Escola de Gastronomia Social completa 5 anos com vidas transformadas
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco tem impacto positivo na vida de ex-alunos que montaram seus próprios empreendimentos a partir da imersão em cursos do espaçoNa região do Cais do Porto, em Fortaleza, andar pela rua Manuel Dias Branco significa também se deparar com uma estrutura que chama a atenção. Esse cenário se destaca há cinco anos. O tamanho do prédio se relaciona com os sonhos e as transformações vividas por quem nele ingressa. Afinal, esse é um dos objetivos da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB).
Desde 2018, mais de 27 mil estudantes passaram pela instituição. A escola oferece cursos básicos, profissionalizantes, cozinhas sociais e laboratórios de criação em confeitaria, panificação e fundamentos da cozinha. Homens e mulheres que se dedicam a aprender, a empreender e a transformar vidas a partir da gastronomia - assim como as suas foram alteradas a partir da relação com a escola.
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Fruto de uma parceria entre o setor público e o privado, o espaço se consolidou como um centro de referência no pensamento, na inovação, na experimentação e na produção de conhecimento sobre gastronomia social e cultura alimentar. A escola busca proporcionar formações gratuitas “que estimulem o protagonismo cultural e social de jovens, homens e mulheres por meio da cultura alimentar e gastronomia”.
Mantida e custeada pelo Governo do Estado do Ceará, a EGSIDB foi construída pelo grupo M. Dias Branco e doada ao Estado. Hoje, é equipamento da Secretaria da Cultura (Secult) e funciona em terreno cedido pela Prefeitura de Fortaleza. Ela integra o projeto de requalificação do Morro Santa Terezinha, no Mucuripe.
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“A escola é resultado de se pensar em uma política pública que trabalhe não só a gastronomia enquanto linguagem potente para proporcionar transformações de vida, mas principalmente ter dentro do nosso conceito a cultura alimentar”, explica Selene Penaforte, superintendente da EGSIDB.
Segundo a profissional, a escola tem a missão de “pensar em políticas e ações que fortaleçam a identidade daquilo que o Ceará faz, do que é regional, desenvolvendo parcerias com quem está no campo, com as comunidades tradicionais, indígenas e ribeirinhas”.
Acima de tudo, o espaço é visto como um lugar que entende a comida como “instrumento de transformação social”. Junto com sua instalação, veio a requalificação da área em seu entorno, garante Selene Penaforte. O intuito é também se aproximar cada vez mais da comunidade que circunda o equipamento.
Nos cursos de formação, os alunos podem passar quatro meses aprendendo sobre as áreas de panificação, cozinha e confeitaria. Ao final deles, estão habilitados para atuarem profissionalmente, seja no empreendedorismo ou no próprio mercado de trabalho. A escola também desenvolve pesquisas e planeja ampliar ainda mais seu alcance, indo a diversos municípios cearenses e registrando suas culturas alimentares.
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Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Casa da Merenda
Aos 35 anos, Josimar Augusto conseguiu realizar um sonho de longa data: ganhar qualificação dentro da gastronomia. Desejava participar de uma formação, mas não tinha condições financeiras para isso. Ao entrar na Escola de Gastronomia Social, percebeu que confeitaria, cozinha básica e panificação significavam mais do que imaginava.
Ele fez parte da turma mais recente a se formar e tinha como grande objetivo se inserir no mercado de trabalho. Atualmente, trabalha em uma pizzaria, mas está próximo de focar apenas em sua lanchonete: a Casa da Merenda. Ele e seu companheiro, Francisco Neto (na foto), dividem as tarefas para manter o negócio funcionando.
"Eu saí de lá não somente um confeiteiro profissional, mas uma pessoa pronta para abrir o próprio negócio", afirma. De manhã, eles ficam na produção dos itens do cardápio - com salgados por R$ 1,25 e fatias de bolo por R$ 4. À tarde, Josimar segue para a pizzaria, enquanto Neto atende os clientes que comparecem à lanchonete.
"A Escola de Gastronomia Social impactou minha vida em todos os sentidos. Hoje, sou um profissional que consegue ver além. Minha profissão não é só cozinhar, eu posso ir por outros caminhos. Antes, eu queria aprender só para mim, queria ganhar conhecimento apenas para mim. Hoje, quero passá-lo para outras pessoas", indica.
Ele complementa: "Eu quero que outras pessoas também tenham a oportunidade que eu tive, porque muitas vezes a gente sonha com isso e não consegue por conta de questões financeiras. A escola me deu base, estrutura, conhecimento e caminho".
- Onde: Rua Cônego de castro, 3844 - Parque São José
- Quanto: a partir de R$ 1,25
- Instagram: @casadamerendaof
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Neurilene Confeitaria
A confeiteira Neurilene Araújo foi uma das primeiras alunas da Escola de Gastronomia Social. Ela passou pela instituição em 2018 e seu ingresso ocorreu em um período bastante difícil em sua vida.
Não tinha experiência profissional, era "somente" dona de casa. Passou a comprar bolos de uma padaria para vendê-los e assim conseguir dinheiro para custear gastos de um tratamento de saúde para o filho. "Comecei com R$ 12. Era o que eu tinha. Fui para a padaria, comprei dois bolos, consegui vender, depois comprei mais e assim fui indo".
Ela precisava aprender. "Você não tem noção de como eu agarrei essa oportunidade", lembra.
"A gente acha que não é capaz e de repente aprende. O meu pão de batata até hoje é o meu carro-chefe. Nunca imaginei em fazer um pão tão lindo e tão gostoso, meus clientes amam muito e eu levo comigo para onde eu vou", compartilha. Hoje, ela mantém sua confeitaria no bairro Jardim das Oliveiras e emprega quatro pessoas.
Ela destaca que seus preços são acessíveis. A confeitaria trabalha com doces e salgados. É possível encontrar alimentos como trufas, bolos caseiros e rocamboles, com valores a partir de R$ 2,50. A loja passa por uma reforma e voltará às atividades em 10 de novembro. Ela está construindo um espaço para dar aulas.
O dinheiro arrecadado com as aulas será revertido para o preparo de marmitas que serão distribuídas para pessoas em situação de rua em Fortaleza.
- Onde: R. Farrapos, 1130 - Jardim Das Oliveiras
- Quanto: a partir de R$ 2,50
- Instagram: @neurilene.confeitaria
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Números (de outubro de 2018 a março de 2023)
- 27.601 participantes (de quase 80 mil inscritos)
- 985 ações realizadas, entre cursos básicos, profissionalizantes, Laboratório de Criação e Cozinhas Sociais
- 187.770 refeições distribuídas a partir das cozinhas sociais
- 111 municípios cearenses contemplados
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
É possível acompanhar os cronogramas de cursos e outras ações da Escola de Gastronomia Social por meio do site da instituição (gastronomiasocial.org.br). No endereço, são disponibilizadas informações sobre atividades e sobre a trajetória da escola.
- Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 9 horas às 17 horas
- Onde: R. Manuel Dias Branco, 80 - Cais do Porto
- Contatos: ascom.gastronomiasocial@idm.org.br, (85) 3263.4596 e @escolagastronomiasocial
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