Com 45 anos de carreira, Moacyr Luz planeja disco com Fagner
Músico por trás do projeto Samba do Trabalhador, Moacyr Luz apresentou show no Festival Choro Jazz e compartilhou projetos com FagnerUm encontro no supermercado que ocasionou algumas canções. Esta é uma das lembranças do músico e compositor Moacyr Luz da primeira vez em que encontrou o cantor Fagner. "A gente se esbarrou, sentamos numa das mesas e, no dia seguinte, fizemos três músicas", relembrou durante coletiva de imprensa realizada no último sábado, 21, no Festival Choro Jazz.
As três músicas criadas inicialmente pelos dois acabaram se transformando num montante com cerca de 23 faixas, material que o carioca pretende divulgar em um disco produzido em conjunto com o cearense, ainda sem previsão de lançamento.
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"Está nos planos, falei com ele há uma semana: 'Vamos desenvolver nossas músicas'. Estamos indo devargazinho. Sou um camarada que, se pudesse, faria (o álbum) amanhã de manhã. Não tenho mais vida para ficar esperando", completou.
Moa, como também é conhecido, carrega a tradição do samba do Rio de Janeiro, mas é apreciador da música do Ceará. Antes do show realizado no Choro Jazz, o artista acompanhou, do lado do palco, a mistura de ritmos da apresentação de Carlinhos Patriolino & Choro Cabuloso.
“O Patriolino é um cara que conheço há muitos anos, acho que tocamos juntos em 1996. Sempre me encantei com a brasilidade do repertório. E você vê a plateia respeitando a música instrumental”, comentou. “É um evento que salva o Brasil da hipocrisia, da mesmice. É muito importante existir para educar o povo interessado na música brasileira”.
Do Rio de Janeiro ao Cariri
Moacyr comandou um show surpreendente como parte da programação do Centro Cultural do Cariri, no Crato. Afinal, como pontuou, "estar num festival de choro e jazz tocando um samba é uma vitória".
Levar o gênero, comumente à parte do cenário da música instrumental, desencadeou uma emoção potencializada com a receptividade do público. "Emociona muito, 'bicho'. Fiquei emocionado na hora que saí do hotel", enfatizou.
Dos 66 anos, o músico já soma 45 em contato profissional com a arte. São cerca de 16 anos convivendo com o Parkinson e, mais recentemente, com os desdobramentos de um câncer e um edema pulmonar. As questões relacionadas à saúde não interferem na grandeza de Moa em cena.
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Ao lado dos companheiros do projeto Samba do Trabalhador, roda de samba que preenche as segundas-feiras da capital do RJ, o compositor levantou os espectadores caririenses ao entoar grandes sucessos gravados por nomes como Zeca Pagodinho, Fafá de Belém e Martinho da Vila.
Em, aproximadamente, 1 hora e meia de show, ele tocou, cantou e dialogou com o público durante músicas como “Toda a Hora”: “amigo eu nunca fiz bebendo leite/ amigo eu nunca fiz bebendo chá”.
Fez, também um medley com “Argumento”, cantada por Paulinho da Viola, e “Sonho Meu”, interpretada por Maria Bethânia. É um repertório volátil, revelou Moacyr: “O mecanismo é o mesmo, não tem roteiro. Quem vai fazer o roteiro é o público. A gente sabe como começa, não como termina”.
20 anos do Samba do Trabalhador
Em 2025, o Samba do Trabalhador comemora 20 anos de atividade. A roda de músicos lota as segundas do Clube Renascença, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O evento reúne público de todas as gerações e o marco deve ser comemorado com um novo disco, também sem data para ser lançado. Um dos trabalhos mais recentes é o álbum "Orquestra Bamba Social Revisita Moacyr Luz" (2024), obra que celebra a trajetória do artista na composição.
"Quando você escolhe a vida de compositor, você já sabe que o processo é dolorido, solitário, e você tem que fazer sua música, as pessoas descobrem depois. Você não faz uma música de sucesso, ela vira sucesso. Quando você faz uma música pensando em sucesso, é efêmero, não dura".