Artistas comentam legado de Regina Passos para a dança no Ceará
Artistas falam sobre relevância do pioneirismo de Regina Passos sobre a dança clássica no Ceará e como ela impactou gerações distintas“Me lembro muito da imagem dela sentada na cadeirinha, na época que a academia se chamava Regina Passos, observando muito atenta a gente ensaiar as coreografias para limpar cada erro”, a fala é de Fernanda Duarte, aluna e professora da academia Tereza Passos.
A bailarina conheceu Regina Passos ainda na infância. A avó de Fernanda, Zenilda Chaves, costurava para diversas escolas de balé da Capital, sendo uma delas a de Regina, que levava o mesmo nome da artista. A proximidade das duas durante o processo de feitura dos figurinos fez com que uma amizade aflorasse e logo Fernanda circularia na casa de Passos e posteriormente na instituição de dança.
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“Ela me aceitou na academia quando eu tinha três anos, na época a escola só aceitava crianças a partir de 4 anos, mas eu precisava fazer balé por causa de uma recomendação médica”, explica Fernanda, que hoje além de professora, é solista nos espetáculos da Academia Tereza Passos.
“Quando entrei, ela não dava mais aulas, mas estava sempre por lá, assistindo aos ensaios, dava a opinião dela, era bem detalhista. A dona Regina prezava muito pela qualidade das coisas”, relembra a bailarina. “Quando a academia mudou para Tereza Passos, em 2010, as coisas não mudaram. Sempre houve esse olhar atento para a técnica por parte da tia Tereza, algo que percebo que foi passado de mãe para filha”, completa.
Regina Passos: Sensação de dançar em família
As filhas de Regina, Tereza Passos, Cláudia Borges e Vera Passos, deram seguimento à paixão pela dança abrindo suas próprias academias. Há pouco mais de uma década, a instituição que levava o nome da mãe passou a ter o nome de Tereza. A escola de dança de Cláudia deu lugar a uma instituição também administrada pela filha Michelle, que não funciona mais.
Atualmente, só as academias que levam o nome de Tereza e Vera seguem ativas. “Cada uma delas deu continuidade ao legado de Regina, que tem esse pioneirismo ao trazer as danças cênicas, o balé, jazz e sapateado, para Fortaleza, ao lado de Hugo Bianchi”, pontua Ernesto Gadelha, professor da academia Tereza Passos.
“O que permanece para hoje é justamente essa herança artística perpassada da mãe para as filhas, que transmitiram às suas filhas e às sobrinhas também”, destaca Gadelha, que é graduado em Dança pela Universidade Federal do Ceará.
“E é interessante que é algo presente até mesmo na lá na (academia) Tereza Passos, onde alunas fizeram aula com a Regina ou com a Tereza e levam suas filhas para estudarem dança lá e assim sucessivamente. Tem muito essa sensação de dançar em família”, salienta Ernesto, que começou sua carreira na dança no Ballet Mônica Luiza, mas nunca chegou a ter contato diretamente com Regina.
Tallita Furtado, também professora da Academia Tereza Passos, enfatiza a relação afetuosa e próxima presente na instituição. “Nós da academia Tereza Passos, costumamos nos chamar de família TP. Mantendo o amor, carinho, respeito, responsabilidade para com nossos alunos”, afirma.
“Um legado que se replica entre elas. Tereza, filha de dona Regina, é uma mulher maravilhosa. Atenciosa, gentil, delicada e ao mesmo tempo uma professora exigente, rigorosa. Acredito que tenha puxado à sua mãe”, diz Furtado.
A docente também acredita que o maior legado de Regina Passos é a herança artística deixada para as filhas e transmitida a diversos artistas cearenses que passaram por suas instituições. “Acredito que todas elas, sejam com o balé ou com o jazz, continuam contribuindo lindamente para que a dança do Ceará tenha tanto reconhecimento local e nacional”, finaliza Tallita.