Review: Split Fiction
Sucessor de "It Takes Two" eleva (e muito) a barra de qualidade dos jogos cooperativos com jogabilidade diversificada, visuais incríveis e narrativa criativa
"Split Fiction" é a nova aposta da Hazelight Studios, desenvolvedora já consagrada pelos premiados "It Takes Two" e "A Way Out". Como de costume, trata-se de um jogo cooperativo obrigatório para dois jogadores, trazendo uma experiência inovadora e cheia de criatividade. A grande sacada aqui está no enredo: os protagonistas, Mio e Zoe, são jovens escritoras que acabam presas em uma simulação de suas próprias histórias, alternando entre mundos de fantasia e ficção científica. A ideia já chama atenção, mas é na execução que o jogo brilha de verdade.
Desde o primeiro momento, a jogabilidade impressiona pela variedade. Uma hora, está-se pilotando uma motocicleta futurista em uma cidade cyberpunk; na seguinte, atravessando florestas encantadas ao lado de criaturas místicas. O jogo mistura gêneros como plataforma, tiro, puzzle e corrida de forma fluida, sem nunca perder o ritmo. No entanto, essa diversidade pode gerar certa curva de aprendizado, especialmente em momentos de alta ação. Durante algumas sequências mais frenéticas, como uma fuga em carros voadores, a precisão dos comandos poderia ser um pouco mais polida. Para uma experiência mais suave, recomenda-se ajustar a sensibilidade do controle no menu de opções.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Visualmente, "Split Fiction" é um show à parte. O jogo combina estética vibrante e detalhada, com cada ambiente trazendo uma identidade própria e cativante. Os cenários gigantescos impressionam, principalmente considerando a ausência de telas de carregamento aparentes. Se em "It Takes Two" a exploração era mais contida, aqui a sensação de escala é muito maior, tornando o jogo ainda mais imersivo. Mesmo nos momentos mais caóticos, os gráficos mantêm excelente desempenho sem quedas perceptíveis de taxa de quadros.
A trilha sonora e os efeitos sonoros desempenham papel fundamental na imersão. As faixas musicais variam entre músicas eletrônicas intensas em cenários futuristas e melodias suaves nas passagens de fantasia. Os efeitos de som também merecem destaque, trazendo peso e impacto para as interações. No entanto, ocasionalmente, a mixagem de som pode deixar os diálogos um pouco baixos em relação à trilha sonora, exigindo ajustes no volume.
A história de "Split Fiction" se desenvolve de forma leve e envolvente, explorando não apenas a criatividade das protagonistas, mas também suas inseguranças e desafios como escritoras. A narrativa lembra Psychonauts e Little Big Planet no tom descontraído, mas também apresenta momentos de reflexão sobre o papel da criatividade e a pressão da indústria do entretenimento. O jogo equilibra humor e emoção com diálogos divertidos e personagens carismáticos, como um macaco rei dançarino e um gato falante que exige carinho.
No quesito rejogabilidade, o jogo se destaca. Com duração entre 10 e 15 horas, "Split Fiction" incentiva mais de uma jogatina para experimentar as habilidades exclusivas de cada personagem. Como Mio e Zoe possuem mecânicas distintas em cada fase, vale a pena trocar os papéis para uma nova perspectiva. Além disso, as missões secundárias adicionam desafios extras, permitindo explorar melhor os cenários e desbloquear novas interações.
Porém, nem tudo é perfeito. Um dos principais pontos negativos está no sistema de respawn. Como o jogo não usa vidas tradicionais, os personagens reaparecem instantaneamente ao morrer. O problema é que, em algumas situações, esse respawn acontece em locais desfavoráveis, levando a mortes sucessivas sem chance de reação. Esse problema é mais notável em chefes com ataques rápidos, tornando certas batalhas mais frustrantes do que deveriam ser.
"Split Fiction" é realmente um marco para os jogos cooperativos. Com gameplay diversificado, visuais deslumbrantes e uma história cheia de carisma, o jogo não só sustenta o legado da Hazelight, mas também o eleva a um novo patamar de qualidade. Apesar de pequenas falhas, a experiência geral é fantástica e divertida do início ao fim. Para quem busca um game inovador e repleto de criatividade, "Split Fiction" é uma escolha absolutamente imperdível!
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico