Museu do Ipiranga: um lugar em São Paulo para visitar a história do Brasil

Visita ao reinaugurado Museu do Ipiranga é um convite a visitar o passado numa abordagem crítica, percorrendo um equipamento completamente acessível e moderno

Na altura do número 20, na Rua dos Patriotas, o cenário urbano de São Paulo e seus transeuntes, ambulantes, cachorros, alinhados executivos, gente que corre por exercício ou contra o tempo, abre-se um portal. Desde a calçada, o impacto é imediato. Das fontes, plantas e esculturas do jardim francês até chegar à imponente fachada, o olhar é levado a um outro período histórico, de novas referências, dimensões.  

Em seu Bicentenário da Independência, em 7 de setembro de 2022, o Brasil e seu povo ganharam um presente de valor incalculável: o completamente reformado e modernizado Museu do Ipiranga. E, embora seu edifício-monumento e acervo tenham sido imaginados no período do Brasil Império e executados na República, o equipamento retorna, após nove anos de reforma e reorganização, apresentando de forma contemporânea, crítica e contextualizada seus objetos, documentos, pinturas, esculturas, moedas, trajes, sinais deixados por nossos antepassados. 

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“De 2013 a 2022, o Museu do Ipiranga enfrentou diversas tarefas difíceis, mas sempre com uma equipe multidisciplinar de especialistas”, explica a diretora da instituição, professora Rosaria Ono, detalhando que, até 2017, foram realizadas a avaliação e prognóstico do edifício, a retirada do acervo e realocação das obras em reservas técnicas, e a abertura de edital público para escolha do projeto arquitetônico.

Em seguida, continua, foi feita a captação de recursos e as obras foram iniciadas em outubro de 2019. “Desde então, foram menos de três anos, passando por uma pandemia, em que foram realizadas as obras de restauro, ampliação e modernização, incluindo tecnologias de ponta para combate anti-incêndio e medidas de sustentabilidade”, comenta.

Um dos destaques na nova roupagem do megamuseu é a oferta plena de acessibilidade aos visitantes, tanto do ponto de vista físico, com a instalação de rampas, elevadores e plataformas elevatórias, piso podotátil e mapas visutáteis; quanto do ponto de vista de conteúdo, com mesas multimídia onde pessoas com deficiência podem acessar o acervo exposto por meio de braile, maquetes táteis, fones de audiodescrição.

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Obras históricas

Logo na entrada, centralizado entre as escadarias cinematográficas, encontra-se o anfitrião: Dom Pedro I em bronze, escultura do mexicano Rodolfo Bernardelli, radicado no Brasil. Obra divide as atenções com as ânforas (vasos antigos) de cristal, os retratos dos artífices da Independência e os brasões das primeiras cidades paulistas, formando um conjunto fascinante de beleza e informação

Chegando ao primeiro pavimento, o disputado Salão Nobre, onde está o famoso quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, dentre outras figuras centrais de nossa história. 

São ao todo 12 salas de exposições, sendo 11 de longa duração e uma mostra temporária. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos: “Para entender a sociedade” e “Para entender o Museu”. A exposição de curta duração, "Memórias da Independência", foi aberta em novembro e segue até fevereiro de 2023.

Mais de três mil itens compõem o acervo do Museu, 509 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles. A maior parte dos objetos data dos séculos 19 e 20, mas há objetos ainda mais antigos, que remontam ao Brasil colonial.

Nas placas descritivas das obras e conteúdos de apoio aos visitantes, informações claras e em frases curtas centralizam o material exposto dentro do espírito da época em que foram concebidos. Diferente do passado, quando havia uma visão entusiasta e sem senso crítico, o novo Ipiranga celebra a nossa história e seus personagens, mas num convite a entender todos os aspectos sociais, econômicos e culturais que envolvem nosso percurso antes e durante estes 200 anos de Independência. O olhar no passado vem com a mão estendida para um caminhar mais consciente ao futuro. 

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Saiba mais sobre o equipamento: 

O Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei Federal de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP).

O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.

Museu do Ipiranga

Quando: terça a domingo, das 11h às 17 horas
- Lote semanal de ingressos toda sexta-feira, às 10h, no site www.museudoipiranga.org.br ou na plataforma Sympla
- Entrada apenas mediante agendamento prévio.
- Entrada gratuita até 30 de dezembro de 2022, com limite de 4 ingressos por CPF.
- Crianças de até seis anos, acompanhadas dos pais ou responsáveis, não precisam de ingressos.
- É necessária a apresentação do Certificado Nacional de Vacinação contra a Covid-19
- Grupos e escolas: Os agendamentos começam em outubro pela plataforma Sympla. Para outras informações, entre em contato pelo e-mail serveduc@usp.br.
- Visitas guiadas: começarão em 2023

Como chegar:

Transporte público:

- De metrô, há duas estações próximas ao Museu, ambas da linha 2, verde: Alto do Ipiranga (30 minutos de caminhada) e Santos-Imigrantes (25 minutos a pé). A linha 710 da CPTM tem uma parada no Ipiranga (20 minutos de caminhada).
- Principais linhas de ônibus: 4113-10 (Gentil de Moura – Pça da República), 4706-10 (Jd. Maria Estela – Metrô Vila Mariana), 478P-10 (Sacomã – Pompéia), 476G-10 (Ibirapuera – Jd.Elba), 5705-10 (Terminal Sacomã – metrô Vergueiro), 314J-10 (Pça Almeida Junior – Pq. Sta Madalena), 218 (São Bernardo do Campo – São Paulo).

Pessoas com deficiência em transporte individual: na entrada da rua Xavier de Almeida, nº 1, há vagas rotativas (zona azul) em 90°. Para quem usa bicicleta, foram instalados paraciclos na área do jardim

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