Pluralidade linguística no Brasil é tema de série documental da HBO

Série documental da HBO Max apresenta 11 línguas faladas no Brasil e estimula reflexões sobre os idiomas do País

Compreender a construção do idioma de um país, mas valorizar as diversas línguas que percorrem seu território. Além disso, destacar como essa variedade impacta a identidade cultural de uma nação.

Em pauta, também entram os caminhos para maior representatividade das formas de se comunicar e resguardar as próprias características.

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As ideias acima se encontram em uma mesma produção: a série documental “Línguas da Nossa Língua”. Com quatro episódios - lançados semanalmente -, a nova obra da plataforma de streaming HBO Max apresenta um panorama sobre línguas presentes no Brasil. A série é dirigida, criada e roteirizada por Estêvão Ciavatta.

Falada em 12 idiomas diferentes, a produção tem música de abertura original composta por Arnaldo Antunes e leitura de autores clássicos da literatura brasileira por Maria Bethânia. Há participações de membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), como Nélida Piñon, com sua última entrevista antes de falecer em 2022.

A série ainda apresenta um encontro entre Caetano Veloso e a professora Yeda Pessoa de Castro, referência em estudos de línguas africanas no Brasil. Parentes, eles não se viam há mais de 30 anos.

As línguas presentes na série são: portuguesa, galega, guarani, tukano, patxohã, Iorubá, baniwa, quimbundo, língua da Tabatinga, nheengatu e pajubá - essa, por sua vez, linguagem de resistência de travestis e com origem no Iorubá. Há também sete falares, sendo eles português caipira, português tapuia, baianês, carioquês, sergipanês, mineirês e linguagem neutra.

A seleção das línguas contempladas na série seguiu primeiramente o caminho da representatividade, traçando percurso a partir dos povos indígenas (“base inicial da formação cultural brasileira”, segundo Ciavatta) para alcançar as influências portuguesas e depois assimilar os traços africanos incorporados ao País.

Dentro dessa abrangência, houve ênfase em “boas histórias”, como educação indígena e o movimento de revitalização de línguas. “A própria língua patxohã, que está no segundo episódio, é uma língua que praticamente não existia mais. Foi quase que recriada. Ter pautas com boas histórias e que nos fizessem parar para pensar também foi um critério muito forte para a escolha das línguas que estariam presentes”, afirma o diretor em entrevista ao Vida&Arte.

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A pesquisa se concentrou principalmente no território brasileiro, mas houve filmagens, por exemplo, na Universidade do Minho, em Portugal, onde “nasceu a língua portuguesa”. Foram realizados também registros da língua Baniwa em regiões remotas da Amazônia e gravações no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com poetas surdos e ouvintes.

Crianças Tapuias aparecem na série documental  "Línguas da Nossa Língua", da HBO Max(Foto: HBO Max/Divulgação)
Foto: HBO Max/Divulgação Crianças Tapuias aparecem na série documental "Línguas da Nossa Língua", da HBO Max

Um dos destaques ao longo dos episódios é a documentação de línguas que não recebem tanta evidência, como no caso do pajubá. Há margens também para contemplar assuntos mais recentes, mas que já são importantes, a exemplo da linguagem neutra.

“Muita gente me fala isso, como se fosse menos relevante, eu também tinha um pouco de implicância, não levava tão a sério, mas quando conversei com essas pessoas (que defendem a linguagem neutra) e pesquisei a fundo, vi que é importante para elas serem respeitadas”, indica o diretor.

Para Ciavatta, o documentário contribui para o fortalecimento de uma língua brasileira para que as pessoas “se apropriem do território e da própria identidade”. “Esse ‘Brasil oficial’ sempre olhou muito mais para as elites do que para o seu povo. Acho que, através da língua, podemos ter um olhar mais ‘pé no chão’ e deixar de lado certos preconceitos”, defende.

Ele ainda indica: “A nossa grande riqueza está na valorização da nossa diversidade. Então, quanto mais conseguirmos conviver com as diferenças e respeitá-las, melhor será para viver no Brasil”.

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Adriana Cechetti, Diretora de Produção e Desenvolvimento de Conteúdos Não-Roteirizados da Warner Bros. Discovery, aponta que “Línguas da Nossa Língua” está conectado ao tipo de conteúdo buscado pela empresa - ou seja, apresentar um olhar “que traga um tempero brasileiro” independentemente do gênero da produção. A partir disso, a proposta é estimular debates.

“Esse é um tipo de série documental em que você assiste e vai querer comentar com alguém. Nós pensamos nisso: o que ela pode gerar de aprendizado e de conversas? Assim, a produção está muito conectada com o que buscamos de conteúdo local”, pontua.

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