Oscar 2025: Quais as chances de 'Ainda Estou Aqui' ser premiado?

Com o anúncio das três indicações do filme "Ainda Estou Aqui" no Oscar de 2025 e da euforia que tomou conta do País, saiba o que se pode esperar da premiação

Por Amilton Pinheiro, Especial para O POVO

O cinema brasileiro viveu um dia histórico com os anúncio dos indicados para a 97ª cerimônia de entrega dos prêmios do Oscar. Essa é a maior consagração da indústria de cinema do mundo, que será entregue em 2 de março, em Los Angeles, em pleno domingo do Carnaval.

Uma coisa era certa, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, estava com uma das indicações de melhor filme internacional garantida. Mas também havia uma possibilidade, que aumentou bastante depois da surpreendente vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro de melhor atriz de drama, no começo de janeiro.

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Com as três indicações ao Oscar, o Brasil viveu uma espécie de final de Copa do Mundo antecipada, com euforia, explosão de comentários nas redes sociais do feito das indicações, memes, entrevistas com Fernanda Torres, Walter Salles, na imprensa, e todo tipo de comemorações do povo brasileiro.

Foi o assunto mais falando no Brasil, mais do que a tragédia do que será o governo de Donald Trump na sua volta à Casa Branca, e/ou os caminhos e descaminhos da nossa Economia e das tragédias das chuvas que acometem as cidades no começo do ano.

Temos alguma chance em uma das três categorias?

Essa é a pergunta de “um milhão” e de respostas pouco satisfatórias a não ser especulações e conjecturas. O que farei aqui nos próximos parágrafos, analisando os nossos principais concorrentes em cada uma das três categorias e das reais chances. Se é que podemos falar em reais, já que no balanço das horas até lá tudo pode mudar.

O Oscar de Melhor Atriz vai para (The Oscar goes to…)

Fernanda Torres chega bem forte como uma das cinco candidatas ao Oscar de melhor atriz, juntamente com Demi Moore, por “A Substância”, a grande rival e até o momento a provável vencedora do prêmio na categoria, seguida por Karla Sofía Gascón, por “Emilia Pérez”, a primeira trans indicada na categoria, Mikey Madison, por “Anora”, sensação da crítica, e Cynthia Erivo, por “Wicked”, uma atriz que merece sempre atenção, mas que sairá de mãos abanando, assim com Mikey e Gascón.

Hoje, Fernanda Torres está atrás apenas de Demi Moore, que seduziu e comoveu a todos com seu cirúrgico e belo discurso no Globo de Ouro, quando venceu como melhor atriz de comédia ou musical. Ela falou que era a primeira vez que ganhava um prêmio importante na sua trajetória de mais de 45 anos de carreira e da sua fama de “atriz pipoca”. O termo faz alusão aos seus filmes ruins e/ou comerciais demais, que tornavam sua carreira rotulada a não ter direito de ser levada a sério ou de almejar algum reconhecimento em relação a prêmios ou elogios da crítica.

Mas quem pode tirar essa quase vitória de Demi Moore no Oscar de melhor atriz?

A nossa Fernanda Torres, que entra no páreo cada vez mais forte. Isso graças não somente ao prêmio do Globo de Ouro, como também pela história do filme, sobre uma ditadura num dos períodos mais violentos do País. Esse fator pode trazer muitos votos para Fernanda, até porque em algumas edições o Oscar as escolhas dos vencedores foram também um ato político, de protesto e resistência.

Outro ponto que pode ajudar nessa empreitada de vencer a quase imbatível Demi Moore é o desempenho magistral da Fernanda Torres nas entrevistas nos Estados Unidos para divulgar o filme e seu trabalho. Estamos vivendo tempos extremos no mundo, com a ascensão da extrema direita, e filmes que denunciam esses momentos de exceção no passado ou no presente, com governos ditatoriais e anti-democráticos, como é o de Trump nos EUA, precisam ser revelados, destacados e reconhecidos.

O Oscar de Melhor Filme Internacional vai para (The Oscar goes to you)…

Quando Walter Salles concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro (na época ainda não se chamava Filme Internacional), em 1999, por “Central do Brasil”, ele teve outro forte concorrente: o longa italiano “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni, que terminou vencendo na categoria. Agora ele tem “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard. 

Dos quatro concorrentes do Oscar deste ano (“Emila Pérez”, da França, “A Semente do Fruto Sagrado”, da Alemanha, “Flow”, animação da Letônia e “A Garota da Agulha”), o único que está a frente na corrida da estatueta da Academia na categoria é o filme francês de Jacques Audiard, que também é forte em alguns dos 13 prêmios indicados, como o de melhor filme do ano.

O que pode atrapalhar a conquista de “Emilia Pérez” frente a “Ainda Estou Aqui”, são as polêmicas que envolvem o filme como o uso de Inteligência Artificial e o retrato do México e dos mexicanos, que geraram protestos no país, pelo forte teor de caricatura impressa no longa de Jacques Audiard.

Diferente da sua primeira indicação ao Oscar, com “Central do Brasil”, o novo filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”, teve mais repercussão ao redor do mundo, em especial nos Estados Unidos, onde estreou em 500 salas, com grande parte delas, segundo notícias da imprensa de lá, lotadas nesses primeiros dias em cartaz.

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O Oscar de Melhor Filme vai para (The Oscar goes to you)…

Nessa categoria, que foi a grande surpresa em relação a uma indicação de “Ainda Estou Aqui” no Oscar, já devemos comemorar e muito a nominação, pois as chances de uma vitória são quase nulas, já que não se pode trabalhar com o absoluto.

O filme de Walter Salles tinha poucas chances de entrar na categoria mais concorrida do Oscar, a de melhor filme, reservada, como falei, às produções dos Estados Unidos.

Nos últimos dois anos, eles estão reservando uma ou duas vaga, como aconteceu no ano passado e neste ano, com a entrada do francês “Emilia Pérez”, que era certa, e a inesperada surpresa de “Ainda Estou Aqui”, superando dois filmes americanos que entraram na lista dos 10 filmes indicados do Sindicato dos Produtores dos EUA (PGA, da sigla em inglês), que é o melhor termômetro do Oscar para a categoria.

Dos 10 indicados a melhor filme do Oscar, oito foram nominados também ao PGA, que serão conhecidos em 8 de fevereiro. A exceção fica para “A Verdadeira Dor” e “Setembro 5”, que abriram espaço para “Ainda Estou Aqui” e “Nickel Boys” (“Meninos do Níquel”, numa tradução livre).

Como acontece geralmente todos os anos, o melhor filme no PGA chega bem forte no Oscar da categoria, já que o índice de acerto entre os prêmios do Sindicato dos Produtores e do Oscar é mais de 70%. Ou seja, de cada 10 filmes que ganham o PGA, sete ganham o Oscar.

Essa categoria está bem difícil de prever, com “O Brutalista”, de Brady Corbet, com uma pequena vantagem em relação aos outros filmes que têm chances, como “Emilia Pérez”, “Anora” e “Conclave”, que perdeu força com a não nominação do seu diretor, Edward Berger, na categoria de melhor direção do Oscar, o que enfraqueceu o filme.

Vamos esperar o grande dia da festa do cinema americano, também cada vez mais um pouco do cinema mundial, para saber se entramos na segunda embalados por alguma vitória do filme “Ainda Estou Aqui”. Pois, como diria Chiquinha Gonzaga, “Ô abre alas”, que o filme de Walter Salles e Fernanda Torres quer passar...

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