Gramado: Rio Grande do Norte toma o palco do festival

Dirigido por Eliane Caffé, "Filhos do Mangue" mistura ficção e documentário numa comunidade ribeirinha; filme foi recebido com batuques

O tom de celebração de “Filhos do Mangue” começou no tapete vermelho do 52º Festival de Gramado com o extenso elenco que desfilou com dança, palmas e o batuque de um tambor antes de entrar na sala do cinema.

No palco, o paredão de pessoas surpreendeu até mesmo o cerimonial do evento, que foi inevitavelmente expandido pela quantidade de pessoas que precisavam falar ao microfone para apresentar o corpo coletivo que protagoniza essa história para além da ficção.

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Misturando com documentário, Eliane Caffé filma sua história numa comunidade ribeirinha na Barra do Cunhaú que fica em Canguaretama, no Rio Grande do Norte.

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O conflito central está sobre o personagem de Felipe Camargo, um homem violento que perdeu a memória e se vê em meio a um julgamento popular sendo acusado de roubo.

Como ele não lembra nem de quem é, a história começa sendo guiada de forma impressionante pelo elenco local, interpretando a revolta com grande seriedade.

A medida em que o filme avança, vamos sendo apresentados aos dramas reais dessa realidade, principalmente no convívio com homens agressores. Enquanto Titina Medeiros interpreta uma mulher vítima desse personagem fictício e sem memória, a trama também escuta relatos reais de mulheres que se reúnem para apoiarem umas as outras.

No palco, Wilaneide Campos revelou parte da sua história, ex-moradora de rua, tendo sofrido vários tipos de violência ao longo da vida. Jurema Terra reforçou a importância da representação de cada ponto de vista na narrativa.

“Importante poder trazer esse núcleo de mulheres com muitas histórias para contar, inclusive a minha própria história de formação da minha identidade de gênero como mulher trans”.

Embora o começo seja elevado com essa energia da presença da comunidade, sempre muito à vontade com a câmera, depois a história vai adormecendo ao passo em que tenta costurar seus traços da ficção.

A montagem frenética lembra seus trabalhos recentes como "Era o Hotel Cambridge" (2016) e "Para Onde Voam as Feiticeiras" (2018), mas dessa vez apertado por um enredo que gira em círculos.

Apesar disso, a presença do filme no Festival de Gramado dificilmente será esquecida – seja pelos quase 16 minutos de apresentação da equipe no palco, seja pela força de um elenco do Rio Grande do Norte que na tela consegue transmitir tanta naturalidade.

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