Morre coreógrafa Regina Passos, referência na dança, aos 101 anos

A coreógrafa Regina Passos, que fundou a primeira escola de balé de Fortaleza, faleceu nesta quinta-feira, 20, aos 101 anos

A coreógrafa Regina Passos, fundadora da primeira escola de balé de Fortaleza, morreu nesta quinta-feira, 20, aos 101 anos. O velório ocorre nesta quinta-feira, 20, às 17 horas na Funerária Ternura. A missa será nesta sexta-feira, 21, às 9 horas, também na Ternura. O sepultamento ocorre no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza, às 11 horas.

Regina dirigiu mais de 50 festivais de dança clássica no Theatro José de Alencar, levou o balé para as TVs locais, contribuiu para impulsionar a profissão e o ensino da dança na Capital. Por quase 50 anos esteve à frente da Academia de Balé Regina Passos.

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Vera Passos, professora, coreógrafa e filha de Regina Passos, destaca a trajetória da mãe: “Ela inspirou toda uma geração que inspirou outras gerações. Minha mãe deixou um legado imenso. Foi uma guerreira, porque lutou contra a sociedade, porque não aceitava na época e teve a garra de começar a dar aula de balé. Agradeço ao meu pai, porque ele permitiu isso". 

“Eu vejo todos os traços dela na minha trajetória. Eu me inspirei nela, comecei a dançar por causa dela e sou perseverante, guerreira - porque a gente sabe que viver de arte é bem difícil - por causa dela. Toda a força que eu tenho eu agradeço a ela”, declara.

Neta de Regina Passos e também bailarina, Juliana Passos destaca como sua avó era querida e ia além do cargo de professora: “Ela passava na casa das alunas para levar para apresentações, deixava todo mundo em casa. Hoje, elas falam muito sobre isso, sobre o que minha avó fazia na época para a dança, porque era tudo mais difícil”.

Pioneirismo na dança

A jornalista Amanda Queirós é autora da biografia de Regina Passos publicada na coleção Terra Bárbara pelas Edições Demócrito Rocha (EDR). Ela afirma que “não tem como pensar em como a dança do Ceará estaria hoje” sem a coreógrafa. A biógrafa aponta, além do pioneirismo, “uma força de vontade de Regina Passos de escrever a própria história” e na dança encontrou uma forma de sustentar a família.

“Aos 30 anos, com seis filhos, saiu para estudar balé no Rio de Janeiro por três meses e começou a dar aula em Fortaleza. Quando pensamos em uma formação em dança hoje, você não pode se dizer formado em dança com menos de sete ou oito anos (pensando na formação clássica). É fantástico pensar que com três meses de balé - claro, não foram só esses três meses, ela sempre buscou essa formação - ela formou uma geração inteira da dança no Ceará”, indica Amanda.

Dança através das gerações

Talento, pois, repassado para a família. A jornalista cita a influência nas filhas Cláudia Borges e Tereza e Vera Passos, com academias de danças e referências da dança moderna, jazz, sapato e ballet. “Cada uma a sua maneira contribuiu com um ‘tijolinho’ para a dança no Ceará”, aponta Amanda Queirós, que foi aluna da Academia de Ballet Regina Passos de 1989 a 2009.

Para Queirós, Regina Passos foi importante também ao trazer ao Estado profissionais de renome, como Jane Blauth. “O legado que ela deixa para a dança no Ceará é de que uma paixão move muita coisa. Uma paixão pela dança e o desejo de viver disso mobilizaram uma família inteira e milhares de alunos que passaram por sua escola por mais de 50 anos. Mesmo diante de todas as dificuldades, vale a pena enfrentá-las para fazer sua arte e para viver daquilo que se quer”, afirma.
 

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