Morre Olga Paiva, referência em patrimônio cultural, aos 78 anos
Pesquisadora, filósofa, ex-gestora do Theatro José de Alencar e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará, Olga Paiva faleceu na noite da última segunda, 2Morreu na noite da segunda-feira, 2, aos 78 anos, a pesquisadora, filósofa, antropóloga, curadora e referência em patrimônio cultural Olga Gomes de Paiva. Ela vinha há alguns anos lidando com a Doença de Parkinson e estava internada por complicações da doença. O velório acontece a partir das 13h30min na capela do cemitério São João Batista e o sepultamento ocorre às 16 horas.
Um dos nomes centrais para a construção das ações e pensamentos acerca dos patrimônios culturais materiais e imateriais no Estado, Olga teve atuação relevante como gestora. A pesquisadora foi diretora do Theatro José de Alencar em 1993 e também superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará.
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Além da ação cultural, Olga também se destacou em frentes diversas de lutas como a favor da manutenção da Praça Portugal, do Parque do Cocó e da elaboração do Plano Estadual de Cultura do Ceará.
A Secretaria da Cultura do Ceará descreveu Olga em nota como "militante aguerrida, pesquisadora cuidadosa, defensora das Políticas Culturais e Afirmativas", destacando-a como "amante da arte" e "guerreira da luta pela salvaguarda da Cultura". Já a Secretaria da Cultura de Fortaleza ressaltou que ela foi "fundamental para a construção de ações em prol dos patrimônios culturais materiais e imateriais".
João Alfredo — professor, advogado, ex-deputado e atual superintendente do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) — homenageou Olga nas redes sociais, descrevendo-a como "pesquisadora-militante" e "amante da arte, da cultura e da memória".
"Olga foi uma das mulheres mais inteligentes que conheci. Conversar com ela era um deleite; seja pelo vasto conhecimento de temas tão amplos e interessantes - patrimônio histórico, povos indígenas, urbanismo, teologia da libertação, artes plásticas - seja pelo seu humor refinado, suas tiradas irônicas, seu profundo desprezo à ignorância rasteira de nossas 'elites'", escreveu.
A bailarina Silvia Moura também se pronunciou sobre a perda. "Como era bom saber suas opiniões nas muitas lutas por nossa cultura, por nossa memória, por nossa cidade. Grata por tudo, por todos os ensinamentos, por seu exemplo de vida", homenageou.
Diêgo Di Paula, artista, turismólogo e criador do projeto de história e memória Acervo Mucuripe, escreveu nas redes sociais: "Olga faleceu e junto falece um pedaço de nós. O Ceará perde uma grande pesquisadora do patrimônio histórico, artístico e nacional". Ele ressaltou, ainda, a pesquisadora como uma referência na "compreensão histórica e social" do Grande Mucuripe.
O cineasta Nirton Venâncio, creditando Olga como "uma das maiores intelectuais brasileiras", lembrou a participação da pesquisadora no ainda inédito documentário "Pessoal do Ceará - Lado A Lado B", dirigido por ele.
O ator, diretor e apresentador Ricardo Guilherme anunciou que entrevista de Olga feita em 2009 será reapresentada na TVC em homenagem à pesquisadora. A exibição está marcada para a próxima sexta-feira, 6, às 22 horas, com reapresentação no sábado, 7, às 18 horas.