Chuva e tradição marcam o primeiro dia do desfile de Maracatus em Fortaleza

Chuva e tradição marcam o primeiro dia do desfile de Maracatus em Fortaleza

Apesar do dia chuvoso na capital cearense, o público compareceu para assistir ao evento que é considerado patrimônio cultural da cidade

O fim de semana de Carnaval, iniciado neste sábado, 1º, trouxe à avenida Domingos Olímpio a chuva e o maracatu. Mas é o último que embeleza a rua em meio ao desfile, enquanto as últimas gotas caem e deixam poças no pavimento.

Fazendo a sua estreia, Eder Pinheiro, 42, se prepara para representar o Maracatu Nação Axé de Oxóssi. “Para mim está sendo uma honra muito grande fazer parte desse maracatu que eu amo”, diz.

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Cerca de 10 anos se passaram desde que o maracatu se tornou um patrimônio imaterial de Fortaleza, capital do Ceará. Para os brincantes, a alegria é o ponto em comum durante todo o processo.

Ao menos é o que destaca Maria da Graça, 64, que revela, com orgulho, participar das atrações “todo ano”. “O maracatu, para mim, é uma escola. Esse ano, (sou) princesa”, explica, em referência aos trajes.

A maioria do público, diminuído pela chuva, faz questão de gravar o desfile. São pessoas tímidas, que sorriem e fazem negações veementes com a cabeça ante a ideia de uma entrevista - “tenho vergonha”. O foco, para o grupo, é um só: aproveitar o maracatu e deixar que o ritmo tome o protagonismo.

Outros não escondem o carinho: “Eu trabalho há vários anos aqui no PMA (Posto Médico Avançado) da Domingos Olímpio e prestígio bastante (o maracatu), porque é cultura, né?, indica a enfermeira Cláudia Regina de Castro.

“Todo ano trazem repertório novo, vestimentas novas… Eu acho tudo muito lindo”, completa.

Confira galeria de fotos do primeiro dia de desfiles de maracatu do Carnaval 2025:

No desfile inicial, um trecho se repete: “Iansã, mãe do amanhecer, Iansã, mãe do céu rosado…”, cantarola o Maracatu Corte Imperial. Por alguns instantes, a luz de um poste pestaneja e retorna.

Na sequência, quando a Nação Axé de Oxóssi começa o seu desfile, o objeto que pestaneja, por menos de um minuto, é a caixa de som; quando retorna, a música embala a avenida.

A essa altura, a própria chuva virou uma lembrança. O desfile agora recebe visitantes cuidadosos, que se encostam às grades e seguram um guarda-chuva na mão.

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Por volta das 19h28min, o desfile na avenida é do Maracatu Rei Zumbi. No ano anterior, o grupo recebeu o segundo lugar entre os ritmos apresentados durante o sábado.

Para uma das participantes, Amanda Marques, 20, o maracatu representa uma parte da cultura brasileira. “Gosto de me arrumar, de dançar na avenida… Mas bate um frio na barriga”, confessa.

“Aê, aê, meu rei Zumbi, brilha no negrume da noite…”, retumba o som, rodeado por penas e artigos na cor dourada. E, mais uma vez, o desfile cede lugar ao próximo.

Problemas no som atrasam entrada de um dos maracatus

Problemas no som atrasaram a entrada do Maracatu Obalomí, previsto para 20h. O grupo também entrou no pódio de 2024, alcançando o terceiro lugar. Mas para um dos fundadores e atual presidente, Martin de Andrade, o objetivo é se divertir.

“Esse ano, a gente está na avenida para brincar, não veio para pensar em pódio. Estamos mais para se divertir mesmo”, comenta Andrade.

Sobre as mudanças notadas desde que o Maracatu foi estabelecido como patrimônio imaterial da Capital, o presidente do Obalomí apresenta as suas percepções.

“Teve uma melhora muito grande de visibilidade, isso fora da avenida”, explica. “Dentro da avenida, a gente permanece com dificuldades, como o som. A estrutura do som não é bacana, tem muito delay”.

“Deveria se pensar um pouco mais no desfile”, acrescenta. “Mas o Maracatu não é só o desfile, ele é o ano todo, é festa o ano todo”.

Secretária de Cultura promete mais fomento ao maracatu

Para a secretária municipal de cultura, Helena Barbosa, espera-se que 2025 seja um ano de maiores prioridades para o fomento do maracatu como prática cultural: “Ter mais tempo de criação, ter mais suporte para essas condições de criação”.

“Estava até falando com eles (grupos de maracatu) para a gente se reunir, avaliar esse edital, avaliar as formas de fomento, as práticas de formação, e como a secretaria (municipal de cultura de Fortaleza) pode dar toda a atenção que o maracatu merece”, finaliza.

Ao final da noite, quem abre as despedidas do público, representando o som do Maracatu e dando um ritmo final ao sábado fortalezense, é a Nação Pici.

São trajes, máscaras douradas e uma concha estilizada que carrega Iemanjá. No meio de tudo, as vozes repetem, em coro: “Axé… Axé… E na jangada com o mar…”

O arremate fica com a Nação de Iracema, a última a tomar a avenida Domingos Olímpio e transformar o final de semana com as cores do maracatu.

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