Festival de Música da Juventude: artistas reclamam de demora no pagamento

Artistas cearenses se mobilizam contra o atraso do pagamento de ajuda de custo e premiações do Festival de Música da Juventude

Artistas cearenses resolveram se mobilizar contra a demora do pagamento das ajudas de custo e premiações do VI Festival de Música da Juventude, realizado em março de 2024. Os músicos publicaram um post no Instagram mobilizando toda a classe artística a se unir pela causa.

Intitulado de “Maré - Minha arte exige respeito”, a mobilização tem como principal mote o tempo esperado para os pagamentos referidos acima. Mas também que os direitos dos artistas sejam garantidos dentro de contratos com instituições públicas ou privadas.

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O edital do evento não formaliza uma data para a efetuação do pagamento das ajudas de custo. "Eles estabeleceram um prazo verbal de 30 a 45 dias durante a reunião feita com os participantes, uma semana antes da seletiva”, conta Jullio Santos, membro da banda Garotos da Cidade, vencedora desta edição do festival.

No mesmo dia, o Festival de Música da Juventude publicou uma nota de esclarecimento, afirmando que os pagamentos seriam feitos a partir da última terça-feira, 4, até a próxima sexta-feira, 7 de junho.

Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal da Juventude informou em nota “que e todos os 20 cachês relacionados ao Festival de Música da Juventude estão sendo pagos: 12 cachês já foram pagos nesta terça-feira (04/06) e até sexta-feira (07/06), os 8 cachês restantes terão sido pagos”.

“O pior é esse 'rolê' de ter que esperar 45 dias para receber o pagamento ou no caso, mais de 60 dias. E é algo muito recorrente, não só desse festival, mas de outros editais e instituições”, aponta Emiciomar, rapper que esteve presente no evento.

Falta de comunicação

Até o momento da mobilização nas redes sociais, a pasta não havia comunicado os artistas a razão da demora ou que o pagamento dos recursos iria atrasar. "O que mais doeu nesta história toda foram os descasos e desrespeitos”, pontua Nirys, uma das idealizadoras do “Maré - Minha arte exige respeito”, DJ e back vocal.

“Eles simplesmente se recusaram a assumir qualquer responsabilidade em nenhum momento, sempre tratando a situação como se não fosse com eles. Diziam coisas como 'não é comigo', 'não sou dessa área'”, detalha a artista.

Jullio Santos, da banda Garotos da Cidade, que venceu o festival, conta que teve que procurar a Rede Cuca via whatsapp para ter alguma resposta. “Perguntei se tinha o prazo e eu fui informado que não tinha e que não tinha outra previsão ainda”, alega Jullio.

"A única resposta que conseguimos obter sobre tudo isso foi após o assunto ter ganhado proporções maiores, quando começamos a fazer barulho sobre isso. Foi só depois disso que conseguimos uma resposta, que foi exatamente essa nota de esclarecimento”, salienta Nirys.

“Eles não se retrataram realmente, nunca vieram até nós para explicar nada, sabe? Foi somente por causa da pressão midiática”, pontua a artista. “Não tínhamos a quem recorrer naquele momento, e isso mudou a questão de ser apenas sobre dinheiro para ser realmente uma questão de respeito pelo trabalho executado”, destaca.

Álek Martins, outro participante do VI Festival de Música da Juventude e organizador da mobilização, enfatiza a falta de comunicação do equipamento com a classe artística. “A comunicação com eles tem sido inexistente, acho que se resume a isso. A gente manda mensagem, é tratado com canalhice, com falta de respeito, uma falta de vontade. É frustrante”, diz Álek.

Luta pela valorização da classe artística

A mobilização “Maré - Minha arte exige respeito” surge para além do atraso dos pagamentos do VI Festival de Música da Juventude. O objetivo é unir a classe artística cearense e garantir o acesso a direitos básicos por parte dos artistas.

“Depois disso, (o movimento) quer organizar essas relações entre contratado e contratante, materializar projetos de proteção ao artista na Cidade e a também combater o elitismo musical dentro do nosso ramo”, pontua Álek Martins, um dos idealizadores do movimento.

A comunicação com os artistas é feita por meio de um grupo no whatsapp. “A galera começou a falar sobre outras situações em que foram destratadas ou que tiveram cachê atrasado. Até o momento, o grupo soma 112 pessoas”, conta Emiciomar, um dos porta-vozes da causa.

"É algo que frequentemente vem acontecendo não apenas em relação a equipamentos públicos, mas também em empresas privadas, quando se trata da contratação de artistas”, salienta Niris, uma das organizadoras do movimento.

“Claro que o dinheiro é de extrema importância, pois muitas pessoas tiveram custos absurdos com este festival, tanto com locomoção quanto com figurino. No entanto, de fato, o problema foi a falta de respeito. Foi como se fosse nada", acrescenta a artista.

Para Álek, o mobilização não é só importante para garantir os pagamentos, mas também por ser “algo que já devia ser feito”. “E esse movimento, assim como o nome, ele foi um movimento de maré, foi um movimento que a gente iniciou e que foi crescendo, foi criando agregados, criando aliados”, argumenta.

“A gente está muito, muito, não sei se feliz é a palavra certa, mas a gente está contente com o tamanho disso, o quanto isso vem escalonando e pessoas muito importantes vêm se agregando a gente”, Martins afirma acrescentando que a mobilização vem ganhando apoio de diversas pessoas da sociedade, incluindo política e artística.

“Mas o nosso movimento vai para além da música, a gente quer também abraçar a galera da dança, a galera do teatro, a gente quer fazer uma movimentação na classe artística, a gente quer fazer uma movimentação que rompa mesmo com essa cultura de desrespeito”, enfatiza.

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