Choro Jazz transforma Jeri em 'paraíso da música' erudita e popular
Lia de Itamaracá foi a grande homenageada do festival, que reuniu moradores e turistas na praça principal de Jericoacoara, no litoral cearenseNo teclado da banda A Cor do Som, o músico Mú Carvalho celebra a experiência de “primeiro mundo” vivida no festival Choro Jazz em Jericoacoara (a 300 km de Fortaleza). “São dois paraísos. Tem a praia ali e o som aqui. Não é toda hora que a gente sobe num palco e se sente bem assim”, pontuou o compositor, entre aplausos da plateia, enquanto agradecia aos profissionais do evento pela qualidade técnica da experiência.
Os elogios ecoam os 15 anos do festival, que nasce para destacar a música instrumental brasileira em toda sua diversidade. O evento acaba de finalizar as programações de 2024 com reunião de nomes como João Bosco, Lia de Itamaracá, Mônica Salmaso, Vanessa Moreno, Jorge Helder, Nonato Lima e tantos outros artistas com projetos autorais que evidenciam a riqueza da música nacional.
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Lia foi a grande homenageada do evento, que, neste ano, passou também por Soure e Belém, no Pará, e Cariri e Fortaleza, no Ceará. “É bom estar no meio do povo, com crianças, adultos, para mim é muito bom. Eu quero ver até eu posso chegar, Deus é quem sabe, mas eu adoro (fazer show”)”, celebrou a pernambucana de 80 anos em entrevista ao O POVO. Com bom humor, emendou: “No Ceará, eu tenho história (risos), mas deixa para lá. Ai, mamãe (risos)”.
Com a Banda Ciranda do Mundo, com Ligia Fernandes (guitarra), André Luis (trombone), Erick Amorim (teclado e contrabaixo), Max Bruno (bateria) e Antonio José (percussão), a homenageada mobilizou o público em grande ciranda na noite do último domingo, 8. O show fechou uma semana marcada por encontros entre músicos de diferentes gerações.
Das mãos do diretor artístico do evento, Antonio Ivan Capucho, e da diretora-executiva, Aline de Moraes, Lia recebeu troféu com gravura de ciranda, símbolo marcante na trajetória da pernambucana. “Vejam como eu sou feliz, minha gente. O povo dá homenagem e Lia gosta que faça com ela viva, viva. O povo deixa morrer pra fazer homenagem a quem tá morto”, destacou, enquanto a plateia engajada aplaudia a artista.
Celebração da cultura popular no Choro Jazz
Também na noite de domingo subiu ao palco grupo Armenina do Coco de Fulô, de Jeri, representando a cultura popular tradicional da região. “É muito significativo para a gente e para a comunidade, principalmente por que a gente está abrangendo a cultura popular, que é uma cultura de rua que precisa que as pessoas estejam juntas cantando coro, batendo palma”, celebra Kamilla Farias Beissá, integrante do coletivo e moradora de Jeri há mais de dez anos.
“É muito importante ter uma experiência como essa desse festival porque a gente sai de dentro da gente e amplia o nosso olhar. A partir disso, a nossa música vai ganhando outros tipos de espaços e de falas. A gente sai desse pensamento dos grandes centros”, ressaltou Vanessa Moreno, que subiu ao palco no sábado, 7, e seguiu aproveitando o evento no domingo, 8, dia do seu aniversário. “Jeri é um privilégio”, saudou a artista paulista.
*Jornalista viajou a convite do evento
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