Dia da Cachaça: veja origem, curiosidades e onde comemorar a data

Com o dia Nacional da Cachaça caindo na sexta-feira, 13, veja lugares para visitar, origem da data, importância para o mercado brasileiro e mais

O Dia Nacional da Cachaça é celebrado no Brasil em 13 de setembro. Neste ano, a data caiu no último dia útil da semana, sendo mais propício à comemorações. Contudo, a colunista do Comes & Bebes do O POVO, Marbênia Gonçalves, atenta para a ressignificação dos rituais de consumo da cachaça.

Segundo a sommelière, quando as pessoas pensam no "cachaceiro", logo vem à mente uma figura associada ao adjetivo bêbado e alcoólatra. Todavia, esse preconceito pode ser ressignificado, principalmente quando há um aumento na busca por hábitos saudáveis, que se espelham nos modos de beber.

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“Então o foco é beber menos e beber melhor, ou seja, a degustação da cachaça prima pela qualidade da bebida e não a quantidade, visando o consumo consciente”, comentou a especialista.

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Dia da cachaça: saiba origem da data

O Dia Nacional da Cachaça, que também conhecida como "aguardente de cana" ou "pinga", foi instituído para reconhecer a importância histórica, cultural e econômica dessa bebida tipicamente brasileira, que é um dos símbolos da identidade nacional.

De acordo com site oficial do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o dia 13 de setembro foi escolhido em referência a um episódio histórico ocorrido em 1661, conhecido como a Revolta da Cachaça, quando a bebida foi proibida pela Coroa Portuguesa, que tinha interesse em promover a venda de vinhos e destilados importados.

Os produtores brasileiros se revoltaram contra a proibição, o que levou à liberação da produção e venda da cachaça no Brasil. Sendo oficialmente reconhecida como um produto brasileiro em 2003, por meio de uma legislação específica.

O que é preciso para a bebida ser considerada cachaça?

Para ser considerada cachaça, a bebida precisa ter entre 38% e 48% de teor alcoólico e ser produzida a partir da cana-de-açúcar.

No exterior, especialmente nos Estados Unidos e Europa, o reconhecimento da cachaça como produto genuinamente brasileiro foi um passo importante para a expansão das exportações. Confira:

Dia da cachaça: importância para o mercado brasileiro

A cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo, e o único produtor é o Brasil, que tem capacidade instalada de produção anual de 1,2 bilhão de litros. Sendo 15,5 bilhões de movimentações na cadeia produtiva, tornando uma das atividades que mais movimenta a economia, principalmente nas regiões rurais do Brasil.

Conforme o Anuário da Cachaça 2024, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a exportação de cachaça em 2023 alcançou 76 países diferentes, com um volume total de 8.618.832 litros exportados. No mesmo ano, a atividade de fabricação de aguardente de cana-de-açúcar gerou 6.371 empregos diretos.

Embora tenha havido uma redução de 7,5% no volume de cachaça exportado, o valor total das exportações aumentou 0,7%, alcançando US$ 20.242.453, o maior montante da série histórica.

Este aumento no valor reflete a valorização do destilado no mercado internacional, destacando a qualidade e o prestígio da bebida, que hoje tem sua produção regulada por lei, significando uma contínua melhoria nos processos de produção e no aperfeiçoamento dos profissionais que trabalham na área.

Para Marbênia Gonçalves, o que diferencia e valoriza a cachaça é a riqueza de cores, aromas e sabores que as madeiras imprimem à bebida. "São quase 30 madeiras usadas em barris para armazenamento e envelhecimento da cachaça, grande parte dessas madeiras são nativas do Brasil”, explica a gastróloga.

Além disso, o reconhecimento vem com as premiações em concursos nacionais e internacionais de destilados. Sendo alguns rótulos disputados por colecionadores do mundo inteiro, refletindo a importância econômica e social do setor.

Dia da cachaça: conheça os diferentes tipos de cachaça

A cachaça, que é produzida a partir da destilação do caldo da cana-de-açúcar fermentado, tem um papel central na cultura brasileira, sendo usada em festas, celebrações e na tradicional caipirinha, um dos coquetéis mais conhecidos internacionalmente.

De acordo com Marbênia, que também é professora universitária na área de bebidas e harmonização, a cachaça pode ser consumida pura ou em drinques, e há uma grande variedade de estilos e sabores, influenciados pelo método de produção, tipo de madeira usada no envelhecimento e as condições climáticas.

Algumas cachaças são brancas (não envelhecidas), enquanto outras passam por um processo de envelhecimento em barris de madeira, o que confere sabor e cor à bebida. Segundo ela, o Mapa estabelece a classificação da cachaça em três tipos:

1. Quanto ao processo de destilação

Cachaça de Alambique: produzida exclusivamente em alambique de cobre; - Cachaça: produzida por outro método de destilação ou resultante de vários método de destilação.

2. Quanto ao processo de maturação

Cachaça envelhecida – que passou pelo menos 50% da bebida, por recipiente de madeira com no máximo de capacidade de 700 litros, por no mínimo 1 ano.

A cachaça que foi envelhecida em sua totalidade (100%) por no mínimo 1 ano, poderá ter a indicação no rótulo de Cachaça Premium, e se foi envelhecida em sua totalidade (100%) por pelo menos 3 anos, poderá ser rotulada como Extrapremium; e a Cachaça armazenada que tem passagem por madeira que não se enquadra na classificação anterior.

3. Quanto ao teor de açúcar

Cachaça adoçada – adicionada de açúcares de 6g/l a 30g/l; e Cachaça com adição de açúcares menor que 6 g/l.

Cachaça branca e amarela

Em relação à cachaça branca, ela pode passar por inox ou ter passagem em madeira que não aporta a cor, como o Amendoim, Freijó ou Jequitibá-branco. Elas geralmente são comercializadas como Prata, Tradicional ou Clássica. “E quando a cachaça passa por madeira e sua cor fica mais amarelada, ela é definida como Ouro”, explica a especialista.

Ao ser questionada sobre sua cachaça favorita, Marbênia disse que era uma questão difícil e explica que depende do momento. “Para o dia a dia, para abrir o apetite gosto da cachaça Vale do Lambedouro, de Viçosa do Ceará. Para sobremesa gosto da pernambucana Sanhaçu de Umburana”.

Ela continua: “Para contemplação eu aprecio as mineiras de Salinas: A Havana e a Anísio Santiago, que são consideradas ícones da cachaçaria Artesanal do Brasil, envelhecem por cerca de 12 anos”, disse.

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A cachaça mais premiada no mundo é do Ceará! Veja

A cachaça Aviador Prata, de Viçosa do Ceará, fabricada no Sítio Uruoca, ganhou medalha de ouro no concurso internacional London Competitions, enquanto a Cachaça Aviador Premium Ipê ganhou a medalha de prata. O resultado foi publicado no site oficial da London Competitions.

Em 2023, na Austrália, Aviador Prata também recebeu o prêmio de Cachaça do Ano na Austrália. Os critérios usados por especialistas para avaliação são qualidade, custo-benefício, design e outros.

A marca foi lançada no dia 23 de Outubro de 2020 pelo empreendedor Caio Carvalho, de Viçosa do Ceará, que é aviador de uma companhia aérea nacional.

Em 2022, o produtor também ganhou medalha de ouro no 20° Concurso Vinhos e Destilados do Brasil.

“A gente tem a cultura da produção da cana-de-açúcar desde a época do nosso bisavô", lembra Caio ao explicar para o site da Palassi Cachaçaria sobre os valores da empresa, que possui trabalho social focado no desenvolvimento da agricultura familiar.

"A marca Aviador está trabalhando para valorizar a cachaça de alambique, que é diferente das industriais, e também se tornar um nome de peso no mercado, representando a cachaça de qualidade do Ceará em todo o mundo", disse Caio.

Dia da Cachaça: veja lugares para visitar no Ceará

O Ceará é um estado rico em tradições e cultura ligadas à produção de cachaça, com vários lugares para visitar, especialmente no Dia Nacional da Cachaça.

A sommelière Marbênia cita alguns locais que podem ser visitados para conhecer mais sobre a bebida e a cultura local.

“Em Fortaleza temos a Embaixada da Cachaça que fornece diversos tipos de combos com vários estilos para degustação, e tem a simpatia e o talento do Altino Farias que tem toda a expertise e encanta a todos com seus conhecimentos sobre a cachaça”.

Para uma imersão nas cachaçarias e uma visita guiada “a dica é Roteiro dos Engenhos na cidade de Viçosa do Ceará, a Capital da Cachaça no Ceará, que anualmente promove o Festival Viçosa, Mel e Cachaça que reúne produtores em exposição e degustação da bebida”, explica a especialista.

Confira outros lugares no Ceará que podem ser visitados nesse contexto:

Casa dos Licores - Viçosa do Ceará

A Casa dos Licores é um ponto turístico em Viçosa do Ceará, conhecida pela produção artesanal de licores e cachaças. A cidade é famosa por sua tradição na destilação de cachaça e produtos derivados da cana-de-açúcar.

A Casa dos Licores oferece uma experiência cultural com degustação à vontade de cachaças, licores e geleias por R$ 15, venda de produtos locais e uma oportunidade de conhecer a história da casa e da bebida na região.

Museu da Cachaça - Ypióca, Maranguape

Localizado em Maranguape, na região metropolitana de Fortaleza, o Museu da Cachaça faz parte do parque histórico da Ypióca, uma das marcas de cachaça mais conhecidas do Brasil.

O museu oferece uma imersão na história da produção de cachaça no Ceará e no Brasil, com exposições que mostram todo o processo de produção da bebida, desde o plantio da cana-de-açúcar até a destilação. O local também possui áreas de lazer e degustação de cachaça.

Engenho São Luiz - Ubajara

O Engenho São Luiz é um dos mais tradicionais produtores de cachaça artesanal no Ceará.

Situado em Ubajara, uma cidade também famosa por suas paisagens e pelo Parque Nacional de Ubajara, o engenho oferece visitas guiadas, onde é possível acompanhar o processo de produção da cachaça, desde a moagem da cana até o engarrafamento.

Há também degustação de cachaças envelhecidas e outras variações.

Engenho Caraçuípe - Paraipaba

O Engenho Caraçuípe, em Paraipaba, é um dos mais antigos do Ceará e produz a famosa Cachaça Colonial. O local oferece visitas para conhecer o processo de produção artesanal e industrial da cachaça.

Há também degustações e a possibilidade de adquirir produtos diretamente do engenho. É uma excelente opção para quem deseja aprender sobre a tradição da produção cearense.

Cachaça Matriarca - Viçosa do Ceará

A Cachaça Matriarca é uma das novas referências na produção de cachaça artesanal de qualidade na cidade de Viçosa do Ceará.

O local oferece visitas guiadas com degustação de cachaças e licores artesanais. Com foco na valorização das tradições locais, além de promover eventos culturais e educativos sobre a produção de cachaça e a importância da bebida na região.

Engenho Dedé - Fortaleza

Embora esteja mais voltado para a comercialização, o Engenho Dedé, em Fortaleza, é um restaurante e loja que traz uma grande variedade de cachaças de diferentes regiões do Brasil, incluindo o Ceará.

No local, é possível experimentar e conhecer mais sobre a cultura da cachaça por meio de degustações e eventos especiais que ocorrem ao longo do ano.

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