Mestre Cupijo, referência do siriá, é celebrado por banda paraense

Conheça a banda paraense Baile do Mestre Cupijó, nascida como forma de homenagear o músico de Cametá (PA)

Apesar de ter falecido no ano de 2012, a história do Mestre Cupijó ainda ressoa na cultura paraense. Responsável por modernizar o ritmo siriá e torná-lo conhecido nacionalmente, o artista foi postumamente homenageado com o documentário audiovisual “Mestre Cupijó e seu Ritmo” (2019) e a criação da banda Baile do Mestre Cupijó. Ao longo da carreira, ele lançou sete discos e uma coletânea em CD.

A ideia do filme partiu da cineasta Jorane Castro, sobrinha do músico, que convidou JP Cavalcante e Daniel Serrão – hoje diretor e produtor musical da banda, respectivamente – para ir até a cidade de Cametá e participar da pesquisa que deu início à produção do documentário. “A gente recebeu esse convite, fomos para lá, fizemos uma pesquisa, conhecemos tudo, e aí a Jorane viu que estava faltando material de pesquisa e convidou a gente para fazer o show Baile do Mestre Cupijó, foi aí que nasceu a banda. E este show foi tão bonito e tão incrível, que a gente tá lançando inclusive, que a banda perdurou”, lembra JP.

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O show aconteceu em 2017 no Teatro Margarida Schivasappa, em Belém (PA), mas somente em 2024 chegou às plataformas digitais. “Como o projeto era uma ideia nova, foi complicado ter que gravar o álbum. Depois veio a pandemia, e tudo isso meio que ficou de lado, vamos dizer assim. Então esse material ficou engavetado e a gente tá tirando agora. Tirando tudo para poder mostrar o quanto o Mestre Cupijó é importante. Principalmente porque, no Pará, o siriá, que é o ritmo no qual o Mestre Cupijó tem maior sucesso, foi colocado como patrimônio imaterial, então isso trouxe também uma nova força para a banda e toda essa história”, explica o diretor.

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Baile do Mestre Cupijó e convidados

Para o show, foram convidados os artistas Dona Onete, Felipe Cordeiro, DJ Waldo Squash e Lucas Estrela, além de dois ex-membros da banda do Mestre, todos tidos por JP como “certeiros” para o evento. “Eu tenho uma fase da minha vida em que eu toquei com a Dona Onete, de 2016 até o início de 2023. Então eu fiz o convite para ela. Todo mundo a ama no Pará, então ela tinha que cantar 'Caboclinha do Igapó', que é uma música icônica do Mestre Cupijó”, complementa JP.

Sobre a atual cena da música paraense, ele afirma estar feliz com o crescimento, principalmente do tecnobrega. “O tecnobrega hoje é um dos ritmos mais tocados em todos os lugares de Belém do Pará. A gente aqui nesse projeto está falando de algo que é de tradição, que a gente escuta desde muito antes do tecnobrega, mas que ainda é tão novo quanto porque a nova geração precisa conhecer também essas músicas que são tão gostosas, tão cheias de energias do Mestre Cupijó. Então eu vejo que a música paraense está em crescimento total assim, acho que está sendo vista pelo centro-sul, pelo Rio de Janeiro e São Paulo com muita força. Já era no tempo em que eu tava tocando com a Dona Onete, a gente era muito bem recebido em outros lugares, era bem legal de ver o calor e a força que a música paraense tinha. Mas agora eu vejo que tá muito mais forte”, conclui.

Conheça a formação da banda Baile do Mestre Cupijó

  • Marcos Sarrazin (sax tenor)
  • Felipe Ricardo (sax alto)
  • Handel Alcântara (trompete)
  • Lulu Bone (trombone)
  • JP Cavalcante (voz e maracas)
  • Kleyton Silva (voz)
  • Danilo Rosa (guitarra)
  • Renata Beckman (banjo)
  • Luan Lacerda (baixo)
  • Rafael Barros (percussão: trio de congas, curimbó, surdo)
  • Adriano Souza (bateria)

Sobre Mestre Cupijó

Nascido e criado em Cametá-PA, Joaquim Maria Dias de Castro (1936-2012) trabalhava como advogado para “pagar as contas”, mas tinha a arte como verdadeiro amor. Filho do maestro Vicente Serrão de Castro, teve uma educação musical formal e se tornou multi-instrumentista, tendo como instrumento principal o sax alto.

Buscando inspiração em ritmos tradicionais como o Siriá, o Banguê e até mesmo o Mambo, Mestre Cupijó construiu um repertório importante para a cultura da região do Baixo Tocantins, por meio de uma combinação de ritmos ancestrais com instrumentos de sopro, aos quais ele introduziu instrumentos elétricos como o baixo e a guitarra. Os ritmos tradicionais foram tocados com bateria e percussão, algo inédito até então, e foi essa junção que o tornou conhecido por reinventar o siriá. “O Mestre Cupijó era uma pessoa genial, uma pessoa que sabia tocar muitos instrumentos, mas ele era principalmente um visionário”, defende JP.

Baile do Mestre Cupijó

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