Twenty One Pilots e fãs viram um só em show arrebatador em São Paulo
Duo Twenty One Pilots encerrou passagem pelo Brasil com show arrebatador em São Paulo; pirotecnia, diferentes palcos e interações fizeram banda e plateia virarem um só“Nós somos o Twenty One Pilots e vocês também são”, afirmou o vocalista Tyler Joseph após duas horas frenéticas de show. Ao lado do baterista Josh Dun, ele se dirigiu a milhares de espectadores e indicou que se reencontrarão em uma próxima oportunidade. Com os dedos em “V”, desejou paz e encerrou em São Paulo a passagem pelo Brasil.
À primeira vista, o enunciado pode parecer uma frase de efeito, mas aponta, de fato, para um cenário de simbiose na relação artista-fãs-e-quem-mais-estiver-presente. O duo - conhecido por hits como “Ride” e “Stressed Out”- e a plateia se tornaram um só em uma noite de “teletransporte” do vocalista, fã-mirim no palco e coros a plenos pulmões.
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Na atmosfera vibrante criada pelos músicos, fãs de diferentes gerações (entre pais e filhos, amigos e amigas, irmãos e irmãs) e os protagonistas da festa se tornaram uníssonos — ainda que as caixas de som estivessem com volume menor, segundo relatos de ouvintes de diferentes setores do estádio*.
Realizado no estádio Allianz Parque no último domingo, 26, o show fez parte da turnê mundial do álbum “Clancy”, lançado em maio de 2024. Este giro no Brasil, que teve também shows em Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), foi a primeira vez na qual o Twenty One Pilots se apresentou solo no País (ou seja, sem ter sido em festivais).
Twenty One Pilots em São Paulo: “Ajuda de São Pedro” e início avassalador
No fim de semana do show do Twenty One Pilots em São Paulo, um temor pairava sobre o público: após fortes chuvas na sexta-feira, 24, a apresentação seria afetada por condições climáticas adversas? Apesar de precipitações preencherem a tarde do domingo, a chuva parou momentos antes do duo Balu Brigada (show de abertura) subir ao palco.
A banda neozelandesa de groove pop cantou, ao todo, sete canções, e foi uma boa surpresa para o aquecimento. Pontualmente às 20h45min, foi a vez do Twenty One Pilots.
Enérgico, o baterista Josh Dun comandou a abertura com a introdução da música “Overcompensate”, primeira faixa do álbum “Clancy”. De repente, Tyler Joseph correu e pulou sobre seu piano, sincronizando o salto com o fogo no palco e “incendiando” a multidão.
O primeiro “ato” foi marcado por suas vestimentas. Usando máscara, ele se fantasiou de Clancy, personagem da narrativa iniciada no disco “Blurryface” (2015). Na história, cujo enredo aborda metaforicamente a saúde mental, Clancy é o protagonista de uma batalha contra a opressão em Dema, cidade fictícia controlada por nove bispos que representam inseguranças do vocalista.
Twenty One Pilots em São Paulo: “Teletransporte” e interação com o público
Após “Overcompensate”, Tyler seguiu mascarado nas músicas “Holding On To You” (na qual foi erguido pela plateia), “Vignette” e “Car Radio”. Antes conhecida por ser o momento em que o vocalista escalava uma torre montada no show, a faixa virou “portal” para outra apoteose: em certo instante no palco, segundos depois ele se “teletransportou” para outra estrutura.
A explicação da “mágica” é, na verdade, o uso de dublê, mas encantou o público, sem dúvidas. Uma das marcas dos shows da banda é a interação com a plateia. Na faixa seguinte, “The Judge”, os telões mostraram um vídeo gravado com fãs no dia da apresentação. Eles cantavam os versos da música até o refrão, quando os holofotes voltaram para o vocalista.
O repertório do show mesclava canções antigas e recentes, como a sequência “The Craving (Jenna’s Version)” (2024), “Tear in My Heart” (2015), “Backslide” (2024) e “Shy Away” (2021). Em “Heathens” (outro sucesso do duo), Tyler comandou o público para gritar “Watch It” e introduzir a canção.
As interações ocorreram também com o staff do show. Em “Routines In The Night”, o vocalista andou por diferentes espaços e cumprimentou seguranças pelo caminho. O gesto se repetiu em outras oportunidades.
Twenty One Pilots em São Paulo: Diferentes palcos e encanto de fã mirim
Não satisfeitos com a pirotecnia no palco principal ou com o “teletransporte” para outra estrutura, os músicos do Twenty One Pilots se dirigiram ao palco B, localizado entre os setores pistas premium e comum. O uso de outros palcos não é novidade em shows, mas sinalizam a vontade de deixar todos incluídos na apresentação.
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Após a junção das faixas “Addict With a Pen", "Migraine", "Forest" e "Fall Away", Tyler comandou show de luzes dos celulares da plateia em “Mulberry Street”, resultando em uma coreografia iluminada. Algumas canções e trocas de cenários depois, mais um ponto alto: a participação de uma pequena fã no vocal de “Ride” em um dos palcos secundários.
Maria Elisa cantando Ride no show do Twenty One Pilots pic.twitter.com/fzn16IqSvk
— Miguel Araujo (@sobrenomemiguel) January 27, 2025
Ao ouvir o nome de Maria Elisa, Tyler sorriu e disse que nunca tinha visto esse nome nos Estados Unidos. Empolgada, cantou com o vocalista a parte final e contagiou o público.
Twenty One Pilots em São Paulo: encerramento na multidão e encontro de gerações
Quase duas horas depois, a banda ainda tinha gás para a última música: “Trees”. Encerrando também em alta energia, o duo tocou tambores na multidão e uma “chuva” de confetes marcou o ato final da apresentação.
Na plateia, era possível ver ouvintes de diferentes gerações. O projetista e designer Thales Lima, 22, levou sua pequena irmã e seu amigo para o show (ambos se tornaram fãs por causa dele). Antes do início da atração, falou ao O POVO sobre a oportunidade e a importância da banda em sua vida.
“Ver o Twenty One Pilots é, para mim, uma celebração da vida”, disse. Ele acrescentou: “conheço a banda desde 2016, mas foi em 2018 que passei a ouvir mais e por acaso tive diagnóstico de ansiedade. Você ter algo para se apegar e saber que (a banda) fala sobre saúde mental, toda a história por trás, foi algo que me tranquilizou muito”.
Seu amigo, o assistente fiscal Rafael Oliveira, 23 anos, também destacou a trajetória do grupo: “fiquei mais obcecado pela banda na pandemia. Você fica muito isolado, não sabe exatamente o que vai acontecer. Acompanhar tudo o que eles falam, como “Fique vivo” (na faixa ‘Truce’), me ajudou muito. Sensação de agradecimento por estar aqui”.
Jurema Moreira estava acompanhada de seu filho, o estudante de arquitetura Guilherme, e de seu sobrinho, Herbert. Natural de Campinas (SP), ela ficou fã da banda por causa de Guilherme, e relata que ela ajudou muito seu filho no período da adolescência.
“Foi uma coisa muito boa na minha vida. Estive sempre com eles no fone de ouvido na minha adolescência e continua presente até hoje”, afirma Guilherme. Herbert contribui: “escuto quase todos os dias e marcou muitos momentos, várias fases boas da minha vida”.
*Repórter acompanhou o evento in loco
Twenty One Pilots em São Paulo: confira o repertório do show
- "Overcompensate"
- "Holding On to You"
- "Vignette"
- "Car Radio"
- "The Judge"
- "The Craving (Jenna's Version)"
- "Tear in My Heart"
- "Backslide"
- "Shy Away"
- "Heathens"
- "Next Semester"
- "Routines in the Night"
- "Addict With a Pen" + "Migraine" + "Forest" + "Fall Away"
- "Mulberry Street"
- "Navigating"
- "Nico and the Niners"
- "Heavydirtysoul"
- "My Blood"
- "Guns for Hands"
- "Lavish"
- "Ride"
- "Paladin Strait"
- "Jumpsuit"
- "Midwest Indigo"
- "Stressed Out"
- "Trees"