Com seresta e enforcamento da Cultura, peças cearenses se destacam em SP

As peças ''Grand Finale'' e ''Tchau, Amor'' se destacaram na programação do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto)

Em mais um ano, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto) teve em sua programação espetáculos de grupos cearenses. Com propostas diferentes, as atrações ''Tchau, Amor’’ (Inquieta Cia) e ''Grand Finale’’ (As 10 Graças de Palhaçaria) foram destaques na grade do evento.

Apresentada em duas sessões no Teatro Municipal Paulo Moura, a peça ''Tchau, Amor’’ levou grande público ao equipamento cultural. Antes dos portões serem abertos na sessão de domingo, 21, por exemplo, era possível observar longa fila de espectadores prontos para assistirem ao espetáculo.

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''Grand Finale’’, por sua vez, seguiu em exibição por mais dois dias, com apresentações nesta terça-feira, 23, e quarta-feira, 24. A primeira delas - realizada na última segunda-feira, 22 - ocorreu no Saguão do Terminal Urbano e atraiu plateia curiosa para conferir o enredo.

''Tchau, Amor’’: A importância da ''descentralização’’ do teatro

Em ''Tchau, Amor’’, o público se depara com quatro pessoas (O Seresteiro, o Garçom, a Fona e a Cliente) que convivem em um bar em meio a um jogo de tentativas e riscos. Quando uma das personagens ameaça sair do bar, amor, relações de oposição e co-dependência mostram que não é possível seguir sem as quatro paredes que sustentam essa ficção.

A diretora Andreia Pires comenta sobre a construção do espetáculo: ''A partir de uma primeira cena, entendemos que a peça tinha relação com ‘ir embora’ e com ‘ficar’. Como relacionar isso? Como é estar junto? Como é estar separado? Como é sair e entrar em uma relação entre pessoas?’’.

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O ator Gyl Giffony destaca a importância de levar o trabalho para o FIT: ''Para mim, uma das coisas que são mais fortes da circulação é a descentralização. Para nós, há esse movimento de chegar aqui com o nosso trabalho e sair de uma certa percepção do que o teatro realizado em Fortaleza, no Nordeste, pode ser. Trabalhamos com pesquisa de linguagem, com um teatro que muitas vezes não está nesse imaginário do que é o dito teatro nordestino. É importante ampliar isso’’.

Grand Finale: O ''enforcamento'' do trabalhador da Cultura

A arte de rua, por sua vez, se encontra em “Grand Finale”. O espetáculo é apresentado em Rio Preto até esta quarta-feira, 24. A partir do jogo da forca, a obra traça um diálogo entre artistas e operários, abordando a luta dos trabalhadores da cultura e seus riscos com a corda no pescoço.

A peça nasceu do desejo de investigar a linguagem do palhaço com uma perspectiva mais contemporânea e que não trouxesse ''os signos tão clássicos do palhaço, como nariz vermelho e sapatão’’.

'’O trabalho faz analogia com a questão da nossa vivência enquanto continuar fazendo arte. Eram tempos mais difíceis, em que nos perguntávamos por que se manter fazendo isso. Há essa analogia do escapismo. Partimos desse conceito de 'escape'. Enquanto artista, estamos sempre tentando escapar para pagar um aluguel, criar um espetáculo… É uma homenagem aos trabalhadores da Cultura’’, afirma o ator Alysson Lemos.

''Temos muito orgulho desse trabalho, porque ele traz muito da nossa vivência, sobre o contexto do Ceará e o trabalhador da Cultura. Nós discursamos sobre o nosso lugar, estamos rodando as ruas e temos muito orgulho de trazer a palavra do trabalhador da Cultura e principalmente dos artistas de rua para um festival com relevância internacional’’, acrescenta Igor Cândido.

FIT Rio Preto 2024: 55 anos de festival

Realizado em São José do Rio Preto (SP), o FIT chega a 55 anos de história. Ao todo, a nova edição reúne 38 espetáculos, ocupando teatros e espaços públicos da cidade de São José do Rio Preto com 70 apresentações - das quais 34 são gratuitas. A estimativa do evento é de mobilizar 450 artistas, produtores e técnicos ao longo do festival. Brasil, Colômbia, Itália, Bélgica e França estão representados.

Entre os dez estados brasileiros que compõem a programação, o Ceará aparece na lista de atrações com duas peças e uma ação formativa. O evento é realizado entre 18 e 27 de julho. O grupo Inquieta Cia apresenta o espetáculo “Tchau, Amor”, enquanto a companhia As 10 Graças de Palhaçaria leva ao público a peça “Grand Finale”. Helena Vieira, por sua vez, realiza a ação performativa “Teatro e Memória: O Teatro Frente ao Desafio de Descolonização da Memória no Mundo Contemporâneo”.

*Repórter viajou a convite do Festival

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