De Família Addams a Djavan, Bianca Gismonti mobiliza Jeri no Choro Jazz

Artista carioca celebrou, no palco em Jericoacoara, o aniversário do pai, Egberto Gismonti, durante a 15ª edição do festival Choro Jazz

14:16 | Dez. 06, 2024

Por: Renato Abê
Festival Choro Jazz recebe em Jericoacoara show de Bianca Gismonti, Fernando Peters e Julio Falavigna (foto: Taina Faco/Divulgação)

Diante de uma plateia engajada, Bianca Gismonti não quis fazer charme. "Nem vamos fingir nada, né?, brincou enquanto não cumpria o ritual de deixar o palco e já entregava logo o bis que o público pedia em coro de "mais uma, mais uma".

Turistas e moradores ocuparam a Praça Principal de Jericoacoara (a 300 km da Capital) na última quinta-feira, 5, e mantiveram os olhos atentos até o último momento da apresentação da pianista carioca durante o festival Choro Jazz.

Para encerrar, a também cantora e compositora trouxe aos presentes um baião chamado "Família Addams em Alagoas". "Vocês vão entender", disse, aos risos, evidenciando como a melodia da obra lembrava a da trilha sonora da clássica série de terror que apresentou a personagem Wandinha à cultura pop global.

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Além da irreverência, o show teve espaço para contemplação, poesia, diversidade de ritmos e, sobretudo, para o talento musical de Bianca ao lado de Júlio Falavigna (bateria) e Fernando Peters (contrabaixo). Os três, concentrados diante do movimento do espaço público, se uniram no palco em harmonia e empolgação.

O show, intitulado "Novo Set", passou por canções de Milton Nascimento, Djavan e, claro, Egberto Gismonti, pai de Bianca e um dos maiores instrumentistas do País. A noite de Choro Jazz, inclusive, se desenrolava no dia de aniversário de 77 anos do compositor de "Parque Laje", "Loro" e "Palhaço".

Esta última música foi apresentada, com emoção, por Bianca ao público de Jeri. "As pessoas sempre usam essa música durante o parto, em casamentos", conta, relatando que a obra é dispositivo para relatos de momentos familiares que ela e o pai recebem constantemente.

Outro ponto alto da apresentação foi o coro da plateia para "Encontros e despedidas", composição de Bituca muito difundida também na voz de Maria Rita. "É difícil ficar deprimida em Jeri", brincou a carioca diante das reações de emoção do público com a canção.

Bianca ressaltou a oportunidade de apresentar o repertório em festival que já soma 15 anos de importantes encontros musicais. "Fiquei especialmente feliz porque tem muitas mulheres na programação", celebrou. Além dela, o evento une em Jeri nomes como Lia de Itamaracá, Mônica Salmaso, Vanessa Moreo, Armenina do Coco de Fulô e outras.

A artista, que tem no currículo álbuns como "Sonhos de Nascimento" (que contou com a participação de Naná Vasconcelos), "Primeiro Céu" e "Desvelando Mares", abriu a terceira noite da etapa Jeri do Choro Jazz 2024. Neste ano, o evento passou por Soure e Belém, no Pará, e também por Crato e Fortaleza, no Ceará.

Choro Jazz segue até domingo, 8

A sexta-feira, 6, tem às 20h30min o show “Canções em Movimento”, com Gelson Oliveira, Nelson Coelho de Castro e Zé Caradípia - todos nas vozes e nos violões, ao lado de Matheus Kleber nos teclados e Giovanni Berti na percussão. Já às 22h sobem ao palco Paulo Sérgio Santos (clarinete), Mauricio Carrilho (violão) e Pedro Amorim (bandolim), o grupo O Trio.

Às 23h30min é a vez do João Bosco Quarteto, com o músico mineiro ao lado de Ricardo Silveira (guitarra), Guto Wirtti (contrabaixo) e Kiko Freitas (bateria).

No sábado, 7, a partir de 20h30, serão dois shows, começando com Vanessa Moreno com o espetáculo "Solar" ao lado de Felipe Martins (piano e teclado), Michael Pipoquinha (contrabaixo) e Renato Galvão (bateria). O guitarrista Pedro Martins faz participação especial.

Às 22 horas do sábado tem o grupo A Cor do Som, com Armandinho Macedo na guitarra, Mú Carvalho no teclado, Dadi Carvalho no contrabaixo, Gustavo Schroeter na bateria, Ary Dias na percussão, em uma das apresentações mais esperadas desta edição do Festival Choro Jazz.

No domingo, 8, a partir de 19h30min, o último dia de festival começa pela apresentação de Armenina do Coco de Fulô, de Jeri, representando a cultura popular tradicional e os artistas de Jericoacoara.

Às 20h30min, o saxofonista Jota P e Grupo, com Danilo Silva na guitarra e participação de François de Lima no trombone.

Às 22 horas, encerrando o Choro Jazz 2024, a grande homenageada do festival, Lia de Itamaracá, ganha o palco de Jeri ao lado da Banda Ciranda do Mundo, com Ligia Fernandes (guitarra), André Luis (trombone), Erick Amorim (teclado e contrabaixo), Max Bruno (bateria) e Antonio José (percussão).

Choro Jazz

  • Quando: até 8 de dezembro de 2024
  • Onde: Praça principal na vila de Jericoacoara
  • Programação gratuita
  • Mais informações: @chorojazz no Instagram