Com mela-mela, marchinha e funk, Carnaval em Paracuru agita os foliões

Com direito ao famoso mela-mela e fantasias, foliões curtem o penúltimo dia de Carnaval em Paracuru que une a tradição e o contemporâneo

08:30 | Fev. 13, 2024

Por: Lara Vieira
Penúltimo dia de folia agita Carnaval em Paracuru com direito ao famoso mela-mela (foto: Aurélio Alves/ O POVO )

O Mela-mela é uma das mais tradicionais formas de folia carnavalescas no interior do Ceará e, em Paracuru, no Litoral Oeste, é uma das atrações preferidas de quem escolheu curtir as festas no município. Nesta segunda-feira de Carnaval, 12, os foliões começaram a se reunir nas redondezas do Centro da cidade por volta das 17 horas. Com programação oficial em três polos, os brincantes também ficaram ao redor de paredões de som e, inclusive, de grupos musicais de rua.

Na Arena Matriz, o Carnaval das Crianças foi animado por Mestre Pixuna e pela banda Xotinho Bom. Nas proximidades do Farol da cidade, quem fez a diversão voltada exclusivamente para o público adulto foi Delano Santos e Juninho Santos.

Paracuru, contudo, é um oásis para quem tem gosto eclético e se entrega à diversão de diversas maneiras. Assim, em cada esquina e rua onde se escutava alguma música havia um grupo cantando em alto e bom som.

Em uma dessas esquinas a equipe do O POVO encontrou a banda Máscara Negra. Sem qualquer envolvimento com a gestão municipal, o grupo de oito amigos e mais alguns conhecidos se encontra na esquina da entrada da Praça da Matriz há oito carnavais, sem nenhuma outra forma de combinado além da tradição. Instrumentos como tambores, clarinetes e saxofones são propriedade de Rosemberg Nunes, 35, idealizador do grupo.

Orgulhoso da banda improvisada, "Berg", como gosta de ser chamado, explica que o repertório da banda é composto basicamente por antigas marchinhas carnavalescas. “Eu chego com os instrumentos aqui e espero os outros chegarem. É muito incrível que, assim que começamos a tocar, sempre o povo começa a se reunir ao nosso redor. É muito satisfatório esse efeito”, diz ele, entre um fôlego e outro em seu clarinete.

No grupo, também se destaca uma dupla peculiar. Cobertos de goma de tapioca, o material mais usado no mela-mela, os irmãos gêmeos Junior Andrade e Denilson Andrade, de 19 anos, se empolgavam tocando, respectivamente, trombone e saxofone.

“Nós tocamos desde os 10 anos de idade. Para nós, é muito prazeroso tocar no Carnaval para o público. Muito prazeroso, uma sensação totalmente diferente”, comenta Júnior.

Folia entre os pequenos

Com apenas um aninho, a pequena Ayla Heloisa teve uma tarde intensa de Carnaval em Paracuru. Fantasiada de princesa, a pequena estava acompanhada de perto pelo pai e pela mãe. A família, que mora em Caucaia já é familiarizada com a folia do município.

“Esse já é o terceiro carnaval que eu venho para cá e o primeiro com ela (Ayla). Viemos sexta-feira, 9, mas esse é o primeiro dia curtindo. Até agora gostamos muito, muito tranquilo e sem brigar, apesar da quantidade de gente”, comenta o pai, Gabriel Melo.

Além das crianças fantasiadas, foi perceptível que o público espalhado nas ruas era tão plural quanto a própria programação da cidade. Há quem se dedicou a fantasias mais elaboradas e também quem preferiu dar apenas um toque criativo com acessórios, como arquinhos e chapéus chamativos.

A maioria, contudo, optou pelo conforto, muito brilho e até looks menos vestidos, como biquínis, sungas e bermudas. Não só o famoso “nevou”, mas também foram diversos os cabelos coloridos, principalmente em homens.

Funk, axé, forró e casa cheia 

Fora do eixo principal da cidade, o som grave de um paredão reuniu em apenas uma rua uma multidão de pessoas. No aparelho com tom grave e na boca do povo, o que predominou foram sucessos de funk e axé e, ocasionalmente, algumas de forró.

A bailarina Denise Sanders, 22, é "filha da terra", como ela gosta de dizer. A paracuruense comenta que todos os anos dá prioridade para curtir as festas no município.

"Venho pro Carnaval de Paracuru desde 'o buxo de mainha'. Pra mim, é uma festa pra todo mundo, pra quem gosta de tranquilidade, de praia e de bagunça. Além de ser acessível", diz a foliã.

Fantasiada de uma versão feminina do Luigi, personagem da franquia de jogos Mario Bros, a bailarina considera que a cara do Carnaval de Paracuru seja, justamente, os paredões. “Esse ano é Ivete Sangalo, não tem para onde correr”, diz ela, se referindo a música “Macetando”, da cantora baiana, que é sucesso nas festas da cidade.

A canção também é a escolha como favorita do carnaval para Aurineide Gomes. Natural do município, ela e o marido estão hospedando na própria casa um grupo de cerca de 50 pessoas neste Carnaval. “São todos familiares e amigos, como minha casa é grande cabe todo mundo”, comenta Aurineide, também coberta do branco da goma.

O grande grupo forma o bloco familiar “Os bagunceiros”, criado há dois anos oficialmente mas que há quatro se reúnem para curtir a temporada no município. “Para mim e acredito que para todo mundo aqui a cara do carnaval é Mela-mela e alegria”, ela diz, animada.

Desde sábado curtindo, Aurineide e a família comemoraram, inclusive, embaixo da forte chuva que atingiu o município no sábado, 10. “Carnaval de todo jeito é bom, independente de chuva ou não”, concluiu.

A programação de Carnaval da cidade nessa segunda-feira ficou por conta das bandas Zanzibar, Galícia e Chiclete com Banana encerrando a noite.

Nesta terça-feira, 13, último dia de festa, as atrações são as bandas Dona Zefinha, Mestre Pixuna, Patrulha, Passaport, Diego Facó, Vicente Nery e Ricardo Chaves.

Confira mais fotos da fólia nesta segunda de Carnaval: