Oscar 2025: 'Flow' mostra que estamos todos no mesmo barco

Oscar 2025: 'Flow' mostra que estamos todos no mesmo barco

Animação da Letônia, o filme 'Flow' faz história ao concorrer em duas categorias do Oscar 2025 e chama atenção em diversos festivais

Poucas histórias do Oscar 2025 são tão especiais como a que o filme "Flow" traz, colocando a Letônia em um verdadeiro clima de Copa do Mundo com exposições em museus e artes de rua sobre a animação. A produção chegou discreta em festivais e se tornou a favorita diante de animações das gigantes DreamWorks e Pixar.

O longa venceu o Globo de Ouro de Melhor Animação e também se sagrou ganhador no Annie Awards como filme independente, principal premiação de animação, além de ter arrematado o Spirit Awards em Melhor Filme Estrangeiro.

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Sem falas e com uma pintura que nos remete a aquarela, somos guiados por um gato curioso, assim como um bom telespectador que vai buscando pelo olhar e pelas ações não tão discretas entender como funciona o seu mundo e os elementos que estão ao redor.

Em meio a uma inundação, o bichano é colocado por força da natureza a deixar sua rotina de curiosidades e descanso para tentar sobreviver em meio a uma maré de azar e percalços. Para isso, não basta apenas seu instinto de sobrevivência, mas, sim, aprender a conviver com diferentes animais como cachorros, lêmure, garça e capivara.

A montagem carrega a animação em um ritmo cauteloso embora o roteiro nos leve juntamente do protagonista a enfrentar situações arriscadas e sem trégua. A direção de Gints Zilbalodis é certeira ao escolher diversos planos sequências ao invés de cortes, por mais que uma cena pudesse sugerir mais rapidez. A cautela emerge ainda mais o espectador.

Apesar de não ouvirmos uma fala dos animais, eles miam e latem constantemente a ponto de entendermos o que queiram dizer ou fazer. Cada um deles segue seus desejos e ambições e passa a aprender a conviver entre si para sobreviver.

Os percalços levam o nosso carismático protagonista a enfrentar os seus medos. Sim, apesar de muito curioso, ele também sente temor pelo incerto. É o primeiro a aprender a sobreviver e depois já está nadando contra a maré. E, assim, começa a enxergar o seu objetivo em meio a um turbilhão de situações que o colocam em desvantagem.

Se sentimos que o gato está lutando a todo instante no mais completo caos e viagem atribulada e nos angustiamos ou nos emocionamos com a trilha sonora - hora mais dramática e aflita e em outros momentos mais lúdica e esperançosa - é porque estamos na pele dele.

E se estamos na pele dele é porque assim vivemos. Temos que lidar com os nossos problemas, sejam aqueles em que nos colocamos tentando alcançar algo ou porque fomos ali colocados, a natureza, entenda-se como a vida, nos obriga a sermos fortes.

Ser forte não é o bastante se está sozinho. Por mais que pensemos que pessoas de diferentes tribos e culturas não tenham muito em comum, todas estão tentando sobreviver no duro jogo da vida. E quando estamos juntos, a caminhada é menos difícil.

Por fim, "Flow" emociona por ser profundo, mas simples. Simples e emotivo mostrando por meio de animais em uma atribulada navegação que para se chegar em algum lugar na vida é mais fácil quando não se está sozinho e se tem um objetivo.

Às vezes, ele não é um material valioso onde podemos nos olhar, mas em uma poça de água ou na presença de improváveis companheiros e amigos.

A produção da Letônia é amplo favorito a vencer o Oscar de Melhor Animação, desbancando "Robô Selvagem" e "Divertidamente 2" e seria um desperdício não premiar a bela aventura do gato preto curioso.

"Flow" ainda concorre na categoria de Melhor Filme Internacional, em que também estão o polêmico "Emília Perez" e o brasileiro "Ainda Estou Aqui". Embora díficil, pela forte concorrência de alcance e temáticas distintas, o reconhecimento pela obra na indicação demonstra que a animação já superou expectativas e - por mais que não vença as grandes produções - já é um marco na área e para o seu país.

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