óleo ocupa o segundo lugar e os transportes terrestres o terceiro, respectivamente com cerca de 30% e 10%.
Inclusive, a substituição da termelétrica por usinas solares é um dos projetos que já está em execução no local.
Para cair no turismo, prepare-se para os preços. Encontramos água a R$ 10, jarra de suco a R$ 50, pratos individuais acima de R$ 200 e diárias em torno de R$ 2 mil. Por isso, pesquisar nunca é demais.

Em termos de passeios, os roteiros diversos mostram uma Noronha Cultural, com ida ao centro histórico da Vila dos Remédios, em frente ao Palácio São Miguel, seguindo em direção à Igreja Nossa Senhora dos Remédios.
A visita ao Memorial Noronhense é outra dica para se conectar à história do arquipélago, desde sua origem geológica, descobrimento e ocupação. A subida ao Forte Nossa Senhora dos Remédios e a paisagem do alto do forte com o Morro do Pico, praias do Cachorro, Meio e Conceição e o Morro Dois Irmãos ao fundo são outras escolhas a se aproveitar. Além do entardecer na Praia da Conceição.
Mas o tour pelo local pode ir além, mas aqui já são necessários dois dias, para o passeio pelas principais praias e mirantes da ilha, que termina com o pôr do sol no Forte São Pedro do Boldró.
Para ficar três dias, pode-se fazer Noronha por mar e terra, no passeio de barco costeando as praias do lado norte da ilha principal, com parada para banho na Baía do Sancho.
Se a preferência for por um quarto dia, a indicação das próprias empresas de turismo é realizar um mergulho. Para os iniciantes a dica é o batismo, experiência recomendada para pessoas sem curso comprovado ou que nunca mergulharam. Já os mais experientes podem optar pelo mergulho credenciado.

Depois, pode-se conhecer a Ponta da Air France, Capela de São Pedro e Buraco da Raquel, numa coleção de mirantes próximos ao Porto.
Já o passeio de canoa havaiana é indicado para o quinto dia, em que se pode navegar remando em grupo. E depois há ainda uma das muitas trilhas oferecidas no local.
Exemplos são a trilha Atalaia ou Caieira, que tem nível médio de dificuldade. Para os mais avançados há a trilha do Capim Açu, com duração aproximada de 7 horas, que inclui paradas para contemplação, e é o único acesso à caverna do Capim Açu.
O recomendado mesmo são sete dias e aí a volta pela Veoepass para Fortaleza se dá todos os dias às 16h20min na hora local, com chegada à Capital às 17h05min do horário de Brasília.
*A jornalista viajou a Fernando de Noronha (PE) a convite da Voepass e da Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor)
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