"Língua de países emergentes": especialistas rebatem Jacques Audiard

Diretor Jacques Audiard causa polêmica com declarações sobre a língua espanhola e membros da Academia de Letras da Argentina rebatem o cineasta

O diretor francês Jacques Audiard, responsável pelo filme Emilia Pérez, voltou a ser alvo de controvérsias após comentários sobre a língua espanhola. Em entrevista ao canal Konbini, publicada no YouTube em 21 de agosto de 2024, ele afirmou que “o espanhol é uma das línguas dos países emergentes, em desenvolvimento, pobres e migrantes”.

A declaração gerou forte reação nas redes sociais e entre especialistas, que classificaram suas palavras como preconceituosas.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Histórico de polêmicas de Jacques Audiard

Essa não é a primeira vez que o cineasta se envolve em discussões sobre Emilia Pérez, que recebeu 13 indicações ao Oscar. Durante uma visita ao México para a estreia do longa, ele já havia pedido desculpas após críticas sobre a forma como o filme retrata a violência, o desaparecimento de pessoas e o tráfico de drogas no país.

“Se você acha que estou fazendo isso levianamente, peço desculpas”, afirmou em uma coletiva na Cidade do México.

Agora, suas declarações sobre a língua espanhola reacenderam os debates, especialmente porque alguns espectadores questionaram o uso limitado do idioma no filme, que aborda a história de um chefe de cartel mexicano.

LEIA MAIS | Coluna de Catalina Leite: Emília Pérez é uma piada colonialista

Especialistas rebatem a declaração do diretor sobre a língua espanhol

A fala de Audiard foi amplamente criticada, incluindo por linguistas e intelectuais. Alicia María Zorrilla, presidente da Academia Argentina de Letras (AAL), afirmou ao jornal La Nación que a declaração do cineasta mostra desconhecimento sobre a língua espanhola.

Segundo ela, “não existe língua superior a outra”, e a valorização de um idioma depende de seu uso na construção de um mundo melhor. Além disso, destacou que o espanhol é uma língua cada vez mais difundida, inclusive em países considerados ricos.

O escritor e filósofo Santiago Kovadloff, também membro da AAL, fez uma analogia com a fábula A Raposa e as Uvas, de Esopo, sugerindo que Audiard despreza o espanhol por não compreender sua riqueza. “A miséria intelectual deve ser combatida em todas as línguas".

É um efeito do preconceito e, nesse caso, fruto de ressentimento pessoal”, declarou. Ele também mencionou o poeta mexicano Octavio Paz, afirmando que, se estivesse vivo, diria que Audiard está “irremediavelmente perdido no labirinto da sua solidão”.

VEJA também: Os rivais do Brasil no Oscar 2025: Dinamarca, Irã, França e Letônia

Próximos projetos do diretor Jacques Audiard

Apesar das críticas, Audiard demonstrou interesse em continuar explorando novos idiomas em seus filmes. Durante a entrevista, afirmou que “a música das pessoas vem de suas línguas” e que adoraria dirigir um filme em mandarim no futuro.

Ele também mencionou que, mesmo sem domínio de outras línguas além do francês, gosta do desafio de trabalhar com diferentes idiomas no cinema.

Filmes no cinema em 2025: CONFIRA todas as estreias do ano

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar