For Rainbow termina com drama e glamour da cultura Ballroom
Na noite desta quinta-feira, 27, o documentário americano "The Ball" agitou a plateia do festival“Para fazer parte desse estilo de vida, você precisa lidar com o fato de estar perdendo e com o fato de estar vencendo” – é assim que a cultura festiva da Cena Ballroom é apresentada por um dos entrevistados em "The Ball", documentário de Malgorzata Saniewska que encerrou as exibições do 18º For Rainbow na noite desta quinta-feira, 27, no Cinema do Dragão.
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É envolvente, suponho que principalmente para quem não seja tão familiar, que o filme dedique uma recorrência para narrar o conceito formal das festas, falando das várias categorias, das regras do desfile, das casas e da dança, da composição dos jurados e o respeito aos temas. Uma série de diretrizes que, no fim das contas, são grandes celebrações da vida.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
A maior parte do documentário, porém, está ao redor – para além das competições e rivalidades, no afeto e na resistência que mantêm viva essa cultura urbana há tantos anos na integração da comunidade queer, liderada especialmente por pessoas negras.
“Antes da Madonna havia ballroom”, diz a sinopse oficial do filme em referência ao impacto da canção “Vogue” da cantora pop nos anos 1990, mas para reforçar a celebração da origem de raça e gênero desse movimento underground. Em 2022, a inspiração na house music do álbum "Renaissance" da Beyonce partia do mesmo propósito para honrar o passado, mas de olho no futuro.
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Apesar do seu formato tradicional e bastante burocrático, é interessante que o filme não se contente com o cenário das boates, preferindo filmar o contexto dessas pessoas também fora daquele espaço, nas suas vidas pessoais com glórias e dificuldades. Há cenas nas ruas e praças, no carro, no hospital, em casa, além de resgatar vídeos e imagens de arquivo para contextualizar também as violências que continuam enfrentando e resistindo.
Inevitavelmente, a formação dessa sensação de família também tem fortes ligações com a relação entre suas identidades e seus familiares, nem sempre abraçando-as como são. Essa situação fortifica a reação defensiva que cada um tem sobre todos os demais.
18º For Rainbow: filme dá novas vidas ao Orlando de Virgínia Woolf
As chamadas “houses” são guiadas por “mães” e “pais” que coordenam a trajetória das suas “crianças”, e o filme apresenta algumas dessas pessoas. “É como uma grande família, todo baile é uma reunião de família. Aqui todos são capazes de usar suas habilidades, serem celebrados e viverem essa vida”, comenta um dançarino.
Hoje, na data especial do Dia Internacional do Orgulho LGBTIA+, o 18º For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero encerra sua programação com a cerimônia de premiação na arena do Dragão do Mar, seguida de show com Má Dame e Di Ferreira.