Injustiçado? Martin Scorsese só venceu 1 Oscar de 10 indicações
Aos 81 anos, Martin Scorsese é o diretor vivo mais indicado na principal premiação do cinema e coleciona derrotas, embora seja um dos maiores cineastas da históriaQuando falamos de gênios do cinema, o nome do diretor Martin Scorsese certamente será lembrado pelos críticos e público. Ao longo de seus 81 anos de idade, sendo 60 de carreira, ele premiou, e segue premiando a sétima arte com clássicos incontestáveis.
Durante esse período, o cineasta recebeu 10 indicações ao Oscar por Melhor Direção, sendo, até então, o diretor mais indicado entre os vivos.
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Mente brilhante por trás de filmes como “Taxi Driver”, “Touro Indomável, “Os Infiltrados”, “Gangues de Nova York”, “O Lobo de Wall Street”, e o mais recente “Assassinos da Lula das Flores”, Scorsese, porém, só venceu uma vez na maior premiação da indústria cinematográfica por “Os Infiltrados”, remake americano do longa de Hong Kong “Conflitos Internos”.
Ele ainda foi indicado por "A Última Tentação de Cristo", "Os Bons Companheiros", "O Aviador", "A Invenção de Hugo Cabret" e "O Irlândes", saindo de mãos abanando em todas estas ocasiões.
Se Martin Scorsese é reconhecidamente um gênio entre os críticos e o público, um dos maiores nomes da história do cinema e sempre presente indicado ao Oscar, por que ele tantas vezes foi esnobado?
Vale ressaltar que a premiação recompensa o melhor trabalho do ano em questão, não o talento do diretor em si ou sua carreira como um todo. Tal entendimento é essencial para tentar responder às derrotas de Scorsese no Oscar.
Que ele é um diretor mais qualificado, que entende mais de cinema e é mais importante para a indústria cinematográfica do que Christopher Nolan, vencedor neste ano pela sua direção em “Oppenheimer”, ninguém nega, nem o próprio Nolan teria a audácia. Porém, o trabalho de Scorsese em “Assassinos da Lua das Flores” ser preterido pela cinebiografia do pai da bomba atômica não é injusta.
Martin Scorsese fez mais um excelente trabalho em uma obra já clássica. “Oppenheimer” teve um apelo popular maior e foi talvez o melhor filme de Christopher Nolan, pelo menos o mais maduro dele à frente da direção sim, fazendo com que Scorsese realmente pudesse ser vencido, como foi.
Resumindo, Christopher Nolan não é melhor diretor do que Martin Scorsese, mas sua direção neste ano foi superior, e é isso o que está em discussão no Oscar a cada ano, o melhor trabalho daquele período.
Entendo a linha de raciocínio que por mais que ele seja o melhor diretor vivo, seus filmes, por melhores que sejam, não irão chamar tanta atenção assim de cara, pois dirigir clássicos e obras-primas não é novidade para Scorsese, fazendo com que entre em um costume e até certa rotina.
Em 1977, o Oscar premiou John Guilbert Avildsen por “Rocky: Um Lutador”, Martin concorria com “Taxi Driver”. O longa estrelado por Robert De Niro, presença carimbada nos filmes de Scorsese, é melhor do que a trajetória do boxeador garanhão italiano? Provavelmente sim. Mas é impossível taxar a vitória como injusta.
A vida de Rocky se conecta com muitas pessoas, Sylvester Stallone ficou eternizado, a música é arrepiante e naquele ano é entendido como superou Scorsese em uma de suas tantas obras-primas. Particularmente, tenho "Rocky" como um dos filmes preferidos e sempre me emociono, enquanto "Taxi Driver" traz sensações mistas pela temática forte e por vezes desconfortável, embora reconheça o melhor trabalho técnico e cinematográfico do filme de Scorsese.
Cinema é também sentimento, a arte de nos conectarmos com o mundo e histórias ali apresentadas, e nem sempre uma instigante trama complexa, bem dirigida e atuada nos prende mais do que filme que carrega "coração", por melhor do que ele seja. Tal visão condiciona o que pode ser melhor para cada votante da Academia.
E assim foi sua carreira “azarada” nas premiações. Enquanto Martin Scorsese lançava mais um clássico, aparecia um diretor fazendo o melhor trabalho de sua vida em um filme com mais apelo entre público e crítica, com um sentimento a mais do que as qualidades técnicas.
No fim das contas, o Oscar não é sobre quem é melhor, mas o mais inspirado do ano, o que pode variar entre tema do filme, momento popular, enfim, variantes que fazem com que os votos sejam condicionados a um ou outro.
Martin Scorsese não precisa mais provar nada para ninguém, nem para a Academia de Hollywood. Ele, que já trabalha em uma nova produção, sobre os ensinamentos de Jesus, certamente fará outro clássico cinematográfico, e deverá ser indicado ao Oscar. Provavelmente perca novamente, mas aí o azar é do Oscar.