Cinebiografia mostra um Milton Nascimento desconhecido no próprio país

Cinebiografia mostra um Milton Nascimento desconhecido no próprio país

"Milton Bituca Nascimento" explora a história de vida de um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira

Com estreia marcada para 20 de março, o documentário “Milton Bituca Nascimento” mergulha na vida de um dos maiores nomes da música popular brasileira. Desde a sua infância entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais até a turnê de despedida da carreira, realizada no Brasil e em países como a Itália, Portugal, Inglaterra e Estados Unidos.

O longa-metragem foi exibido após um dia de muitas chuvas no Cine Petrobras na Praça, realizado durante a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Inicialmente, o filme dirigido por Flávia Moraes até apresenta certo potencial ao se debruçar sobre os primeiros anos de Milton e sua chegada à cidade de Três Pontas (MG). Os primeiros momentos são dedicados à relação de Milton com a música, que fora construída ao lado da mãe adotiva Lília Silva Campos, com depoimentos do multiinstrumentalista e amigos de longa data.

Leia também | Novo projeto de Walter Salles é sobre ídolo do Corinthians; saiba mais

A ideia é até promissora mas se perde ao ser usada como um dos vários argumentos, dentre outros que surgem ao longo da produção, do porquê Milton possui reconhecimento internacional. Assim, perde-se a sensibilidade pretendida ao trazer a herança musical da mãe, que foi aluna de Heitor Villa-Lobos, como um dos fatores que indicavam que Milton seria aclamado em outros países.

E esse é o principal problema da trama. Em vez de falar sobre o impacto do artista no Brasil, dedica grande parte do tempo a sua aprovação por músicos dos Estados Unidos devido a produção musical de Bituca ser similar ao jazz, sendo inclusive chamada de “jazz latino”.

A partir daí, outras vozes tomam conta da história para justificar a recepção e estabelecimento da carreira do brasileiro nos EUA. Uma delas é Esperanza Spalding, que convidou o artista para colaborar no álbum “Milton+Esperanza”, lançado em agosto de 2024.

Mais uma vez o roteiro se prende à carreira internacional do músico, o que não seria uma grande problema se este não fosse o único foco e demonstra uma certa síndrome de vira-lata. Como se Milton Nascimento só fosse o que é na música por causa do que construiu lá fora.

O fato de só mostrarem um único show da última turnê do cantor e compositor no Brasil, realizado no Mineirão em 2022, é mais uma prova disso.

Além disso, o uso excessivo de Milton em perfil no enquadramento tornam o longa cansativo ao lado de falas sobrepostas que, ao invés de contribuir para o enriquecimento artístico da obra, atrapalham a escuta da audiência.

Leia Também | De Minas à Bahia, dois olhares sobre o mesmo Brasil

Para não dizer que o documentário não soube aproveitar toda a grandiosidade de Bituca, o roteiro se destaca ao trazer os processos de composição do cinebiografado, a partir da perspectiva dos profissionais da banda dele, demonstrando toda a singularidade de Nascimento.

No entanto, não foi suficiente para entregar quem Milton é para a música em sua totalidade, transformando-o em um artista que não parece ser reconhecido pelo próprio País.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar