Planeta dos Macacos: o que há de tão intrigante na franquia?

Ao longo de dez filmes e quase seis décadas, as produções de ficção científica trazem temas atuais sobre humanidade, conflitos, filosofia e racismo

Ao se falar de ficção científica, cinema e finais memoráveis, logo nos lembraremos da marcante imagem da Estátua da Liberdade, um dos maiores símbolos da criação humana, enterrada na beira da praia de um mundo dominado por símios. Estamos falando, é claro, do longa "Planeta dos Macacos (1968)".

A conclusão de um filme é de suma importância para impactar quem assiste, mas é preciso ter uma trama interessante e intrigante desde a sua proposta, ao desenvolvimento, e isso, a produção do diretor Franklin J. Schaffner tem e muito.

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A ideia, trazida do livro de mesmo nome, por si só é cativante, mas a maneira como é abordada é extremamente atual onde se pode debater temas que vão além de uma ficção científica blockbuster, mas perpassam uma avaliação da humanidade, filosofia, religião e ciência e racismo.

"Planeta dos Macacos" é muito feliz em trazer um olhar sobre como os homens destroem tudo aquilo que tocam, inclusive ele mesmo, fazendo com que uma "espécie inferior" a ele alcance um patamar maior evolutivo com ciência, ideias próprias, sociedade, capacidade de ser organizar enquanto a humanidade regride a simples instintos primitivos que quase não o diferenciam de qualquer outro animal.

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Quando a produção estrelada por Charlton Heston debate bem como uma espécie exerce o seu domínio sobre a outra, mudando discursos para oprimir o que antes era o opressor, nos faz refletir em como isso tudo foi usado na história humana com o imperialismo e racismo. Um dos macacos chega até a dizer na obra que eles foram criados e imagem e semelhança de Deus, tendo assim "credencial" para acreditar em superioridade sobre os homens que não são mais donos do poder aquisitivo e intelectual.

A verdade é que "Planeta dos Macacos" é um marco no cinema como uma das maiores ficções científicas já feitas. A maquiagem dos símios é atual até hoje, 56 anos o seu lançamento, bem como as suas questões e tramas.

A franquia teve algumas (várias) sequências com orçamentos menores e qualidade inferior, mas rende material para continuar a discussão da evolução da espécie animal enquanto os seres humanos construíam o seu próprio fim.

O monólogo do macaco Cornelius em "A Fuja do Planeta dos Macacos (1971)" em que narra a um homem como a sua espécie se tornou tão evoluída a ponto de dominar o planeta é pura filosofia e digna de análise sociológica.

Ele conta que os macacos foram oprimidos e usados para trabalhos pelos homens, até que foram evoluindo e aprenderam o conceito de escravidão, bem como o seu antídoto, a união. Com isso, ele (macaco), que antes grunhia, começou a entender como o mundo funciona, se reunir e se articular até que pôs uma barreira contra a opressão sobre sua raça com apenas uma palavra.

"A princípio ele apenas grunhia suas recusas. Mas, então, num dia histórico que é comemorado por minha espécie e está documentado nos pergaminhos sagrados, nesse dia surgiu algo. Acontece que ele não grunhiu, ele articulou. Ele disse uma palavra que havia sido dita a ele incontáveis vezes pelos humanos. Ele disse: não", diz Cornelius.

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Essa fala, que serve poderia ser usada por diversos povos em diferentes épocas, ganha ainda mais peso quando vemos Cesar, interpretado magnificamente por Andy Serkis em "Planeta dos Macacos: A Origem (2011)", bravando com toda força dos seus pulmões "não!" após longo período de opressão.

Além de toda a questão filosófica, os filmes trazem também componentes técnicos excepcionais, com uma evolução dos efeitos visuais na última trilogia finalizada em 2017 com "Planeta dos Macacos: A Guerra".

Agora com "Planeta dos Macacos: O Reinado" vemos como o legado de Cesar foi deixado para alguns, o líder quase que religioso guiou o seu povo à terra prometida, mas não pôde chegar lá, tal como Moisés, usarem um discurso de mútua convivência entre as espécies e raças, enquanto outros se utilizam para oprimirem os demais, sejam tais como você ou diferente.

O novo filme não mostra tudo o que se a essência da saga se compromete, afinal é ainda um período em que os macacos dominam os seres humanos, mas precisam de mais tempo para evoluírem de forma a montarem super-sociedades, mas até lá vamos acompanhar juntamente com eles como os humanos, nós, podemos enterrar na areia o nosso maior símbolo em prol de ambições egoístas e doutrinadoras, a liberdade.

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