Kingdom Come: Deliverance II: RPG Medieval levado à perfeição

Kingdom Come: Deliverance II: RPG Medieval levado à perfeição

Kingdom Come: Deliverance II impressiona com imersão, visuais e combates desafiadores.

“Kingdom Come: Deliverance 2” é uma verdadeira viagem ao coração da Boêmia do século XV. Ao assumir o papel de Henry, um ferreiro em busca de justiça em meio ao caos político e à brutalidade das guerras, o jogador encontra um RPG ambicioso, detalhado e surpreendentemente engraçado. A liberdade oferecida é um dos maiores trunfos: é possível seguir o caminho do cavaleiro nobre, mergulhar no submundo como um batedor de carteiras, ou simplesmente explorar o mundo como um viajante curioso. A sensação de que cada decisão realmente importa, com consequências visíveis e duradouras, é um diferencial raro no gênero.

Os gráficos impressionam desde o primeiro momento. Os campos abertos, florestas densas e vilas medievais parecem saídos de pinturas renascentistas. A cidade de Kuttenberg, com suas ruelas vivas e marcos históricos como o Tribunal Italiano, é especialmente memorável. Há um realismo visual que contribui para a imersão, com detalhes que vão desde a iluminação natural ao barro acumulado nas botas de Henry. O desempenho também surpreende: o jogo roda com fluidez tanto no PC quanto no Steam Deck, com poucos bugs e praticamente nenhuma queda de frame significativa.

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O som é outro ponto forte. Os ambientes ganham vida com o barulho das ferramentas nas forjas, o som distante dos sinos da igreja, os murmúrios nas tavernas e o tilintar das espadas nos combates. A trilha sonora composta por Jan Valta embala os momentos mais tensos e mais contemplativos com uma precisão emocional rara. O áudio é nítido e contribui diretamente para a ambientação histórica do jogo, sem jamais parecer exagerado ou artificial.

Os controles, por outro lado, exigem paciência. O sistema de combate é técnico, baseado em direções e ritmo, o que pode ser intimidador para iniciantes. Lutar contra múltiplos inimigos logo no início costuma terminar mal. Para facilitar, vale a pena investir em armas mais leves, como espadas curtas combinadas com escudo, e configurar teclas de atalho para ações como esquiva ou uso rápido de poções. A movimentação às vezes é travada, com obstáculos simples exigindo pulos desajeitados, e há momentos em que o jogo força tarefas cansativas, como carregar sacos manualmente por longos minutos.

A história é densa, envolvente e cheia de momentos inesperados — da intriga política aos duelos morais. A amizade entre Henry e Hans Capon serve como coração narrativo da trama, com diálogos que transitam com naturalidade entre o drama e o humor absurdo. O tom lembra *The Witcher 3*, mas com uma alma mais cômica e um pé fincado no realismo histórico.

Com mais de 80 horas de conteúdo e inúmeras possibilidades de abordagem nas missões, "Kingdom Come: Deliverance 2" oferece uma rejogabilidade de respeito. O jogo não entrega tudo de imediato, mas recompensa com generosidade quem persiste. Missões secundárias são ricas e variadas, algumas mais engraçadas do que as da campanha principal. A evolução das habilidades, baseada na prática e não em pontos de XP soltos, incentiva experimentação constante.

Recebido de forma gratuita para análise, o jogo surpreende pela qualidade geral e pelos detalhes meticulosamente pesquisados. Há o que melhorar, especialmente no sistema de salvamento e na interface de inventário, que ainda exige idas e vindas desnecessárias. Mas nenhum desses pontos tira o brilho de uma das experiências mais completas e encantadoras já criadas sobre a Idade Média nos videogames.

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico

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