Fãs fazem fila para conhecer autora de best-seller LGBT+ em Fortaleza
Cerca de 400 pessoas fizeram fila em shopping de Fortaleza para conseguir autógrafos da escritora baiana Elayne Baeta, que lança livro na capital cearense
Voltas pelo estacionamento, cerca de 400 pessoas, admiradoras de outro estado e espera desde 5 horas da manhã para um evento que aconteceria somente à tarde: esse foi o cenário encontrado no shopping Iguatemi Bosque, em Fortaleza, na manhã deste sábado, 29. O motivo? A presença da escritora e ilustradora baiana Elayne Baeta na Livraria Leitura.
Autora best-seller, ela faz turnê solidária e lança às 15 horas na capital cearense o livro “Coisas Óbvias Sobre o Amor”, continuação de seu romance de estreia. Foram distribuídas 200 senhas para um bate-papo e sessão de autógrafos com a escritora, mas a demanda foi muito maior, demonstrando como a autora é um fenômeno contemporâneo.
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As senhas seriam distribuídas a partir das 10 horas, mas a movimentação já estava grande várias horas antes. Nesta turnê solidária, Elayne Baeta pediu a quem comparecesse para doar materiais de limpeza e alimentos não perecíveis à Outra Casa Coletiva, que acolhe pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade.
Elayne Baeta: autora em ascensão atrai mães para sonho de filhas
Nesta turnê solidária, Elayne Baeta já visitou cidades como Salvador (BA), Recife (PE), Maceió (AL) e Belo Horizonte (MG). Agora em Fortaleza, ela pode se deparar com uma legião de fãs - base aumentada a cada ano para a detentora do recorde de pré-venda de um autor nacional.
A jornalista Adailma Mendes entrou na fila às 5 horas da manhã e já havia fãs marcando presença. Como observou, a fila “deu a volta em pelo menos três áreas do estacionamento do shopping” e “facilmente havia mais de 400 pessoas na fila”, mesmo que somente 200 fossem conseguir as senhas.
A profissional quis realizar o sonho da sua filha de 14 anos, grande admiradora de Elayne. A espera pelo momento foi tão grande que mãe e filha fizeram um “trato”. Felizmente, a história teve final feliz, pois foi contemplada com a senha.
"Já tem alguns meses que a minha filha estava programando esse momento. Ela até tinha prova na escola, mas negociou comigo de fazer segunda chamada por ser tão fã e eu embarquei nesse sonho dela de encontrar a escritora. Ela já leu todos os livros e está trazendo um deles para autografar”, compartilha.
Adailma destaca: “Eu realmente queria acompanhá-la nisso, porque eu vi o quanto que era importante para ela, assim como tem outras acompanhando também suas filhas para esse momento”. Como relata Adailma, a fila era formada principalmente por jovens, entre adolescentes e jovens adultos.
Elayne Baeta: fãs de outro estado, malas e conexão com público
A jornalista relata ter ficado feliz ao ver “meninas de muita personalidade organizando a fila para ser justa, para proteger quem chegou antes, e discutindo quando alguém tentava furar a fila”.
Para ela, um ponto curioso foi observar pessoas — algumas até vindas do Piauí — com malas, para ter a chance de conhecer a autora. “É bem bonito esse movimento, essa coisa de encontrar os ídolos, o esforço para chegar mais perto, para um autógrafo, de repente ter uma palavra com essa pessoa que proporciona o encantamento pela leitura e, em alguns casos, identificação com as personagens criadas”, acrescenta.
“Eu não conhecia a escritora. Comecei a ler algumas coisas nesta semana, acompanhar seu perfil no Instagram, e vi o quanto que ela se conecta com as leitoras e consegue mover o público que estava querendo uma representante como ela vem sendo, falando com sensibilidade e se conectando muito com adolescentes”, descreve.
Elayne Baeta: “Vou estar em casa quando encontrá-la”
A estudante de Psicologia Maria Clara, 17, acordou às 4h50min para chegar cedo ao shopping Iguatemi Bosque. Ela estava na fila desde 6 horas da manhã e foi uma das fãs a conseguir senha para conhecer Elayne Baeta.
“Fiquei muito feliz! Minha amiga me mandou o post de divulgação do lançamento e já combinamos de ir juntas para finalmente conhecer o amor de Elayne na pele!”, destaca. Elas, porém, ficaram preocupadas, pois sabiam que a procura seria muito grande.
No final, a estudante conseguiu sua senha. Como relata, conheceu a obra da autora na pandemia, período no qual seus livros ficaram famosos entre a comunidade leitora do TikTok. Não demorou muito para “se apaixonar pelos livros e pela pessoa que Elayne demonstra ser”.
Afinal, a interação com seu público é constante e “você consegue perceber a doçura de pessoa que ela é”. A oportunidade de conhecer a escritora baiana é, para Maria Clara, a chance de “estar em casa”.
“É um passo para minha aceitação. É saber e perceber que tudo que penso sobre mim, sobre a minha orientação sexual, não tem nenhum problema, porque ela é a prova disso. Ela juntou uma comunidade de fãs com um romance lésbico. Finalmente vou estar em casa quando encontrá-la. Estou muito, muito animada”, exclama.
Elayne Baeta: quais são as histórias de seus livros?
Detentora do recorde de pré-venda de um autor nacional - com 16 mil exemplares do novo livro vendidos em 48 horas, sendo dez mil em apenas 24 horas -, Elayne Baeta é responsável pelo best-seller “O Amor Não é Óbvio” (2019).
A obra é o primeiro livro da duologia “Laranja-Forte”, que traz o protagonismo LGBTQIAPN+ por meio da história de amor entre Íris e Édra. A primeira parte do enredo explora uma trama entre duas garotas que, nessa fase turbulenta e cheia de primeiras vezes da adolescência, percebem muito sobre quem elas são e sobre o amor.
O novo livro, “Coisas Óbvias Sobre o Amor”, dá continuidade à duologia, retornando a São Patrique após três anos dos acontecimentos entre Íris Pêssego e Édra Norr para acompanhar a transição das personagens da adolescência para a vida adulta — agora sob a perspectiva de Édra.