Mônica Salmaso celebra 'milagre' em noite chuvosa de Choro Jazz em Jeri

Com projeto que homenageia Milton Nascimento, Mônica Salmaso e André Mehmari lotaram praça de Jericoacoara

14:43 | Dez. 06, 2024

Por: Renato Abê
André Mehmari e Mônica Salmaso se apresentam em Jericoacoara no festival Choro Jazz (foto: Tainá Facó/Divulgação)

A chuva ameaçava chegar enquanto no centro do palco, cênica e intensa, Mônica Salmaso lia Guimarães Rosa (1908-1967). "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!”, cravou a paulistana, arrancando aplausos de uma plateia de turistas e moradores de Jericoacoara reunidos na praça principal da praia localizada a 300 km de Fortaleza.

O trecho do autor de "Grande Sertão: Veredas" atravessa a versão da música "A Terceira Margem do Rio", de Caetano Veloso e Milton Nascimento. Este, inclusive, foi o grande homenageado da noite de show realizado por Mônica e André Mehmari durante o festival Choro Jazz.

Com repertório de músicas como "Canção Amiga" e "Credo", o espetáculo "Milton" fechou a terceira noite da etapa Jeri do evento musical que já soma 15 anos de história. Neste ano, o Choro Jazz já passou por Soure e Belém, no Pará, e Crato e Fortaleza, no Ceará.

O projeto de Mônica, nascido durante a pandemia, mergulha na obra do compositor mineiro, refletindo as emoções intensas vividas nesse período de crise sanitária global.

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Em entrevista ao O POVO após o show, Mônica, que já percorreu o País com o show, ressalta que faz "todo o sentido" seguir apresentando o espetáculo e defende esse formato íntimo ao lado de Mehmari desenvolvido virtualmente durante período de isolamento social.

"Foi lindo demais aqui em Jeri. Só reafirma o que a música faz. Ela conecta as pessoas, humaniza a gente, organiza o que a gente sente. A música cura, ela manda a tristeza embora e ensina a gente a onde colocar a tristeza. O show foi lindo, virou uma celebração, uma missa de amor", pontuou a artista.

O clima de "missa" foi marcado por muita concentração da plateia que acompanhava cada movimento vocal da voz de "Minha Palhoça" e "A Violeira". Mesmo com o clima chuvoso, a praça ficou lotada em noite de aplausos calorosos.

"Um festival que existe assim lindamente há 15 anos merece todos os apoios. Espero que continue (o apoio). A cidade se transforma, vem gente de tudo que é canto", apontou a artista ao evidenciar o desafio de realizar, Brasil afora, um festival com tantos músicos envolvidos. Em 2024, o Choro Jazz segue com apoio da Petrobrás e a edição de 2025 já está garantida com a manutenção desse fomento.

Choro Jazz segue até domingo, 8

A sexta-feira, 6, tem às 20h30min o show “Canções em Movimento”, com Gelson Oliveira, Nelson Coelho de Castro e Zé Caradípia - todos nas vozes e nos violões, ao lado de Matheus Kleber nos teclados e Giovanni Berti na percussão. Já às 22h sobem ao palco Paulo Sérgio Santos (clarinete), Mauricio Carrilho (violão) e Pedro Amorim (bandolim), o grupo O Trio.

Às 23h30min é a vez do João Bosco Quarteto, com o músico mineiro ao lado de Ricardo Silveira (guitarra), Guto Wirtti (contrabaixo) e Kiko Freitas (bateria).

No sábado, 7, a partir de 20h30, serão dois shows, começando com Vanessa Moreno com o espetáculo "Solar" ao lado de Felipe Martins (piano e teclado), Michael Pipoquinha (contrabaixo) e Renato Galvão (bateria). O guitarrista Pedro Martins faz participação especial.

Às 22 horas do sábado tem o grupo A Cor do Som, com Armandinho Macedo na guitarra, Mú Carvalho no teclado, Dadi Carvalho no contrabaixo, Gustavo Schroeter na bateria, Ary Dias na percussão, em uma das apresentações mais esperadas desta edição do Festival Choro Jazz.

No domingo, 8, a partir de 19h30, o último dia de festival começa pela apresentação de Armenina do Coco de Fulô, de Jeri, representando a cultura popular tradicional e os artistas de Jericoacoara.

Às 20h30min, o saxofonista Jota P e Grupo, com Danilo Silva na guitarra e participação de François de Lima no trombone.

Às 22 horas, encerrando o Choro Jazz 2024, a grande homenageada do festival, Lia de Itamaracá, ganha o palco de Jeri ao lado da Banda Ciranda do Mundo, com Ligia Fernandes (guitarra), André Luis (trombone), Erick Amorim (teclado e contrabaixo), Max Bruno (bateria) e Antonio José (percussão).

Choro Jazz

  • Quando: até 8 de dezembro de 2024
  • Onde: Praça principal na vila de Jericoacoara
  • Programação gratuita
  • Mais informações: @chorojazz no Instagram