Unidos da Cachorra 20 anos: conheça a história do bloco
Bloco tradicional de Fortaleza nasceu na rua Marechal Deodoro, mas hoje toma conta de vários pontos da Cidade
Fim de um ciclo e início de outro, foi assim que nasceu o bloco carnavalesco Unidos da Cachorra. Antes do grupo tomar as ruas do bairro Benfica e espalhar alegria pela região, um outro bloco já fazia isso. Conhecido como “Porra da Cachorra”, o antigo conjunto integrou a trilha sonora do Carnaval da rua Marechal Deodoro até o ano 2000, quando o diretor decidiu parar as apresentações, deixando apenas a saudade no coração dos foliões locais.
Contudo, os moradores da região decidiram suprir essa falta com um novo bloco, que se tornou o Unidos da Cachorra. “Me chamaram: ‘Seu Gildo, vamos fazer alguma coisa para revitalizar a nossa brincadeira’. E eu disse: 'Bom, sozinho eu não consigo, então eu vou arrumar aqui duas ou três pessoas para me ajudar, e a gente vai com certeza tentar fazer o bloco”, relembra Gildo Moreira, fundador e presidente do grupo que começou com 14 pessoas e hoje já conta com cerca de 250.
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E como a população decidiu o nome do novo conjunto? Assim como no antigo bloco, os integrantes se inspiraram em uma antiga história da Marechal Deodoro. Há cerca de 60 anos, o local era conhecido como “Rua da Cachorra Magra”, em razão de uma cadela que habitava a rua e, certa vez, correu atrás dos comboios de animais que passavam pela rua em direção a um matadouro que havia por ali. Após tal acontecimento, tornou-se comum dizer para “tomar cuidado com a ‘Rua da Cachorra Magra’”.
A partir dessa decisão, o bloco nasceu e cresceu, tornando-se uma verdadeira família. “Quem entra na Cachorra é mais uma família que a gente cuida e ajuda na medida do possível”, conta Gildo. “De repente tem um ritmista que está passando por alguma necessidade naquele momento, perdeu o emprego, por exemplo, então a gente faz uma cotinha para ajudar”.

Momentos para guardar na memória
Ao longo de 20 anos de bloco, diversas histórias se entrelaçaram, construindo memórias boas e ruins na mente de cada integrante do grupo.
Por um lado, o Unidos da Cachorra sempre lembrará do fatídico dia de 2022 em que o teto da quadra onde ensaiavam desabou, tornando impossível a continuação dos ensaios no local. Sobre o acontecimento, Gildo também vê o lado bom: ninguém do bloco estava no local quando houve o desabamento. Além disso, o dono do espaço já está reconstruindo e, provavelmente em março, deve entregar o local para que o bloco retome os ensaios.
E são inúmeras as lembranças boas. “Ficamos emocionados quando colocamos uma bateria de 240 pessoas com seus instrumentos, tudo organizado, o som ali ajeitado, e começamos o cortejo. Isso para a gente é a razão de ser, é o motivo de termos um trabalho árduo e cansativo, pois o prazeroso é ver o povão do nosso lado cantando e brincando”, conta o presidente do bloco.
O retorno após o período mais duro da pandemia também é algo para se guardar na memória, tendo em vista que passaram-se dois anos sem Carnaval. “Eu fico arrepiado quando eu falo que quando nós retornamos ao nosso samba, foi como se a gente voltasse a viver em matéria daquilo”, emociona-se Gildo sobre a volta às ruas em 2023.

Calendário de desfile no Ciclo Carnavalesco 2023
04/02 (3° bloco) - 17h20min
11/02 (4° bloco) - 18 horas
19/02 (Carnaval) - 23 horas (Av. Domingos Olímpio)
Onde: Concentração na Praia de Iracema, em frente ao Ideal Clube
Mais informações: @unidosdacachorra
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