Gramado: Série da HBO repete a violência de ‘Cidade de Deus’

Com estreia marcada para final de agosto, a produção brasileira traz de volta personagens do filme "Cidade de Deus" 22 anos depois

21:20 | Ago. 12, 2024

Por: Arthur Gadelha
Com estreia marcada para final de agosto no Max, a produção brasileira traz de volta personagens do filme Cidade de Deus 22 anos depois (foto: RENATO NASCIMENTO/Divulgação)

Diferente da violência sarcástica de “O Clube das Mulheres de Negócios”, a segunda noite do 52º Festival de Cinema de Gramado terminou com uma crueldade do mundo real.

Aly Muritiba e grande parte do elenco apresentaram o primeiro episódio de “Cidade de Deus: A Luta Não Para”, série produzida pela HBO Brasil e Max que continua o clássico filme que moldou para o mundo uma imagem dura do cinema brasileiro em 2002.

No palco, Alexandre Rodrigues apresentou novamente seu personagem Buscapé, que na ficção agora é fotógrafo profissional e continua sendo utilizado pela imprensa tradicional para criar imagens da violência. A discussão por aqui, porém, é como essa mesma representação poderá ser reimaginada a partir do legado que essa história tem depois de tão revisitada e problematizada na nossa percepção de sociedade.

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“Eu interpreto uma personagem que no filme não tinha nem nome. Era a esposa do Mané Galinha. Agora o nome dela é Cinthia”, revelou Sabrina Rosa para dar o tom das mudanças que o projeto pretende alçar em relação à história anterior. “A série vai mostrar que existe afeto, existe amor, e existem mulheres fortes que têm nome na favela”, concluiu sob aplausos.

Apesar dessa esperança anunciada, o primeiro episódio é construído por uma narrativa muito semelhante a do filme, espelhando a montagem frenética para contar o que aconteceu com alguns dos personagens, trazendo de volta também figuras como Berenice, Barbantinho e até mesmo uma das crianças que assassinou Zé Pequeno numa das cenas mais chocantes do nosso cinema recente.

O desfecho do episódio, com uma Andréia Horta surpreendentemente explosiva, restaura um impulso de violência muito familiar ao filme de 2002, mas que hoje estamos desacostumados a ver nas telas dessa forma.

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Se na época foi celebrado para depois ser questionado pela forma como explora a violência e a pobreza, fico ansioso para ver como este novo capítulo será recebido hoje, momento em que muitas questões morais, éticas e estéticas dessas representações são revistas imediatamente.

Na coletiva de imprensa, Muritiba contou que os episódios seguintes vão apresentar novas perspectivas, incluindo mais protagonismo feminino, à medida que avança. Com seis episódios, “Cidade de Deus: A Luta Não Para” entra no catálogo do streaming Max no dia 25 de agosto.

Assista o trailer de “Cidade de Deus: A Luta Não Para”: