Vera Fischer fala sobre drogas, sexo e superação no Fantástico
Novo quadro do Fantástico reúne entrevistas feitas por profissionais com autismo; a atriz Vera Fischer foi a primeira convidada e falou sobre experiências, pensamentos e momentos difíceis da vida
Estreou neste domingo, 27, no Fantástico, o quadro especial “Pode Perguntar”, em comemoração ao mês de conscientização do autismo. A proposta inovadora reúne entrevistas conduzidas por profissionais e comunicadores dentro do espectro autista com figuras públicas de destaque.
A primeira entrevistada da série foi a atriz Vera Fischer, de 73 anos, que protagonizou uma conversa franca e comovente com 29 pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
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Sem rodeios, a artista falou sobre momentos marcantes de sua vida, incluindo sua luta contra a dependência química, o relacionamento com o pai — um simpatizante de Hitler — e sua vivência como símbolo sexual no Brasil.
Superação pessoal e apoio da família
Vera revelou que o maior gesto de amor que recebeu na vida veio de seus filhos, Rafaela e Gabriel. Durante o período em que enfrentava o vício em cocaína, foi a filha quem articulou sua internação em uma clínica na Argentina, buscando proteger a mãe da interferência da mídia e de outras pressões externas.
“Ela armou um esquema para me mandar para a Argentina, para um lugar onde as pessoas daqui não pudessem interferir — nem a imprensa, nem ninguém. Fui muito bem tratada lá. Foi onde mais aproveitei, digamos assim”, contou a atriz.
Em outro momento, emocionou-se ao recordar um bilhete escrito por Gabriel quando ele ainda era criança.
“Ele escreveu: ‘Mamãe, fique sempre linda, nunca fique na chuva para se molhar, fique sempre trabalhando para não ficar pobre e fique sempre bonita de coração.’ Tenho esse bilhete emoldurado ao lado da minha cama”.
Relação com o pai e ideologia nazista
Durante a entrevista, Vera também falou sobre seu pai, um alemão que imigrou para o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e era admirador de Adolf Hitler.
“Meu pai acreditava nos discursos de Hitler, achava que a Alemanha voltaria a ser grandiosa”, revelou. Segundo ela, quando criança, o pai tentou fazê-la ler “Mein Kampf", o livro escrito por Hitler. “Disse: ‘Não, pai, não quero ler isso’. Depois, ele me deu uma coleção de Dostoiévski”, contou, sorrindo.
Sexualidade e maturidade
Um dos pontos altos da conversa foi a abordagem sincera sobre sexualidade na terceira idade. Vera refletiu sobre os anos em que foi considerada um símbolo sexual no Brasil, título que ela nunca desejou.
“Me chamavam de ‘deusa’ por causa da novela 'Mandala', em que vivi Jocasta. Mas, para mim, tudo isso era um exagero”, disse.
Questionada por uma jovem sobre sua vida sexual atualmente, Vera não hesitou: “Tenho 73 anos. Sabe como faço sexo? Comigo mesma. Já ouviu falar em masturbação? É ótima. Uma terapia maravilhosa”.
Casamentos, vícios e amadurecimento
Vera Fischer foi casada com os atores Perry Salles e Felipe Camargo. Este último foi seu par na novela “Mandala”, onde ele interpretava seu filho.
Durante o relacionamento, a atriz vivia um período de instabilidade emocional e dependência química.
“Me envolvi com drogas, mas não foi algo irreversível. Quando decidi parar, parei sozinha, sem ninguém saber. E, sinceramente, quem nunca se envolveu com algum tipo de vício? Seja droga lícita, ilícita, bebida, ou qualquer outra coisa?”, refletiu.
Sobre o casamento com Felipe Camargo, ela foi honesta: “Tivemos muitas brigas por ciúmes, imaturidade e incompreensão. Mas foi um casamento bacana enquanto durou. E tivemos o Gabriel, que é uma bênção”.