No Dia Mundial do RBD, grupo chega a acordo com o ex-empresário

Completando 20 anos da exibição da novela Rebelde, fãs também comentam o impacto da banda em suas vidas

22:30 | Out. 04, 2024

Por: Estela Félix
RBD (foto: Divulgação)

No Dia Mundial do RBD, 4 de outubro, completando 20 anos da exibição da novela “Rebelde”, em um comunicado publicado na rede social Instagram, os integrantes Maite Perroni, Christopher Von Uckerman e Christian Chávez comemoraram o fim de uma batalha na justiça contra o ex-empresário Guillermo Rosa, que foi acusado de desviar dinheiro da “Soy Rebelde Tour”.

O valor final acordado foi de 4,723,591,00 milhões de dólares, o equivalente a 25,7 milhões de reais. "Hoje, no dia mundial de RBD, não há melhor forma de celebrá-lo do que fazendo justiça. Finalmente, depois de um ano, este assunto foi concluído. A verdade está do nosso lado", começou a nota.

Em janeiro deste ano, Maite Perroni confirmou que Guillermo Rosa tinha sido afastado do gerenciamento do grupo. Os boatos sobre o afastamento começaram quando Anahí, com quem Rosas mantinha uma relação de longa data, retirou os dados da empresa da sua bio do perfil no Instagram. Em seguida, Christopher Uckermann e até Andrés Tovar, marido da Maite, deixaram de seguir o empresário.

Como surgiu o RBD e o Dia Mundial do RBD?

O primeiro capítulo da telenovela mexicana “Rebelde”, que deu origem ao grande fenômeno RBD, ia ao ar em 4 de outubro de 2004. Produzida pela Televisa, a obra foi exibida originalmente no canal Las Estrellas até o dia 2 de junho de 2006, em três temporadas.

O grupo não era um sucesso só nas telas, mas também nos palcos com os cantores e atores Alfonso Herrera, Anahí, Christian Chávez, Christopher von Uckermann, Dulce María e Maite Perroni, que interpretavam os protagonistas da obra.

O grupo vendeu mais de 20 milhões de cópias em aproximadamente quatro anos de atividade, além de lotar estádios realizando shows ao redor do mundo, sempre batendo recordes de audiência e de vendas.

Mesmo após o fim da novela, o grupo seguiu fazendo shows até o ano de 2009, sendo referência no pop mexicano e influenciando que pessoas de vários países passassem a querer aprender a falar espanhol.

Devido ao impacto no pop e por ser o dia da estreia da obra, os fãs decidiram que a data de 4 de outubro seria o Dia Mundial do RBD. Nesta data, os integrantes costumam dar algo aos fãs, seja uma declaração, relembrar os bastidores, anunciar lançamentos, etc. Neste ano, os fãs aguardam o anúncio do lançamento do documentário da turnê e do show gravado no Brasil em 2023.

No Brasil, “Rebelde” foi exibida pela primeira vez pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) entre 15 de agosto de 2005 e 29 de dezembro de 2006. Teve reprises entre setembro de 2013 e março de 2015, e, novamente, a partir de 12 de junho de 2023.

A última reprise foi em homenagem à “Soy Rebelde Tour”, turnê que marcou o reencontro do grupo 15 anos após sua última série de shows, celebrando toda a discografia.

Entretanto, Alfonso Herrera, por motivos pessoais, decidiu não participar do projeto, seguindo assim a banda com apenas 5 integrantes. O Brasil sempre teve um dos maiores públicos do grupo. Com o anúncio do reencontro, vários fãs se preparam para ver de perto o que poderia ser a única oportunidade de poder ver o último show do RBD.

Tarcísio Mendes, estudante de Letras Libras da Universidade Federal do Ceará (UFC) e morador da Maraponga, foi sozinho ao show e revela que fez novos amigos nas fila dos shows e no hotel.

Ele conheceu a banda em 2005, na primeira exibição da novela no Brasil. “Foi amor à primeira vista e não só pra mim, mas para as outras crianças que estudavam na minha escola na época. Todo mundo adorava, Rebelde e RBD era uma unanimidade.”

Ele teve a oportunidade de ir em três shows do grupo quando era criança. O primeiro foi em setembro de 2006, que aconteceu no Marina Park. O segundo foi em abril de 2008 em Brasília, onde foi gravado o DVD. O último foi em novembro de 2008 no Siará Hall.

“Na oportunidade da ‘Soy Rebelde Tour’ aqui no Brasil me organizei para ir no máximo de shows que eu conseguisse. Com isso fui aos shows nos dias 17, 18 e 19 de novembro em São Paulo, no Allianz Parque. Vi um show com a Anahí doente, um show sem a Anahí e um show com a Anahí recuperada das dores. Foram muitas emoções nesses três dias. Esses shows de São Paulo foram gravados e devem virar um registro audiovisual lançado pelo grupo que deveria ter sido anunciado hoje no Dia Mundial do RBD. Até agora seguimos na espera”, desabafa Tarcísio.

Já Naryane Gomes, estudante de jornalismo da Unic Cearense e moradora do Bom Sucesso, foi com duas amigas, Maria Clara Oliveira e Josiane Paz, para o show que aconteceu no Rio de Janeiro. As três nunca tinham andado de avião e nem saído do Ceará.

Na fila fez várias amizades que mantém contato até hoje. A estudante relata que a relação com o RBD começou ainda na infância, com aproximadamente 9 anos de idade.

“Primeiro começou um ‘surto’ na escola onde eu estudava. As meninas só falavam disso e eu fui atrás de saber o que era. De repente eu já estava participando de um grupo de cover, onde nós nos apresentamos em escolas e festivais. Chegamos a ganhar troféus. O nosso grupo se chamava ‘RBD Generación Brasil’. “

Em decorrência da pouca idade, Naryane e os amigos, na época do cover, não tinham muitos recursos para adquirir os figurinos das apresentações, então pegavam roupas emprestadas de conhecidos.

“Era bota, top, saia, legging, tudo para tentar fazer uma roupa parecida para as apresentações. Foi a melhor fase das nossas vidas. Nós criamos laços e vínculos que duram até hoje, cada um atualmente com 29, 30 anos. A partir do RBD aprendemos noções de amizade, de iniciação na fase de relacionamentos amorosos e todas essas coisas. Aprendemos a lutar pelos nossos sonhos através da banda e da novela.”

Ela não conseguiu ir assistir aos shows que aconteceram em Fortaleza nos anos de 2006 e 2008 e sempre sonhou em poder presenciar as apresentações. No ano de 2020 houve pandemia do covid-19 e 5 dos 6 integrantes se reuniram para uma live paga. A ex-cover pagou para assistir, sempre com o sonho de que acontecesse a reunião dos integrantes e um show deles ao vivo para que ela pudesse ir.

 

Dia Mundial do RBD: o amor pelo grupo

Tarcísio Mendes explica que logo quando os primeiros shows foram anunciados ele começou a se planejar e foi atrás de conseguir passagem e hospedagem. No primeiro dia de venda dos ingressos no site ele não conseguiu entrar na página de ingressos para comprar e ficou muito mal, mas que no segundo dia de vendas ele conseguiu o ingresso para o dia 19. Depois entrou em grupos de fãs e procurou por amigos e conhecidos vendendo os ingressos dos dias 17 e 18. Ele afirma não ter se endividado, pois planejou por muitas semanas.

O estudante de letras acredita que a maior loucura que fez foi em São Paulo, pois chegou na fila do estádio às 4h50 da manhã porque não conseguiu dormir no hotel devido a ansiedade e acabou enfrentando um dia todo no sol.

Ele informa que durante os shows o que mais lhe tocou foi o fato de amigos que gostam do RBD e não tiveram a oportunidade de ir aos shows. “Eu queria fazer com que elas fizessem parte de alguma forma. Na hora dos shows, eu fazia videochamadas com meus amigos que estavam em Fortaleza e foi lindo. Os olhos enchem de lágrimas quando lembro do rosto emocionado de vários deles por terem sido lembrados ali naquele momento tão especial. Trouxe lembrancinhas pra quem eu não consegui ligar e todo mundo tem um momento especial dali comigo.”

“Eu aprendi a ser fã, a gostar de um grupo que, mesmo que nem esteja mais ativo pra valer, me motiva frequentemente a seguir meus sonhos e não me conformar com o óbvio em suas letras de música.
O RBD me deu amigos que estão comigo até hoje, e nesse retorno me deu novos amigos também.
O grupo pra mim significa um amor incondicional mesmo, uma coisa que só quem é fã sente e entende”, conidencia o estudante de Libras.

Naryane Gomes aponta que o RBD a inspirou a sempre lutar pelos seus sonhos e a nunca desistir. “Me inspirou a lutar e a não ter medo de ser quem sou, mesmo que as outras pessoas possam não gostar.”

A compra dos ingresso, de acordo com a fortalezense, foi um “caos”, pois esgotaram em torno de 4 minutos. “Era para ser, era para acontecer. Na mesma hora que a Evetim ia abrir a fila para a venda geral aconteceram várias coisas. Eu estava no trabalho e minha chefe chegou, assim eu não pude entrar na fila. Então a Josiane entrou na fila faltando 1 minuto para as 10h e às 10h em ponto ela já estava comprando meu ingresso de pista premium. Ela conseguiu comprar para mim. Quando soube eu liguei por vídeo chorando bastante, não conseguia dizer nada, só agradecer.

“Eu me desloquei de Fortaleza, pela primeira vez de avião, morrendo de medo, para o Rio de Janeiro com minhas duas amigas para realizar o nosso sonho. Fomos para o show do dia 10 de novembro, no estádio do Engenhão. Gastamos o que não tínhamos para fazer essa viagem. Fomos no setor pista premium, o mais caro, para poder ter a chance de chegar mais perto deles, dos nossos ídolos. E tudo valeu a pena, tudo, absolutamente tudo. E eu faria novamente. Hoje, 4 de outubro, eu estou esperando que saia o anúncio do documentário e do show gravado em São Paulo”, relata Gomes.

Dia Mundial do RBD: as roupas do show

Tarcísio decidiu desde o início que usaria os uniformes dos protagonistas na novela. “Entre abril e maio eu comecei a pesquisar (as referências das roupas) para mandar fazer. Hoje em dia existem lojas de fãs especializadas em reproduzir os uniformes. Era muito engraçado a saída dos shows, porque todo mundo usava o uniforme. Parecia uma convenção de escola mesmo.”

Para ele, o RBD trazia uma liberdade para as pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, principalmente aos meninos. “Se fossem somente meninas no grupo, seria ainda mais difícil pros garotos serem fãs do grupo. Era algo como ‘bom, não posso ser a Mia Colucci agora mas posso ser o Giovanni ou o Diego pelo menos’. Já em carreira solo, eu tive uma identificação mais pessoal com o Christian, por exemplo, e pude entender mais sobre a tão falada representatividade.”

Naryane declara que por ter sido cover não queria usar o óbvio como os uniformes. “Eu pensei em reproduzir uma das roupas que a Anahí estava usando na turnê, que era um top branco com brilhos e a saia de frufru.”

Ela fez tudo à mão, blusa e saia. A bota comprou na Shopee, mas veio com a cor errada. Ela não desanimou e colou por cima da bota um pano rosa para ficar parecida com a bota da cantora Anahí. “Os apliques da blusa eu colei um por um. A coroa que a Anahí usa, de princesa, eu comprei no centro do Rio. A maquiagem nós mesmas fizemos. Acordamos super cedo, na verdade nem dormimos, para ir para a fila cedo.”