Swingueira: conheça o ritmo e sua chegada em Fortaleza

Entenda mais sobre o ritmo musical, suas características e as particularidades da swingueira no Brasil e na capital do Ceará

Também identificado como “pagode baiano”, o ritmo da swingueira finca as suas raízes em Salvador, capital da Bahia, e se expande ao redor do Brasil, especialmente na região Nordeste. Mas como o gênero chegou até o ápice de sua popularidade? E o que ele representa hoje?

Para o cientista social Felipe de Paula, o Dipas, a swingueira possui diversas influências culturais e musicais, mas o destaque fica para o movimento negro. “É uma música que surge da Bahia, que vem do samba do recôncavo, de características da religião afro, e depois se moderniza um pouco e se comunica com elementos também da música pop”, explica.

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O pesquisador chama atenção aos preconceitos ligados à swingueira, ritmo da comunidade preta que se popularizou nas periferias. “Ela se comunica diretamente com o povo da periferia porque, assim como o rap, ela trata de questões que são vivenciadas (no local).”

“Então se você rebola, se você dança com mais sensualidade, se usa uma roupa curta, um linguajar que é diferente, não quer dizer que aquilo seja certo ou errado, mas se trata de uma expressão da periferia, de um campo específico de fala”, reflete.

A seguir, conheça mais sobre a swingueira e as características do ritmo musical.

O que é swingueira?

A swingueira é um ritmo musical reconhecido dentro do gênero de pagode baiano, com elementos que falam da cultura negra e das comunidades que a popularizaram.

As performances da 3ª etapa, estudadas por de Paula, são caracterizadas por temáticas específicas, como as realizadas pelo grupo “Uz Patifez”. “Eles escolhiam uma narrativa, um tema, e aí construíam de acordo”, diz.

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“Eles escolhiam músicas, faziam remixes, que chamavam de montagem. Era uma espécie de montagem de várias músicas de swingueira, e criavam a partir disso uma narrativa performática que falasse sobre a temática que interessava”, completa.

Swingueira: chegada em Fortaleza

De suas origens inspiradas pelo samba de roda do recôncavo baiano, a swingueira desembarcou em Fortaleza já com traços voltados ao cenário musical mainstream, como o pop da década de 90, além do “estouro” do axé music pelo Brasil. É o que explica o pesquisador Dipas de Paula sobre a presença do ritmo em terras cearenses.

“Ela vem pra Fortaleza com o ‘É o Tchan’, com ‘Harmonia do Samba’, com ‘Gera Samba’”, destaca.

O cientista social divide a presença da swingueira na capital do Ceará em três fases. A primeira apresenta o ritmo que foi consumido por todos, como os exemplos de grupos destacados por Dipas acima. “Tinha uma relação direta com as danças”, indica.

Depois do primeiro momento, o consumo da swingueira diminuiu, mas o ritmo continuou a ser tocado nas periferias por meio da interpretação de outros grupos, como Psirico e Parangolé. “Eram bandas de Salvador, mas que eram conhecidas aqui em Fortaleza”.

Com um consumo mais direcionado às periferias, na segunda fase os jovens fortalezenses se reuniram na Praia do Futuro para dançar e aproveitar as bandas locais.

“No terceiro momento da swingueira, as barracas de praia começam a não ter mais essas festas e o consumo fica voltado mais à dança, para grupos de dança”, completa.

O “Movimento Swingueira”, estudado pelo cientista social, surgiu em meados de 2008 e, depois que saiu das praias, começou a ocupar quadras públicas em bairros como Parangaba e Pirambu.

Uma vez reunidos, os grupos passaram a realizar campeonatos nas próprias periferias e o movimento se voltou às competições.

Swingueira: julgamentos do ritmo

Por se tratar de uma “música de periferia”, a swingueira se desenvolveu em meio a julgamentos. “Não só julgada moralmente por ter danças sensuais, mas também ser julgada por músicos”.

“Tem músicos que acham que a swingueira é muito simples, que é uma música que ‘não presta’. Mas existe uma mega-complexidade na formação percussiva, de tambor, de batidas específicas… E tudo isso se comunica com o corpo”, relata Dipas de Paula.

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