Cannes 2024: brasileiro 'Baby' estreia na 63ª Semana da Crítica

Marcelo Caetano, diretor de "Corpo Elétrico" (2017), estreia novo filme sob aplausos no Festival de Cannes

Na manhã desta terça-feira, 21, Cannes recebeu seu segundo filme brasileiro: "Baby", segundo longa-metragem Marcelo Caetano. A sessão, que terminou com longos aplausos, contou com a presença da equipe do filme, de Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura, e de Karim Aïnouz, cineasta que estreia seu filme "Motel Destino" amanhã na competição principal.

"Baby" concorre em uma das mostras paralelas do Festival de Cannes, a 63ª edição da Semana da Crítica. Para apresentar o filme, o diretor subiu no palco para celebrar a realização da obra apesar das dificuldades políticas e agradeceu pela oportunidade de estreá-lo no evento francês. "Por sete anos, tivemos um governo que odiava a cultura, odiava os filmes, então foi um inverno muito difícil para nós."

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A história acompanha a Wellington, jovem de 18 anos que acaba de ser solto da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem), hoje chamada de Fundação Casa, e precisa lidar com seu completo desamparo pelas ruas de São Paulo — abandonado pelos pais, dos quais já não sabe o paradeiro.

Então, ele encontra Ronaldo, um garoto de programa que vê sua condição urbana não muito diferente da dele. Os dois vão se aproximando enquanto tentam sobreviver pelas ruas de São Paulo.

A trama começa a ganhar profundidade na concepção visual e sonora dessa capital que vive a própria condição condenada de uma "metrópole" com vazão às margens das mais diferentes origens. A margem que Ronaldo vive e acaba atraindo o novo garoto é de drogas e prostituição, cenário que dificilmente encontra estabilidade ou garantia de futuro.

Esse cuidado com a concepção da cidade já havia aparecido no filme anterior de Caetano, "Corpo Elétrico", desenhando ao redor desse suspense uma teia coletiva de pessoas que se sustentam no carinho. Em "Baby", o mesmo acontece quando ele também é arrastado para o núcleo familiar do seu amante; de repente, assumido como filho ou sobrinho distante que está de passagem.

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Caetano conta essa história sem ser tão óbvio, porque filma a cidade em sua prisão e em sua liberdade, permeando a jornada com muito erotismo e até mesmo com humor expansivo, que coloca a esperança ao centro do seu palco. Wellington e Ronaldo, assim como tantos que vivem às margens de uma grande cidade, precisam se acostumar que os desencontros nem sempre precisam ser uma despedida.

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