O cinema visceral de Cronenberg volta a Cannes

Com "Crimes of the future", o cineasta concorre à Palma de Ouro pela sexta vez. A última foi com "Maps to the stars", de 2014, sobre a obsessão pela fama

O novo filme de David Cronenberg, "Crimes of the future", promete abalar a Croisette com imagens de sangue e vísceras nesta segunda-feira, 23, quando o Festival de Cannes chega à metade e alguns concorrentes à Palma de Ouro começam a se destacar. Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart protagonizam esta história na qual um artista exibe seus próprios órgãos internos.

"Meu objetivo não é comover ou que as pessoas saiam da sala, mas pode acontecer", reconheceu o diretor, considerando que o público, "não é apenas formado por cinéfilos, mas também por pessoas que querem estar no tapete vermelho, ver Léa Seydoux, ou que não estão preparadas para um filme perturbador".

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Cronenberg já viveu esta experiência em 1996, quando concorreu pela primeira vez com "Crash", uma história de sexo e acidentes de carro, e conquistou o Prêmio Especial do Júri. A polêmica produção inspirou a diretora francesa Julia Ducournau, que ganhou a Palma de Ouro em 2021 com "Titane". Mas pode ser que a história não se repita, admite Cronenberg: "na época, as cadeiras faziam barulho (...) Sabíamos quando as pessoas estavam saindo e quantas eram".

Com "Crimes of the future", o cineasta concorre à Palma de Ouro pela sexta vez. A última foi com "Maps to the stars" (2014), sobre a obsessão pela fama protagonizada por Julianne Moore, que levou o prêmio de melhor interpretação. Desta vez, ele volta com Viggo Mortensen, com quem já esteve em Cannes em 2005 com "Marcas da violência".

Convidado inusitado 

Além da sangrenta produção de Cronenberg, outra concorrente será apresentada nesta segunda-feira: "Decision to leave", de Park Chan-wook. O diretor sul-coreano, que ganhou fama com "Oldboy", apresenta agora um veterano detetive que investiga a morte de um homem cuja esposa é o principal suspeito.

Metade dos 21 filmes em disputa pela Palma de Ouro já foi apresentada e alguns começam a se destacar. Entre eles, "Triangle of sadness", uma sátira feroz sobre o mundo atual do sueco Ruben Ostlund. James Gray apresenta "Armageddon Time", um retrato de Nova York dos anos 1980 pelos olhos de um menino e de seu colega de classe negro.

"Tchaikovksi wife", de Kirill Serebrennikov, emocionou na estreia da competição, mas foi ofuscado pela polêmica presença de seu diretor russo, criticada por cineastas ucranianos. O diretor iraniano Alí Abbasi surpreendeu com "Holy spider", que descreve a violência contra as mulheres em seu país.

O veterano cineasta polonês Jerzy Skolimowski se destacou com "Eo", protagonizado... por um burro que descobre a violência humana em um contexto de defesa dos animais. 

Grandes nomes do cinema, já premiados anteriormente, ainda devem ser exibidos no festival. Entre eles estão "Tori and Lokita", dos irmãos Dardenne, sobre a amizade de dois jovens africanos exilados na Bélgica e "Broker", do japonês Hirokazu Kore-eda, laureado em 2018 por "Assunto de família". O vencedor será revelado em 28 de maio pelo júri, presidido pelo ator francês Vincent Lindon.

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