Mercado dos Pinhões: Foliões usam placas para interagirem no primeiro Carnaval pós-pandemia
Baixa movimentação, limpeza adequada e segurança chamam a atenção no primeiro dia no tradicional polo carnavalesco da CapitalQuem esperava que o primeiro dia de Carnaval fosse reunir o mesmo público que lotou os fins de semana de pré-Carnaval no Mercado dos Pinhões se enganou.
Por lá, o folião pode brincar, dançar e beijar com muita tranquilidade na primeira noite de folia. Muitas pessoas, de diferentes idades, vestiam roupas comuns, mas aderiram a placas para se comunicar com os outros foliões.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Tanto para quem foi se divertir como para quem estava a trabalho, vendedores e donos de bares no entorno, a expectativa de diversão e bons momentos era unanime. Longe dos hits do momento que estavam só nas caixinhas de som, nos palcos muito funk e clássicos do axé.
Muito animada Gabriela Vidal, 26, auxiliar administrativo, estava ansiosa para chegar essa época do ano e está curtindo bastante. "Tenho expectativa para muito mais. A placa foi escolhida para engajar a vida amorosa e tem dado certo", conta.
Já o balconista Bruno Bandeira, 22, escolheu os dizerem de sua placa inspirado na graduação em física que está pausada na UFC. "Sempre gosto de trocadilhos, inclusive no meu perfil nas redes tem. Gosto desse humor de tiozão". E amigo Ávila Bruno, 22, frentista, escolheu um look coloridos para entrar no clima carnavalesco.
Primeiro Carnaval
Mesmo desempregado, Marcos Guilherme, 21, resolveu curtir o primeiro Carnaval da vida. "Quero viver experiências novas, estou achando bom e estou ansioso. Amanhã vou para o Aracati". O amigo Raniel Lima, 22, também desempregado, já curte o Carnaval há anos e resolveu convidar o amigo do Ensino Médio. "Me redescobri na pandemia. Liguei para a mãe do Marcos e disse ele ia sair comigo e que só volta na segunda, quase que ela não deixa". Amanhã seguem para o Aracati.
Amor na folia
O casal de foliões Luzirene Silva de Oliveira, 59, artesã, e Diogo, 70, pintor, já estão juntos há 40 Carnavais. Eles vão para todos os polos de Fortaleza tanto no pré, como no Carnaval.
“Estávamos com muitas saudades e estamos ouvindo diferentes artistas novos. Sentimos falta do Carnaval na Aerolândia", revela Luzirene sem perder a felicidade com a festa momina. Eles moram em Messejana. Nos outros dias a fantasia, sempre em casal, será de pirata, zorro e palhaço.
"Ela fica tão linda de palhacinha", elogia Diogo. A esposa disse que esperava ansiosa essa época, pois foram dois anos difíceis, inclusive por ter pedido o pai. Todas as fantasias sãos customizadas pela artesã, assim como a maquiagem.
Já o casal Felipe Tavares, 38, servidor público, e Thiago Nascimento, 35, empresário, escolheram a fantasia "eventim" em manifestação aos preços altíssimos dos ingressos dos festivais musicais atualmente.
A expectativa deles para esse Carnaval está alta. Felipe adora Carnaval, mas Thiago aderiu a fantasia esse ano e já eles já têm os looks para todos os dias. Romanos e gregos, raio e atingido pelo raio e cowboy e eletricista em tributo ao Village People.
Referências famosas
Amante do Carnaval, Edilano Nobre, 34, autônomo, começou cedo a folia em 2023, ainda no pré-Carnaval. Participou de todos pela região da Monsenhor Taboão. Hoje ele, a esposa e uma amiga escolherem ir para o Mercado dos Pinhões para saber como estava e decidiram ficar.
"Estamos gostando bastante. A fantasia de Coringa foi ideia da minha esposa, mas eu mesmo fui comprar as tintas e fiz a pintura", revela. Não se identifica com a loucura do personagem, mas gosta dos filmes confessou.
Com o pseudônimo de Madonna, 43, a cabeleireira e maquiadora, que mora próximo ao Mercado dos Pinhões, confeccionou a própria fantasia de "unicórnio doida" após a expectativa de dois anos sem Carnaval.
"Levei dois meses para produzir o look na minha mini máquina de costura. Em cada dia de folia será uma fantasia: tigresa, bruxinha e mulher maravilha”.
Vendas
Rochelle Andrade, 54, comerciante e proprietária está no entorno do Mercado do Pinhões há 39 anos comandando o bar Casa Branca na Rua Nogueira Acioly. Ela tem uma boa expectativa de vendas para esse Carnaval e disse que investiu bastante no período.
"O ponto ruim é que as melhores bandas foram para Praia de Iracema, mas esperamos movimento bom", afirma. Ela deseja que as pessoas aproveitem e que os comerciantes vendam muito. "Nos dois anos que ficamos fechados na pandemia quase interrompi os negócios, pois tínhamos muitas duplicatas, quase R$ 100 mil e mercadorias vencidas. Mas a expectativa está boa apesar da programação "mais fraca", disse.
O livreiro Sérgio Braga, 71, é terceiro vice-presidente da Fecomércio-CE mora há 40 anos no entorno do Mercado dos Pinhões e é proprietário da livraria Livro Técnico. Esse anos, o Carnaval para ele está mais tímido, pois perdeu o irmão médico agora em fevereiro.
"Como tenho muitos amigos no bairro vim para ver o movimento. Me sinto seguro aqui, pois está bem-organizado pela Prefeitura de Fortaleza".
Para o bairro ele espera parcerias futuras entre o Mercado dos Pinhões, Prefeitura de Fortaleza e o Senac para impulsionar a gastronomia do entorno. A Fecomércio-CE já está com um terreno de frente ao Mercado dos Pinhões.