Paulo Diógenes: quem divide a fronteira entre ator e personagem?

A personagem do humorista, criada há mais de três décadas, foi celebrada em espetáculo autobiográfico em 2023; conheça a origem de Raimundinha no humor cearense

O político e humorista Paulo Diógenes morreu aos 62 anos na tarde da última quarta-feira, 14, após se consagrar no cenário do humor cearense como o intérprete da personagem Raimundinha.

A figura celebrou os seus 35 anos de criação em 2023 com o espetáculo de teor autobiográfico “Raimundinha é a Mãe! - O Show”. A apresentação foi inspirada em livro de mesmo nome, escrito por Tarcísio Matos.

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Com as suas roupas coloridas, maquiagem caricata e peruca característica, as peripécias de Raimundinha acompanharam um público diverso em programas de alcance nacional.

Fortaleza dedica um minuto de silêncio de jogo ao humorista Paulo Diógenes; VEJA

Paulo Diógenes: a união ator-personagem

A relação entre Diógenes e sua personagem Raimundinha pode ter começado em Fortaleza na década de 80 com a estreia do espetáculo “O Que Vocês Não Vão Pensar”. No entanto, de acordo com entrevista feita pela jornalista Bia Freitas, o humorista desenvolveu a figura ainda no Rio de Janeiro.

“Ele (Paulo Diógenes) disse que fazia a personagem — na época eles não chamavam de humorista, chamavam de caricata — no Rio de Janeiro. Mas ela não tinha nome, só foi ter nome depois”, relata Freitas. “Ela já era a ‘Raimundinha’, ele disse, mas só foi ter nome depois desse episódio”, diz, em referência ao espetáculo supracitado no parágrafo anterior.

A jornalista recém-formada realizou uma série de entrevistas para seu livro-reportagem “Sala de Espera”, apresentando relatos da conexão entre artistas e os seus personagens. O último capítulo da obra, ainda sem data de lançamento, é centrado em Paulo Diógenes e Raimundinha.

“É necessário despir o palhaço. É isso que Paulo Diógenes performa no final de seus shows de comédia desde a década de 1990, revelando o homem por trás da personagem”, destaca Bia Freitas em trecho do livro.

"– A Raimundinha foi duas coisas. Foi essa de querer quebrar os tabus dentro desta cidade e de me esconder, porque sou tímido – afirma Paulo.
– Você se escondia atrás dela? – questiono.
– Até hoje – ele ri"

Trecho de Sala de Espera - Bia Freitas

Em suas descrições, a “fragilidade de Raimundinha” é somada à vulnerabilidade de Paulo, o que pode causar certo desconforto ao público cuja “força e compostura são preliminares para viver”.

A sua atuação, como a própria autora adiciona, lembra à audiência que “é possível sentir, rir e se emocionar”.

Durante a entrevista com o humorista, descrita ao longo da narrativa, Bia não deixa de apresentar a sua percepção em pequenos detalhes: “Paulo e Raimundinha são duas pessoas extremamente diferentes, tanto que quase não há resquícios do ator em cima do palco. É ela”.

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