Cannes 2024: Demi Moore protagoniza filme de terror feminista

"The Substance" disputa a Palma de Ouro. A "substância" permite que a pessoa que a injeta produza uma versão mais jovem e bela de si mesma

10:07 | Mai. 20, 2024

Por: AFP
Demi Moore segura seu chihuahua chamado Pilaf enquanto posa durante uma sessão fotográfica para o filme The Substance na 77ª edição do Festival de Cinema de Cannes (foto: STEFANO RELLANDINI / AFP)

Depois de quase três décadas, a atriz americana Demi Moore faz um retorno triunfal como protagonista de um filme de terror feminista, "The Substance", que disputa a Palma de Ouro.

Aos 61 anos, Moore foi um dos ícones do cinema dos anos 1990, com sucessos como "Ghost - Do Outro Lado da Vida" e "Striptease", antes de sua ausência dos holofotes durante os anos 2000.

ANÁLISE | Cannes 2024: Yanomami, Davi Kopenawa sobrevive à destruição do mundo

Em "The Substance" ('A Substância', em tradução livre), a atriz ficou à disposição da diretora francesa Coralie Fargeat, que se destacou em 2018 com seu primeiro longa-metragem, "Revenge" ('Vingança').

"É o início de um terceiro ato na carreira de Demi, é encorajador", explicou nesta segunda-feira, 20, seu par no filme, o americano Dennis Quaid, em uma coletiva de imprensa.

A "substância" mencionada no título da obra permite que a pessoa que a injeta produza uma versão mais jovem e bela de si mesma.

O composto é uma grande tentação para Elizabeth Sparkle, estrela do mercado fitness televisivo, demitida aos 50 anos, interpretada por Demi Moore — que impressiona, à medida que envelhece artificialmente.

ANÁLISE | Cannes 2024: Richard Gere e Jia Zhangke mergulham na ficção da memória

Assim "nasce" Sue, seu avatar estrelado pela americana Margaret Qualley, angelical e demoníaca na mesma proporção. Enquanto isso, enfrenta um produtor grosseiro, vivido por Dennis Quaid.

A única condição para não se colocarem em perigo mútuo é que ambas devem compartilhar seu tempo de maneira equitativa no mundo exterior. No entanto, Sue sempre quer mais.

Após a realização de seu primeiro filme de terror sobre um estupro, "Vingança", Fargeat desta vez foca no corpo feminino, "problemático desde jovem, quando não é perfeito ou é grande demais, e depois quando envelhece".

"Nosso corpo nos define, gera desigualdades e violência, e também nossa própria parte. Somos quase obrigadas a odiá-lo de uma maneira ou outra e podemos nos tornar nosso primeiro instrumento de tortura", explica à AFP a diretora, de 48 anos.

Ambas as atrizes "foram incríveis, assumiram muitos riscos" ao participar do projeto, sublinhou Fargeat.

"Era o desafio ideal. Estou sempre buscando histórias que me tiram da minha zona de conforto", afirmou a própria Demi Moore.