Leonardo é listado pelo Governo por trabalho escravo em fazenda
Após fiscalização em fazenda em Goiás, cantor Leonardo tem nome incluído em lista do Governo por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão
00:52 | Out. 08, 2024
O cantor Leonardo foi incluído na “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão em uma de suas fazendas.
Divulgado nesta segunda-feira, 7, a verificação realizada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) traz nomes de pessoas físicas e jurídicas que tenham sido flagradas promovendo más práticas no ambiente rural.
Revelada semestralmente, a listagem atual traz 727 nomes, sendo 176 novos, incluindo o de Emival Eterno da Costa – nome de batismo do cantor sertanejo Leonardo.
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Trabalhadores de fazenda de Leonardo viviam em condição análoga à de escravo
No documento, a fazenda Talismã, localizada no município de Jussara, em Goiás, apresentou seis trabalhadores envolvidos em situação análoga à escravidão, após fiscalização realizada em novembro de 2023.
De acordo com o site Repórter Brasil, as seis pessoas, que incluem um adolescente de 17 anos, viviam em “condições degradantes”, dormindo em uma casa abandonada, sem água potável, banheiro e camas.
Conforme o MTE, é considerado trabalho realizado em condição análoga à de escravo na existência de:
- submissão de trabalhador a trabalhos forçados;
- submissão de trabalhador a jornada exaustiva;
- sujeição de trabalhador a condições degradantes de trabalho;
- restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida contraída, seja por meio do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, ou por qualquer outro meio com o fim de retê-lo no local de trabalho;
- vigilância ostensiva no local de trabalho por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
- posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
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Leonardo se diz ‘surpreso’ com nome em ‘lista suja’ de trabalho análogo à escravidão
Ao Repórter Brasil, Paulo Vaz, advogado do cantor Leonardo, detalhou que o caso ocorreu em uma área arrendada da Fazenda Lakanka, também de propriedade do artista sertanejo, e que a contratação era responsabilidade de um terceiro.
“Tratava-se de uma área arrendada, todas essas pessoas tiveram as indenizações pagas e os processos se encontram arquivados”, disse. Em 2022, o terreno em questão havia sido locado para um terceiro para plantio de grãos.
O nome de Emival Eterno da Costa aparece na lista do governo federal devido à limpeza e preparação do espaço ainda serem responsabilidades do proprietário.
Após a divulgação da lista do MTE, o cantor se pronunciou nas redes sociais afirmando estar “surpreso” por ter seu nome incluído na “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Quero dizer a vocês que, em 2022, eu arrendei a fazenda para que o arrendatário plantasse soja, milho, ou o que ele quisesse. Se eu ‘arrendo’ a fazenda para ele, ele tem o direito de plantar o que quiser, entenderam? (...) De repente, fui visitado pelo Ministério Público do Trabalho, com todo o respeito a vocês. Eles foram muito bem recebidos na minha fazenda e foi lavrada uma multa para mim, que sou o proprietário da fazenda. Mas não da Fazenda Talismã, e sim da Fazenda Lakanka, onde arrendei para ser plantada soja, entenderam?”, explicou.
O sertanejo acrescentou não conhecer os funcionários que moram no terreno que foi fiscalizado pelo SIT e afirmou ser contra as práticas de trabalho que são análogas à de escravidão.
“Não conheço quem estava lá naquelas casinhas, nem quem os colocou lá, porque, gente, eu já plantei tomate. Eu sei como é a vida, é difícil, e do fundo do meu coração, jamais faria algo assim, entenderam?”, completou.