Espetáculo "Lázaro" é encenado no Teatro da Praia neste fim de semana

A obra aborda o preconceito contra soropositivos do HIV e ocorre nos dias 29 e 30 deste mês, no Teatro da Praia

09:58 | Jun. 28, 2019

A obra será encenada neste fim de semana, no dias 29 e 30 de junho. (foto: Divulgação)>

A década era a de 1980 quando surgiram os coquetéis de medicamentos antirretrovirais que poderiam controlar o crescimento desordenado das células do HIV. A partir deste momento, quem acreditava estar perto da morte “renasceu”. “Lázaro” é personagem criado pelo dramaturgo Rhamon Matarazzo com a ideia desse renascimento, em que os soropositivos puderam sair do hospital e voltar para casa. A apresentação ocorre neste sábado, 29, e domingo, 30, no Teatro da Praia, às 20 horas. O preço dos ingressos varia entre R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira). A venda ocorre por meio do site Sympla, de forma antecipada, e na bilheteria do teatro no momento do evento.

Insatisfeito com a pouca visibilidade e com o preconceito do vírus do HIV e com a Aids, Rhamon criou o espetáculo como parte de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação de Teatro, no Instituto Federal do Ceará (IFCE). A intenção é abordar o preconceito dos soropositivos do HIV e ressaltar como, apesar de pesquisas, a doença ainda não tem cura. Neste sentido, Lázaro, um portador do vírus em que a Aids se manifestou, é “narrado” por meio de três monólogos de pessoas que conviveram com o personagem - a mãe, a enfermeira e a vizinha. “Pra ele, já não importa morrer de Aids ou não. O que importa que ele chegue a uma redenção de respeito”, ressalta o dramaturgo.

 A partir de seu próprio reflexo - e de experiências pessoais -, o dramaturgo construiu o espetáculo para abordar o tabu existente sobre os portadores do vírus da imunodeficiência humana, conhecido como HIV. Soropositivo que nem o personagem, Rhamon ressalta que o Lázaro é, de certa forma, uma personificação teatral de si próprio. “Falo de uma pessoa que, assim como eu, é homossexual e estigmatizado numa sociedade que não compreende o que é o HIV”, explica. 

O dramaturgo ressalta também que, pelo preconceito que ainda existe em relação à doença, é comum os soropositivos não procurar o tratamento. Soropositivo há dez anos, Rhamon explica que só externou que possuía o vírus há dois. Neste sentido, ele dedica a peça para todos os “Lázaros” que existem e ainda resolvem manter o silêncio. “São os que sobrevivem ao HIV e à Aids. São mulheres casadas, travestis, transexuais. São gays, são brancos, negros. Somos todos nós”.

 O espetáculo é definido por William Axel, que compõe a diretoria de “Lázaro”, como uma mescla entre narrativas reais e fictícias em uma fronteira tão vaga a ponto do público se perguntar sobre o que de fato ocorreu na vida de Rhamon ou o que só faz parte da história. O objetivo é “mexer com o imaginário” do público e garantir uma reflexão sobre o preconceito, a busca pela cura do HIV e o tabu dos “soropositivos”. “É um monólogo teatral em que a palavra é a protagonista do espetáculo e o tabu é verbalizado”, afirma o diretor.

Neste sentido de repassar o verbal em meio ao “silêncio”, resultado pela “ignorância” de quem não deseja escutar sobre o assunto, a Companhia Cearense de Molecagem abriga o espetáculo para mais uma temporada. 

Lázaro

Quando: sábado, 29, e domingo, 30, às 20 horas

Onde: Teatro da Praia (rua José Avelino, 662. Praia de Iracema)

Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Vendas: no site Sympla

Você também pode gostar: