Oscar: Ainda Estou Aqui é um marco que ecoa o poder do cinema nacional

Com três indicações ao Oscar, "Ainda Estou Aqui" e Fernanda Torres marcam a história do cinema brasileiro e levantam o Brasil em uma torcida comparável aos campeonatos de futebol

12:16 | Jan. 23, 2025

Por: Jansen Lucas
Ainda Estou Aqui é indicado em três categorias do Oscar (foto: DIVULGAÇÃO/SONY PICTURES)

O Brasil é conhecido por sua paixão vibrante, uma energia que transforma vitórias em celebrações coletivas. Não é à toa que somos reconhecidos como o “país do futebol”, com a seleção pentacampeã mundial como emblema dessa dedicação. Mas a identidade brasileira vai muito além dos gramados. Ela pulsa também nas cores das telas de Tarsila do Amaral, nas palavras imortais de Machado de Assis, na melodia de Tom Jobim e na ousadia arquitetônica de Oscar Niemeyer. Nosso cinema, por sua vez, carrega a mesma alma vibrante que define nosso povo.

Desde os anos 1960, quando “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, arrebatou o mundo em festivais internacionais, o cinema nacional vem pavimentando uma trajetória de conquistas e resistência.

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Em 1999, Fernanda Montenegro emocionou o planeta com sua indicação ao Oscar por “Central do Brasil”, gravando seu nome na história da sétima arte. E hoje, mais de duas décadas depois, outra Fernanda — sua filha, Fernanda Torres — reafirma a força do cinema brasileiro em um palco global. São as únicas brasileiras já indicadas na categoria em toda a história do Oscar.

No dia 23 de janeiro de 2025, o Brasil celebra uma conquista histórica. “Ainda Estou Aqui”, dirigido pelo consagrado Walter Salles, alcança a marca inédita de três indicações ao Oscar: “Melhor Filme”, “Melhor Filme Internacional” e “Melhor Atriz”, para a emocionante performance de Fernanda Torres. Este é um momento que transcende prêmios. É um marco que ecoa a resiliência e a criatividade do cinema nacional, um cinema que persiste e resiste, apesar dos percalços.

Fernanda Torres, premiada recentemente no Globo de Ouro como “Melhor Atriz de Drama”, entrega uma atuação visceral em um longa que reflete as feridas de uma ditadura que ainda ressoa na memória do País. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva sobre uma família que luta na busca de respostas e de direitos humanos, “Ainda Estou Aqui” é uma homenagem à coragem e à busca pela verdade.

Nas redes sociais, brasileiros de todas as partes se unem em torcida, quebrando recordes de engajamento e mostrando que o País - apesar das adversidades - sabe valorizar sua própria cultura. É impossível ignorar o simbolismo deste momento.

Em um Brasil que, em tempos recentes, viu seu Ministério da Cultura ser desmontado e sua história desvalorizada, “Ainda Estou Aqui” é um grito de afirmação. É a prova de que o cinema brasileiro não apenas respira, mas pulsa com intensidade. Walter Salles, Fernanda Torres e todos os envolvidos no longa-metragem relembram ao povo brasileiro e ao mundo que nossa arte é forte, profunda e universal.

Mais do que nunca, “Ainda Estou Aqui” não é apenas um título; é uma declaração. Uma declaração de existência, resistência e, acima de tudo, esperança. E, ao olhar para essa história ser escrita diante de nossos olhos, fica claro que o Brasil, em sua cultura e em sua alma, está, e sempre estará, aqui.