Morre Clery Cunha, precursor do cinema espírita brasileiro

Cineasta Clery Cunha, de 85 anos, dirigiu "Joelma 23º andar", longa inspirado em relato psicografado por Chico Xavier de digitadora morta no trágico incêndio em SP

09:12 | Jul. 05, 2024

Por: Bianca Raynara
Morre cineasta Clery Cunha aos 85 anos (foto: Reprodução/reprodução @clerycunha)

O cineasta Clery Cunha, de 85 anos morreu na quinta-feira,4, vítima de câncer, em São Paulo. Nascido em Leopoldo de Bulhões, Goiás, Cunha foi um dos grandes nomes da Boca do Lixo, região central paulistana conhecida pela produção de filmes de apelo popular.

O diretor ficou consagrado pelo trabalho em “Os Desclassificados”, com os atores Hélio Souto e Joana Fomm num suspense inspirado em um crime real. Outro filme conhecido de sua autoria é “Joelma 23º andar”, em que a atriz Beth Goulart reconta o incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, que o sagrou como pai do cinema espírita.


O ator e cineasta começou sua carreira em 1956, como operador de cabo da TV Tupi. Depois dos serviços na área técnica, foi ator em programas como “TV de Vanguarda”, que o fez expandir para o teatro, atuando em “Sorocaba Senhor” e “O Amor Venceu”, dirigindo “Pluft, O Fantasminha” e “Entre Quatro Paredes”.

Clery também foi produtor de rádio, mas teve maior projeção foi o cinema. Um de seus maiores sucessos, “Joelma 23º andar” (1980) misturou cenas ficcionais com imagens reais da tragédia no edifício que sofreu um incêndio em 1974.

Boca do Lixo

Com referência nos quadrinhos, seriados policiais e faroestes, Cunha produziu filmes populares produzidos na Boca do Lixo, em São Paulo. Também dirigiu “A pequena Órrfã” (1973), melodrama baseado na telenovela da TV Excelsior, com participação do sambista Noite Ilustrada.

Dono de um legado no cinema brasileiro e no gênero espírita, com a representação das classes populares. O trabalho que fez na Boca do Lixo contribui para a pluralidade e popularização do cinema nacional.